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Iniciativa inédita da FCP reforça cooperação entre América do Sul e África
A presidenta Dilma Rousseff destacou nesta sexta-feira (22), durante a 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo América do Sul-África (ASA), a importância do crescimento econômico nos países dos dois continentes e o passado comum entre as duas regiões. Segundo ela, o século 21 será um período de destaque para os países sul-americanos e africanos.
Segundo Dilma, será possível “reduzir a distância” entre os sul-americanos e africanos e os países em desenvolvimento. Dilma lembrou que o momento atual é diferente do passado que ligou a África às Américas por meio da escravidão. “Viva a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], a América do Sul e a África!”, disse a presidenta.
O foco das discussões durante a cúpula gira em torno do fortalecimento de mecanismos de cooperação entre a África e a América do Sul. O comércio bilateral entre as duas regiões cresceu 75% em seis anos – desde a criação do grupo – e movimentou US$ 39 bilhões em 2011, segundo o Ministério das Relações Exteriores. Somente com o Brasil, esse volume atingiu US$ 26 bilhões em 2012.
Para Daniel Brasil, coordenador da Assessoria Internacional da Fundação Cultural Palmares (FCP), a cúpula é uma oportunidade de intensificar a cooperação entre os dois continentes nas mais diversas áreas. “Além de identificar soluções para problemas em comum, essa parceria funciona para estimular o potencial estratégico de cada país e construir parcerias que permitam desde a criação de novos modelos de negócios até o resgate de valores culturais que podem estar se perdendo”, afirma.
No que se refere à cultura, o Brasil iniciou ainda em 2012 uma iniciativa inédita: o edital Conexão-Brasil África. Baseado no Protocolo de Intenções assinado entre a Fundação Palmares e a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), o edital apoiará projetos para aproveitar o potencial estratégico da diversidade cultural de base africana e afrodescendente que devem apoiar processos de desenvolvimento de países africanos, latino-americanos e caribenhos, por meio da cooperação internacional com órgãos de governo e organizações da sociedade civil.
Lançado em 18 de julho de 2012, o edital recebeu 75 propostas de projetos de organizações da sociedade civil e órgãos de governo de cooperação técnica internacional na área da economia criativa voltada à cultura africana e afrodescendente. Segundo Brasil, “o grande número de propostas recebidas confirma o entendimento de que há uma demanda reprimida no que se refere à cooperação internacional na área da cultura africana e afrodescendente”.
Ainda segundo Daniel, os projetos apresentados atenderam amplamente ao foco principal do edital. “Tivemos propostas que propunham o intercâmbio de experiências entre indústrias criativas do audiovisual e multimídia, gestão do patrimônio cultural, desenvolvimento local, segurança alimentar e práticas culturais tradicionais, além de intercâmbio musicológico e museológico, turismo cultural e formação profissional”, explicou.
As propostas selecionadas serão divulgadas em 1º de março.
A Cúpula – A ASA surgiu durante o governo Lula, em 2006, do desejo e do interesse das duas regiões em construírem novos paradigmas para a cooperação Sul-Sul, para a construção de uma ordem mundial mais multipolar e democrática. Ela foi formalizada durante a 1ª Cúpula América do Sul-África, realizada em Abuja, na Nigéria. O evento resultou na Declaração de Abuja, no Plano de Ação e na resolução de criação do Fórum de Cooperação América do Sul-África (Asacof). Um novo encontro foi realizado em 2009, na Venezuela.
Hoje o Brasil, a Venezuela, o Equador, a Nigéria, a Guiné Equatorial e uma comissão da União Africana formam o grupo de coordenação da cúpula.
Fonte: Agência Brasil