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Lugares de memória do tráfico transatlântico de escravizados: Ilha de Goreé
O tráfico e o comércio de africanos escravizados deram origem a diversos lugares de memória, lugares estes cujas marcas evocam as difíceis condições da travessia e o duro cotidiano nos engenhos e senzalas. No entanto, evocam também que o povo negro, “povo que viu a crueldade bem de frente e chegou sobrevivente no navio, se ergueu além da dor e, ainda, produziu milagres de fé no extremo ocidente” como diz Caetano Veloso. Diante disso e para comemorar os 30 anos da Fundação Cultural Palmares e rememorar o dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravizados e sua Abolição, que se dá no dia 23 de agosto. A FCP publicará uma série com lugares de memória do tráfico transatlântico de escravizados no Brasil, na África e no Caribe e convida para o ciclo de palestras e para as demais atividades alusivas aos 30 anos da Fundação.
A Ilha de Gorée foi, até o século XIX, um entreposto para embarque de africanos escravizados trazidos da costa ocidental do continente, sobretudo da região da Senegâmbia, com destino à América. Por marcar parte dessa terrível história, foi classificada como patrimônio da humanidade pela UNESCO, em 1978. A ilha está situada a 3 km da costa de Dakar, capital do Senegal e mantém como símbolo e memória da escravidão na África a ‘‘Casa dos Escravos’’ e a ‘‘Porta do Não Retorno’’. Era na ‘‘Casa dos Escravos’’, construída por volta de 1776, que os cativos eram mantidos acorrentados até o embarque para as Américas. Os escravizados, além de enfrentarem longas jornadas do interior do continente (local da captura) até a costa (local de embarque), ainda esperavam, em minúsculas celas, meses para embarcarem na longa e sofrida jornada para as Américas.
A ‘‘porta do não retorno’’ era o local de embarque e, uma vez transposta, o escravizado não mais veria a sua terra natal. Em 1962, a Casa dos Escravos, foi reconstruída e inaugurada como museu.