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IBGE vai incluir informações quilombola no censo de 2020
As comunidades quilombolas do Brasil vão integrar a base de dados do Censo Demográfico promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020. Essa é uma iniciativa inédita, que contou com o apoio da Fundação Cultural Palmares (FCP), interessada em fortalecer a identidade desse segmento e obter informações atualizadas sobre essas comunidades.
A cada dez anos, o IBGE realiza o recenseamento, produzindo informações que atualizam o retrato do país. O recenseamento acontecerá entre os meses de agosto e outubro. Até lá, o IBGE trabalha com dados do Cadastro Geral de Informações Quilombolas realizado pela FCP. As informações servirão de base ao planejamento do instituto para a execução do Censo que vai permitir avanços inéditos, como a auto identificação da população quilombola em relação ao pertencimento étnico.
De acordo com Tiago Cantalice, coordenador de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da FCP, a inclusão dos quilombolas no censo é um passo importante à construção e execução de metodologias voltadas à proteção dessas comunidades. “Pela primeira vez, saberemos exatamente quantos são e o seu perfil no que diz respeito a gênero, faixa etária, real condição socioeconômica, entre outras informações relevantes para a formulação de políticas que venham a atender essas famílias e garantir os seus direitos constitucionais”, detalha o gestor.
Para a responsável pelo Grupo de Trabalho de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, o Cadastro terá um papel relevante. “Vai fornecer a localização dessas comunidades permitindo a agilidade e a qualidade de trabalho dos recenseadores”, explica. “Também vai nos ajudar informando qual o tipo de infraestrutura que existe nessas comunidades para planejarmos a operação censitária”, completa. A Fundação Cultural Palmares já certificou 3427 comunidades quilombolas e a expectativa é que todas elas preencham o cadastro pela internet.
Cadastro Geral de Informações Quilombolas – Trata-se de um termo de colaboração entre o IBGE e a Fundação Cultural Palmares para a realização do Censo 2020. O IBGE já vem fazendo uma primeira análise dos dados levantados pelo Cadastro. “É algo importante para podermos abordar as lideranças comunitárias, para entrarmos nesses espaços com segurança para nosso recenseador, sem nenhum tipo de mal-entendido”, explica Marta.
Nesse sentido, a Fundação mantém como recomendação que o informante seja uma liderança comunitária com o objetivo de garantir que a fonte tenha conhecimento profundo sobre a realidade da comunidade. Caso a liderança não tenha familiaridade com computadores ou smartphones, poderá solicitar auxílio para o preenchimento do formulário.
Toda a elaboração do questionário do Censo Demográfico 2020 foi feita com o auxílio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) em parceria com Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA), o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, além da FCP. A publicação dos primeiros resultados pelo IBGE, como população dos municípios, está prevista para meados de 2021. Já os resultados sobre povos e comunidades tradicionais deverão ser disponibilizados em 2022.