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LUTO na cultura afro-brasileira
É com tristeza e pesar que a presidenta da Fundação Cultural Palmares, Cida Abreu, recebeu a notícia do falecimento do professor, escritor, jornalista e historiador Joel Rufino, na tarde desta sexta-feira (4). Rufino foi presidente da Fundação Palmares entre 1994 e 1996. Além do seu legado, deixa órfão a cultura afro-brasileira, a viúva Teresa Garbayo; os filhos Nelson e Juliana; e os netos, Eduardo, Raphael, Isabel e Victoria. Ainda não há informações sobre o velório e funeral.
Filho de pernambucanos, Joel Rufino dos Santos, nasceu em 1941 em Cascadura, subúrbio carioca. Desde criança se encantava com as histórias que a sua avó Maria lhe contava e as passagens da Bíblia que ouvia. Junto com os gibis, que lia escondido de sua mãe, esse foi o tripé da paixão literária do futuro fazedor de histórias. Seu pai também teve um papel nessa formação, presenteando-o com livros que Joel guardava em um caixote.
Ainda jovem, mudou-se com a família para o bairro da Glória e pouco depois entrou para o curso de História da antiga Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, onde começou a sua carreira de professor, dando aula no cursinho pré-vestibular do grêmio da Faculdade.
Convidado pelo historiador Nelson Werneck Sodré, para ser seu assistente no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), lá conviveu com grandes pensadores, e foi um dos co-autores da História Nova do Brasil, um marco da historiografia brasileira.
Com o golpe de 1964, Joel, por sua militância política, precisou sair do Brasil, asilando-se na Bolívia, depois no Chile. Com o exílio, não só interrompeu a sua vida acadêmica, como também não participou do nascimento do seu primeiro filho, que se chama Nelson em homenagem ao seu mestre e amigo.
Voltando ao Brasil, viveu semi-clandestino, e foi preso três vezes. Na última, cumpriu pena no Presídio do Hipódromo (1972-1974). As cartas, muitas, que escreveu para Nelson, foram, mais tarde, publicadas no livro “Quando eu voltei, tive uma surpresa”, considerado o melhor do ano (2000) para jovens leitores.
Com a aprovação da Lei da Anistia, foi reintegrado ao Ministério da Educação e convidado a dar aulas na graduação da Faculdade de Letras e posteriormente na pós-graduação da Escola de Comunicação, UFRJ. Obteve, da Universidade, os títulos de “Notório Saber e Alta Qualificação em História” e “Doutor em Comunicação e Cultura”. Recebeu também, do Ministério da Cultura, a comenda da Ordem do Rio Branco, por seu trabalho pela cultura brasileira.
Escreveu inúmeros livros para crianças, jovens e adultos. Ficção e não ficção. Ensaios, artigos, participação em coletâneas. Recebeu, como autor de livros para crianças e jovens, vários prêmios, tendo sido finalista do Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infanto-juvenil.
Pesquisador do Instituto de Estudos da Religião (ISER)
Diretor do Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro.
Presidente da Fundação Cultural Palmares (MINC).
Membro do Conselho da Secretaria estadual de Cultura –
Superintendente de Cultura da Secretaria estadual de Cultura
Subsecretário da Secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos.
Diretor de Comunicação Social do Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional do Trabalho
Representante do Brasil no Comitê Científico Internacional da UNESCO para o Programa “Rota dos Escravos “.
Consultor brasileiro do Programa Escolas Associadas, da UNESCO.
Membro da Comissão de Comunicação Institucional do Tribunal de Justiça.
Autor foi premiado por obras como ‘Uma Estranha Aventura em Talalai’.
Baile Charme do TJ, idealizado por Rufino, anima o Centro do Rio
Rufino ganhou o Prêmio Jabuti em 1979 e em 2008 (com as obras “Uma Estranha Aventura em Talalai” e “”O Barbeiro e o judeu da prestação contra o Sargento da Motocicleta”, respectivamente).