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III FESTIVAL MUNDIAL DAS ARTES NEGRAS: Brasil é convidado de honra!
Por Joceline Gomes
Já começou a grande celebração internacional à cultura negra. O III Festival Mundial das Artes Negras apresenta a visão de uma África livre, criativa e otimista. O Brasil é o convidado de honra desta edição, e a delegação brasileira, a maior de todo o Festival, é representada por 362 personalidades, entre artistas, cineastas, grupos de música, de dança e intelectuais. A organização da delegação brasileira é de responsabilidade do Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares; do Ministério das Relações Exteriores, por meio de seu Departamento Cultural e da Embaixada do Brasil no Senegal; e da Secretaria Especial de Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Símbolo do diálogo entre os povos e as culturas da Diáspora Africana, o III Festival Mundial das Artes Negras acontece de 10 a 31 de dezembro no Senegal. A primeira edição, realizada em 1966 em Dakar, capital senegalesa, deu grande visibilidade aos anos de reconquista da dignidade dos povos negros em terras africanas, devolvidas há pouco tempo aos habitantes do continente. A segunda edição, realizada em 1977, foi organizada pela Nigéria. Após 33 anos, o Festival volta fortalecido e reúne centenas de grandes artistas, intelectuais e autoridades para discutir e celebrar a cultura negra.
DELEGAÇÃO BRASILEIRA – O Brasil é a nação com o maior número de negros ou mestiços do mundo, perdendo apenas para a Nigéria. São cerca de 90 milhões de habitantes negros ou afrodescendentes, o que transforma o território nacional em um grande símbolo da diversidade cultural. No dia 17 de dezembro, o País terá uma noite dedicada à exibição de suas riquezas musicais e outras manifestações artísticas.
As atrações envolvem grandes artistas e grupos, como Margareth Menezes, Olodum, Rita Ribeiro, Ilê Aiyê, Sandra de Sá, Rappin´ Hood, Nilze Carvalho, Mombaça, Cantos de Congo, a Escola de Samba Império Serrano, Maracatu de Baque Solto Águia Formosa, Cia dos Comuns e Grupo de Capoeira Ginga e Malícia. O cinema ganha destaque na programação brasileira, com a presença dos cineastas Jeferson De, Joel Zito Araújo, Zózimo Bulbul, Viviane Ferreira e Raquel Gerber. O fotógrafo Januário Garcia expõe suas imagens no Museu de Dakar. Espetáculos de dança e paradas populares inspiradas nos tradicionais festivais brasileiros farão vibrar as ruas senegalesas. E, para que a festa seja total, os sabores brasileiros não serão esquecidos. Restaurantes irão sugerir diversos pratos e especialidades brasileiras.
INTELECTUAIS – Além das manifestações artístico-culturais, o III Festival Mundial das Artes Negras incluiu na programação um fórum com intelectuais dos países envolvidos, que debaterão temáticas relacionadas à Renascença Africana. Idealizado e coordenado pelo escritor e vice-presidente da Assembléia Nacional do Senegal, Iba der Thiam, o encontro será encerrado pelo presidente do país, Abdoulaye Wade. O Brasil é representado por nomes como o de Conceição Evaristo, Petronilha Dias, Zelia Amador, Henrique Cunha, Rafael Sanzio, Mario Nelson, Marcelo Paixão, Kabenguele Munanga, Nilza Iraci e Eliane Borges.
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A ÁFRICA
Belezas naturais e grande diversidade artística, cultural, étnica e geográfica. Estas são duas das principais características da África, onde será realizado o III Festival Mundial das Artes Negras. Terceiro continente mais extenso do mundo (atrás da Ásia e das Américas), possui cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta.
Com cerca de 900 milhões de pessoas, distribuídas por 54 países, é o segundo continente mais populoso da Terra (só perde para a Ásia), representando cerca de um sétimo da população do mundo. Considerada o “berço da humanidade” abrigou uma das civilizações mais antigas do globo: os egípcios, que formaram um poderoso “império” há 4 mil anos. Toda essa riqueza cultural e natural torna a África um território muito particular.
O continente africano vem a ser o resultado de séculos de ocupação e influência das mais diferentes culturas do mundo, no qual tribos africanas milenares dividem espaço com a modernidade dos arranha-céus distribuídos pelos grandes centros urbanos. É essa diversidade e riqueza cultural que poderá ser conferida no período do Festival, que contará com artistas africanos e da Diáspora.
O SENEGAL
País que sediará o III Festival Mundial das Artes Negras, o Senegal tem uma grande variedade de grupos étnicos. Os wolof representam 43% da população, seguidos pelos fulani (24%), serer (15%), jola (4%) e mandingos (3%), junto a outras pequenas comunidades. Cerca de 50 mil europeus, majoritariamente franceses, residem no país, junto com uma minoria libanesa. O francês é a língua oficial, mas só é utilizada de forma constante por uma minoria.
A grande maioria dos senegaleses (94%) é mulçumana. Os animistas representam apenas um 1% da população nacional. A capital, Dakar, com seus mais de 2 milhões de habitantes, receberá a maior parte dos eventos do Festival. Locais tradicionais (como a Praça do Obelisco, onde acontecerá a noite em homenagem ao Brasil) e outros mais irreverentes (como a estação de trem de Dakar, que receberá um desfile de moda) compõem o caleidoscópio territorial da grandes festa da cultura negra!.
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1 O animismo é a religião mais antiga da humanidade, sendo baseada no princípio de que a alma é, simultaneamente, princípio de vida orgânica e psíquica.