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Iemanjá: a matriarca espiritual das águas
De acordo com as crenças religiosas africanas, no dia 02 de fevereiro é comemorado o dia de Yemanjá, Odoyá, popularmente conhecida pelos brasileiros como Iemanjá, a orixá da religião Yorubá que significa “Rainha das águas, mares e oceanos”. Iemanjá se tornou uma figura proeminente na cultura brasileira, especialmente nas religiões Afro-brasileiras, como o Candomblé e Umbanda.
O culto a Orixá Iemanjá, embora enraizado em tradições históricas, continua a evoluir e a se adaptar aos contextos sociais e espirituais contemporâneos. Ela é um símbolo de força feminina, proteção e generosidade, atributos a uma sociedade cada vez mais consciente da importância do matriarcado, da sustentabilidade ambiental e da inclusão social.
A figura de Iemanjá transcende os limites religiosos, incorporando-se à arte, à música e à literatura, onde é frequentemente retratada como um símbolo de resistência. Trazendo para a cultura nacional, a orixá, símbolo que enaltece praias palcos de devoção e alegria, onde devotos de todas as idades e origens se reúnem para ofertar flores, espelhos, perfumes e pequenos barcos, simbolizando a entrega de seus pedidos e agradecimentos à Rainha do Mar. Este ritual, além de sua beleza estética, é um poderoso ato de fé e renovação espiritual, marcando o início de um novo ciclo.
Trajetória
A trajetória do Orixá Iemanjá, da África para as Américas, é um testemunho da resistência e da resiliência cultural dos povos africanos escravizados. Originalmente cultuada pelos Yorubá, uma das maiores etnias da África Ocidental, Iemanjá era considerada a mãe dos Orixás, divindades que regem os elementos da natureza e aspectos da existência humana. Incorporada à diáspora africana, seus filhos trazem consigo essa rica união da religião de matriz africana com elementos do catolicismo.
No Brasil, Iemanjá foi associada a figuras católicas como Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Nossa Senhora dos Navegantes, uma estratégia de sobrevivência espiritual que permitiu a continuidade de sua adoração. Essa conexão reflete as inúmeras manifestações das identidades afro-brasileiras, entrelaçadas com a história e a resistência cultural.
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História de Iemanjá
A história conta que Iemanjá, filha de Olokun, o soberano dos mares, recebeu uma poção do pai para que a ajudasse a fugir de possíveis perigos. Após um tempo, Iemanjá se casa com Olofin-Oduduá, com quem teve dez filhos, que posteriormente se tornaram orixás.
Por amamentar todos os seus filhos, Iemanjá ficou com seios enormes. Ela se sentia envergonhada, principalmente após o seu marido caçoar dela por este motivo. Irritada e triste, Iemanjá resolveu largar o marido e ir atrás da felicidade.
Nesta jornada, apaixonou-se pelo rei Okerê. Para aceitar se casar com ele, Iemanjá pediu para que Okerê jamais caçoasse de seus seios enormes. Porém, após ficar bêbado, o rei começou a zombar dos seus seios, e Iemanjá fugiu.
O rei tentou persegui-la para se desculpar, mas a rainha do mar usou a poção que seu pai lhe deu para escapar do marido. A poção a transformou em um rio, que desaguava no mar. Com medo de perder a esposa, Okerê se transformou numa montanha para impedir que o rio alcançasse o mar, e Iemanjá pudesse voltar para ele.
Porém, Iemanjá pediu ajuda ao filho Xangô, que com um raio, partiu a montanha ao meio, permitindo que o rio seguisse o seu caminho. Assim, Iemanjá encontrou-se com o oceano e se tornou a rainha do mar.