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Mano Brown, considerado a voz da periferia, completa 54 anos nesta segunda-feira, 22 de abril
O influente rapper brasileiro, Pedro Paulo Soares Pereira, conhecido artisticamente como Mano Brown, completa 54 anos nesta segunda-feira, 22 de abril. Reconhecido por seu talento, Brown tem um legado marcante, que transcende a música, proporcionando uma nova perspectiva sobre a existência, ação e arte de reflexão para a sociedade.
Mano Brown ocupa um lugar de destaque no cenário do rap brasileiro, estabelecendo um estilo único dentro do gênero. Na comunidade hip-hop, é reverenciado como herói, professor, agente transformador e crítico da expressão favelada, além de ser considerado um dos maiores intelectuais periféricos de todos os tempos.
Suas letras retratam vividamente o cotidiano da população negra, especialmente dos moradores das periferias, incorporando gírias, moda e cultura. Ao completar 54 anos, Mano Brown reafirma seu papel como porta-voz das periferias e símbolo de resistência.
Trajetória
Nascido em São Paulo, no dia 22 de abril de 1970, Mano Brown cresceu na periferia da zona sul, no Capão Redondo, sendo criado por sua mãe, Ana Soares. Desde os anos 80, destacou-se nas rodas de samba, onde sua habilidade musical e inspiração no funk norte-americano lhe renderam o apelido que o acompanha até hoje, sendo comparado a James Brown.
Sua jornada artística começou cedo, com a composição da música "Terror da Vizinhança", aos 17 anos. Embora essa primeira incursão não tenha sido gravada, sua presença nos encontros de rap no Metrô São Bento, junto ao rapper Thaíde, marcou seu ingresso no universo musical.
Posteriormente, formou a dupla de rap BB Boys com o amigo de infância Ice Blue. Suas letras sinceras refletiam a realidade das periferias, abordando questões sociais e raciais de forma contundente. No final dos anos 80, juntou-se a Edi Rock e KL Jay para fundar os Racionais MC's.
Racionais MC's
O grupo, inspirado pelo disco "Tim Maia Racional", surgiu no final da década de 1980, composto por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay. Sua música, enraizada na cultura brasileira, rapidamente se tornou um fenômeno, alcançando o topo das paradas e dando voz às demandas populares e aos movimentos de transformação social.
Em 1988, o grupo lançou seu primeiro disco, "Holocausto Urbano", através do selo Zimbabwe Records. Suas letras contundentes denunciavam o racismo, a miséria e a violência nas periferias de São Paulo, conquistando reconhecimento dentro da cena rap local.
Ao longo dos anos 90, os Racionais MC's expandiram sua atuação, realizando palestras em escolas e participando de eventos importantes, como a abertura do show do lendário Public Enemy.
O lançamento do álbum "Sobrevivendo no Inferno" em 1997 foi um marco na carreira do grupo, vendendo meio milhão de cópias e ampliando sua influência para além das fronteiras da periferia paulistana.
Em 2002, o grupo lançou “Nada Como um Dia Após o Outro Dia”, disco duplo que, assim como seu antecessor, foi bem recebido pela crítica. Dez anos depois, o grupo lançou a música Mil Faces de um Homem Leal, composta para o documentário sobre a vida do guerrilheiro Carlos Marighella.
Ainda naquele ano, eles participaram do MTV Vídeo Music Brasil, tendo feito o show de encerramento do evento. Comemorando 25 anos de carreira, o grupo realizou uma turnê por várias cidades do Brasil.
A turnê foi produzida pela produtora oficial do grupo, a Boogie Naipe, e foi premiada como a melhor do ano pelo Super Júri do Prêmio Multishow de 2014, ainda no mesmo ano, o grupo lançou o sexto álbum de estúdio Cores & Valores, o primeiro com músicas inéditas em 12 anos, e também o primeiro a ter influência do gênero trap.
Em 2018, a banda ganhou destaque por ter seu álbum Sobrevivendo No Inferno, selecionado como material para o vestibular de 2020. Em 2019 o grupo comemorou 30 anos de carreira. No ano de 2022, os Racionais participaram pela primeira vez do festival Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo.
O Papel do Rapper junto ao seu Público
1. Valorização dos afrodescendentes, desafiando estigmas associados à violência e marginalidade.
2. Denúncia das situações de exclusão econômica, educacional e racial enfrentadas por essas comunidades.
3. Incentivo e engajamento na luta pelos direitos negados aos afrodescendentes.
4. Utilização das experiências e sentimentos da periferia para fortalecer o orgulho ancestral e comunitário.
5. Educação da população urbana periférica através de símbolos e linguagem acessível, promovendo inclusão e conscientização.
Em 2013, a obra "Racionais: Arte e Intelectualidade Periférica" da autora Marília Gessa recebeu reconhecimento da Fundação Cultural Palmares e do Ministério da Cultura (MINC), destacando a importância do grupo na cena do rap nacional e sua influência duradoura em várias gerações de artistas. Suas letras continuam a ecoar, denunciando injustiças e inspirando resistência nas comunidades marginalizadas.