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Mapeamento dos Terreiros do DF é apresentado em Brasília
Uma grande celebração da religiosidade e da cultura afro-brasileiras marcou o lançamento do Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal, na manhã desta quinta-feira (3), no Museu da República, em Brasília. O Mapeamento é resultado de uma parceria da Fundação Cultural Palmares (FCP), instituição vinculada ao Ministério da Cultura (MinC), e da Universidade de Brasília. Já o evento contou com a parceria com a Secretaria de Cultura do DF.
Antes mesmo de a cerimônia ter início, os grupos afro Obará e Asé Dudu receberam o público com performances de canto, dança, música e capoeira. Outro belo momento aconteceu quando baianas desceram a rampa do Museu para realizar uma lavagem simbólica no espaço.
O responsável pela pesquisa, o professor Rafael Sanzio, da UnB, abriu a cerimônia apresentando o Mapeamento dos Terreiros. “Esta iniciativa é para sermos visíveis. Este Mapeamento não pertence a nós e às autoridades e sim a vocês, representantes dos povos de terreiro”, destacou Sanzio. Em seguida, o professor mostrou um vídeo falando sobre a importância do estudo para combater a intolerância religiosa e gerar políticas públicas a estes espaços.
Na sequência, formou-se a mesa do evento. Além de Rafael Sanzio, compuseram a roda de conversa o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira; o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg; a deputada federal Erika Kokay, cuja emenda possibilitou a realização da pesquisa; o deputado distrital Ricardo Vale; a chefe de Gabinete do Ministério da Cultura, Cláudia Pedrozo; o decano de Assuntos Comunitários da UnB, André Luiz Teixeira; o presidente da Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e do Entorno, Rafael Moreira; e a religiosa Elvira de Oxum. A solenidade também teve presença do secretário especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Juvenal Araújo Júnior.
Para o governador Rollemberg, o mapeamento será importante para evitar ataques a terreiros como os que já ocorreram no passado. “É fundamental que o poder público saiba onde estão os terreiros para promover a segurança deles”, afirmou.
A deputada Érika Kokay afirmou que os terreiros são espaços de resistência da cultura afro-brasileira e ressaltou a importância de se expandir o mapeamento para os municípios de Goiás que compõem a região do Entorno do DF. “Por causa da intolerância e do racismo, muitos religiosos se mudaram de Brasília para cidades próximas”, observou. Segundo Érika, os terreiros possuem enorme potencial para gerar renda às comunidades, por conta de atividade culturais desenvolvidas, e para preservar as tradições afro.
A chefe de Gabinete do MinC, Cláudia Pedrozo, ponderou que o Mapeamento dos Terreiros é mais um passo rumo à documentação e ao atendimento das demandas da cultura afro-brasileira. “Quanto maior a visibilidade destas manifestações, melhor será o trabalho de preservação delas”, comentou Cláudia.
Erivaldo Oliveira lembrou da importância histórica dos terreiros, inclusive em momentos críticos da história do Brasil, no período da Ditadura Militar, quando estes centros religiosos abrigaram opositores ao regime opressor. Erivaldo assinalou que o Mapeamento dos Terreiros representa um começo para que estes espaços tenham acesso a políticas públicas. “Agora que sabemos quem somos e onde estamos, queremos das autoridades policiamento, saúde, regularização fundiária, isenções tributárias como as que beneficiam outras crenças e que os terreiros se tornem pontos de cultura. Nossa religião não existe para se esconder. Precisamos sair dos guetos e nos mostrar. Esta luta não tem fim”, afirmou Erivaldo Oliveira.
No evento, o presidente da Fundação Palmares e a secretária substituta de Cultura do Distrito Federal, Nanã Catalão, assinaram um termo de cooperação. A ideia é que a Palmares e o Governo do Distrito Federal (GDF) desenvolvam uma série de ações para valorizar e divulgar a cultura afro-brasileira.
A cerimônia encerrou com uma apresentação da cantora Dhi Ribeiro, participante da edição de 2017 do programa The Voice Brasil, da Rede Globo. Ela apresentou alguns clássicos do samba, como Canto das Três Raças, sucesso de Clara Nunes na década de 70, levando a plateia ao delírio.