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Inaugurado no Rio de Janeiro Ponto de cultura para afro-descendentes
A Fundação Cultural Palmares inaugurou, com a parceria do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculo de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (Sated-RJ), o Centro Cultural Dercy Gonçalves e o apoio do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro (Cidan), o mais novo ponto de cultura do Rio de Janeiro.
Mais de cem jovens afro-descendentes, entre 18 e 25 anos, vão aprender técnicas de Câmera, Edição, Produção e Interpretação para TV. Essa oportunidade veio em forma de esperança para muitos jovens presentes na inauguração do Ponto de Cultura. E foi assim que se expressou Felipe Feder, 22, que conquistou uma vaga no curso de Interpretação para TV. Para ele, essa foi uma oportunidade ímpar, pois vai lhe permitir avançar na sua perspectiva de ser ator. Essa chance ele viu em um cartaz divulgado pela Fundação Cultural Palmares afixado no Teatro Martins Pena. “Essa é uma oportunidade para quem realmente precisa, pois todos os cursos desta área são muitos caros; não existe nenhum que não seja pago”, disse ele, triunfante pela vaga conquistada.
O clima era de que ali estava se deslumbrando um mundo melhor, em que o foco era a persistência que se deve ter em busca dos sonhos. E aqueles futuros profissionais, ali, de olhos brilhantes, sabiam, mais do que ninguém, que ter persistência e continuar sonhando é o caminho para a verdadeira realidade democrática.
Jorge Coutinho, presidente do Sated-RJ, percebeu claramente isso. “Este é o toque de um tambor que vai repercutir por todo o Brasil, para ajudar na conscientização, que vai melhorar o país pela cultura”, exaltou. Para ele, este é um lindo projeto que pode transformar a história dos afro-descendentes, dando-lhes a visibilidade necessária.
Também bastante feliz estava o ator Stepan Nercesian, diretor do Centro Dercy Gonçalves. “É um momento de felicidade por saber que uma luta de anos rendeu frutos”, disse ele, ressaltando que a profissão de ator é ser útil à vida das pessoas. “Tenho fé de que em breve não precisemos mais de cotas. Hoje, porém, ainda é preciso, pois as oportunidades têm que feitas na luta. Infelizmente, temos uma sociedade repartida.
Nercesian manifestou sua satisfação com o papel desempenhado pela Fundação Cultural Palmares. Segundo ele, a Fundação ampliou as possibilidades para jovens negros do Rio de Janeiro, cidade emblemática, pois “aqui é muito forte a associação do negro com as questões negativas. É preciso romper isso.”
Ao incentivar os jovens aos seus compromissos, ele argumentou que a nota deve ser uma só: “Somos todos absolutamente iguais”.
Ademir Ferreira, presidente do Cidan, também cobrou o compromisso dos estudantes e clamou-os ao estudo, à leitura. “Não pode deixar de sonhar, mas tem que trabalhar para essa realidade; se não tiver cultura, vocês não serão bons profissionais”.
Em nome da Fundação Cultural Palmares, falaram Antonio Pompeu e Yalê Garcia. Ambos ressaltaram o compromisso da Fundação com as políticas públicas do governo e falaram dos esforços que todos têm que ter para esses eventos continuarem a acontecer e, assim, proporcionar mais oportunidades a outros jovens.
Pompeu demonstrou sua alegria de estar trabalhando na FCP e podendo, assim, contribuir com a luta para oferecer oportunidades a jovens afro-descendentes para que eles possam criar caminhos possíveis e conquistar novos espaços em suas trajetórias.
Os pontos de cultura fazem parte do Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura, e representam um programa de inclusão social, de geração de emprego, voltados para a juventude, rural e urbana, e têm a cultura como ponto de partida.