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Matéria Especial: Aniversário da Fundação
Após mais de três décadas de subordinação a um projeto político-revolucionário, a Palmares é devolvida ao cidadão brasileiro.
Neste mês de agosto de 2021, mais exatamente no dia 22, a Fundação Cultural Palmares (FCP) completará 33 anos de existência. É uma data que, se não pode passar sem registro, infelizmente não pode ser chamada de data comemorativa em toda sua extensão cronológica. Entretanto, o cidadão pagador de impostos, que é o verdadeiro dono da Palmares, tem o direito de ser informado como seu dinheiro era utilizado.
Criada em 22 de agosto de 1988 pela Lei Federal nº 7.668, a Palmares surge com a Missão Institucional de “promover”, “proteger”, “divulgar” e “arquivar” a cultura de temática negra, bem como ações que a envolva. No mesmo ano, também é promulgada a nossa atual Constituição Federal, a qual registra em seu artigo 215 que o “Estado protegerá as manifestações das culturas populares”, incluindo a “afro-brasileira”.
De gueto a nacionalmente conhecida
Desse modo, a Palmares nasceu dentro de um claro espírito de tutela de uma cultura negra que, afinal, pertence a todos os brasileiros, miscigenados que somos. O resultado prático dessa mentalidade tutelar foi a transformação da Palmares em um gueto marxista, o qual vivia para suas ações de militância e para si próprio, sem contato direto com a sociedade brasileira.
A maior prova desse estado de coisas é o fato de que a Palmares era absolutamente desconhecida no Brasil. Nem os próprios negros sabiam de sua existência e tampouco eram alcançados por suas ações culturais e políticas, as quais ficavam circunscritas ao movimento negro e aos eventos dos partidos de esquerda. A Palmares só saiu do anonimato e ganhou projeção nacional quando o atual presidente da Fundação, Sérgio Camargo, assumiu a cadeira nos fins de 2019.
De aluguel superfaturado para sede própria
A colocação da Palmares em destaque nacional se deveu a uma furiosa reação da esquerda contra o projeto de Sérgio Camargo de transformar a Palmares em uma entidade livre e eficiente. Este foi seu primeiro grande feito. O segundo feito, mas não menos importante, foi o da retirada da Palmares de um prédio cujo aluguel e condomínio, segundo laudo da Caixa Econômica Federal, eram quase quatro vezes acima do valor de mercado, configurando-se em um superfaturamento que consumia parte expressiva do orçamento da instituição. Com a iniciativa de mudança para um prédio da União, com promessa de cessão futura para a Palmares ter sua primeira sede própria, o presidente da Palmares gerou uma economia anual de aproximadamente quatro milhões de reais aos cofres públicos.
A reforma da nova sede
O terceiro grande feito da gestão de Sérgio Camargo já está em andamento. É a reforma da nova sede da Palmares, a qual já está na primeira fase de sua execução, com um engenheiro e um arquiteto contratados já finalizando os projetos. A fase propriamente dita da reforma iniciar-se-á em novembro deste ano. Ao fim da reforma, a Palmares terá um prédio de seis andares para comportar todas as suas áreas com uma estrutura especialmente projetada para atender as particularidades de cada uma.
Centro de estudos Machado de Assis
A reforma contemplará a construção do CEMA – Centro de Estudos Machado de Assis, que abrigará o acervo bibliográfico da Fundação, e também terá espaços de convivência, leitura e exposição. A Fundação também contará com um auditório e com salas multiuso para atividades culturais, pedagógicas e de capacitação.
Um acervo estacionado nos anos 1970
Outra importante realização da atual gestão foi o levantamento temático do acervo bibliográfico da Fundação. Havia a narrativa de ser “um valioso acervo cultural”. Com a abertura das caixas de livros, muitas delas fechadas há mais de 10 anos, o que se encontrou-se foi um acervo defasado e estacionado nos anos 1970, com poucos títulos dos anos 1980 e 1990, e absolutamente nenhuma das últimas décadas, expondo claramente o total desinteresse da Fundação em atualizar seu acervo. Também foi constatado que parte do acervo é de cunho marxista e militante, desviando-se completamente da Missão Institucional da Fundação.
Nova identidade visual
Para representar uma Palmares voltada a todos os brasileiros, nada mais correto e coerente do que uma identidade visual sem sectarismos. Essa mudança começara pelo logotipo da Fundação. Atualmente, ele é composto por dois martelos de xangô estilizados. O edital para escolha da logomarca já foi lançado, e determina que a arte deverá conter apenas formas e cores que remetam única e exclusivamente à nação brasileira.
Novo Edital N°1/2021
Visando readmitir Comunidades Remanescentes de Quilombo e Povos de Terreiro em atividades empreendedores, a Fundação Palmares lançou o Edital N°1/2021. Tudo isso pensando em realocá-los no mercado de trabalho e auxiliando-os a tornarem-se participantes ativos da economia criativa e cultural. Dando uma visão otimista em meio a determinações adotadas pelo distanciamento social, causada pela Covid-19.
Chegando ao século 21
Após três décadas vivendo no passado, a Fundação Cultural Palmares está entrando no século 21: seu acervo será ampliado com obras atuais; sua estrutura não mais servirá à militância, mas ao cidadão brasileiro; e sua sede não será mais objeto de superfaturamento, mas de abrigo da cultura negra em toda a sua amplitude e dignidade, sem reduções e sem vitimismo.
Fundação Cultural Palmares.