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Mesas de Debates marcam o terceiro dia do Interconexões em Brasília
Interconexões é uma parceria entre o Decanato de Extensão da Universidade de Brasília (UnB) e a Fundação Cultural Palmares idealizado para oferecer aos alunos da universidade e à sociedade uma experiência de integração social. O mês em que se comemora os 29 anos da Fundação Palmares foi escolhido para reunir no campus universitário movimentos sociais, líderes comunitários e produtores culturais em uma programação com temática que discute questões raciais.
Quarta-feira foi o terceiro dia do Interconexões e dois eventos aconteceram: Representação de Mulheres Negras no Cinema e em seguida, Literatura Negra Contemporânea. Ambos foram no formato de mesa de debate.
No primeiro foi convidada a escritora e cinegrafista Urânia Munzanzu e Ceiça Ferreira, professora e doutora em Comunicação, cujo tema da sua tese de doutorado foi Mulheres negras e (invisibilidade): imaginários sobre a intersecção de raça e gênero no cinema brasileiro (1999- 2009).
Ceiça discorreu sobre a presença da mulher negra no cinema e como a experiência histórica da escravização influenciou o imaginário cultural. Falou sobre os tipos de papéis que hoje são destinados nos roteiros às mulheres negras e especificou o de empregada doméstica.
Relatou que é perceptível a questão da desumanização da empregada doméstica como personagem quando é interpretada por uma atriz negra. Em contrapartida, nos filmes brasileiros em que a protagonista é uma empregada doméstica os papéis são direcionados às atrizes brancas. Excetuou o filme Bendito Fruto, dirigido por Sérgio Goldenberg, que propõe um olhar diferenciado sobre o tipo de abordagem. A professora disse ainda que “cinema de curta-metragem é um espaço em que as mulheres negras estão construindo sua própria narrativa, buscando outra forma de visibilidade.”
Ao final da tarde ocorreu o evento Literatura Negra Contemporânea. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, esteve presente compondo a mesa de debate juntamente com Cristiane Sobral, Calila Mercês, Custódia Wolney que representava os ganhadores do Prêmio Oliveira Silveira.
A respeito da contribuição para a Literatura Negra o presidente Erivaldo afirmou que sabe qual é a dificuldade do escritor e escritora negra e por isso a Palmares está fazendo o Conselho Editorial. “Nós queremos fazer a história lançar livros sobre os orixás porque a criança estuda a religião dela e a gente não tem as histórias do nossos orixás contada. Nós queremos contar a história de cada comunidade quilombola, não só na literatura, mas também em filmes”, disse.
Em sua fala, Cristiane Sobral defendeu os vários conceitos de literatura negra explicando que pode ser encontrada como literatura negra contemporânea, literatura afro-brasileira, literatura afrodescendente e tantas outras denominações. Contudo, independente de nomenclatura o espaço de produção tem como protagonista o autor negro e as temáticas que são a ele caras. Demonstrou sua gratidão em participar da mesa de debate devido à importância e simbologia da ocasião.