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Há 115 anos nascia Ataulfo Alves, grande nome do samba brasileiro
Há 115 anos, no dia 02 de maio de 1909, nascia Ataulfo Alves de Sousa, um dos maiores compositores do samba brasileiro, no município de Miraí, Minas Gerais. O Mineiro era filho de Severino de Sousa e de Matilde de Jesus, e cresceu em uma família relativamente grande, com sete irmãos.
A paixão do sambista pela música foi uma herança de seu pai, que trabalhava na lavoura e era também violeiro, sanfoneiro e repentista, conhecido em toda a região. Aos dez anos, o pai de Ataulfo veio a óbito, sendo sua família obrigada a sair às presas das terras em que moravam.
Para ajudar no sustento da casa, começou a trabalhar bem jovem, atuando como informante, engraxate, plantador de café, arroz e milho. Ataulfo estudava no Grupo Escolar Dr. Justino Pereira, mas em 1927, com dezoito anos, foi convidado pelo Dr. Afrânio Resende, para se mudar para o Rio de Janeiro, em busca de melhores oportunidades na cidade grande.
Após ler no Jornal do Brasil o anúncio de emprego de lavador de vidros em uma farmácia, Ataulfo decidiu se candidatar à vaga, pois desejava ter uma vida independente da tutela do médico de Miraí. Com curiosidade, aos poucos ele foi decifrando as receitas e aproveitando a oportunidade para aprender a manipular os remédios. Com muita dedicação, logo assumiu a responsabilidade do laboratório.
Em 1928, com 19 anos, foi promovido à função de prático de farmácia, e casou-se com Judite. No ano seguinte nasce Adélia, sua primeira filha. No mesmo ano, conhece a jovem Carmem, amiga das filhas do seu patrão, que mais tarde se tornaria a famosa cantora Carmem Miranda.
Carreira Musical
O domingo era o dia das reuniões da turma do Rio Comprido, que formara o bloco “Fale Quem Quiser”, e Ataulfo tornou-se diretor de harmonia. Em 1934, foi convidado para uma visita aos estúdios da RCA Victor, onde foi recebido pelo diretor Mr. Evans, um americano entusiasmado com a música brasileira. Ataulfo, mostrou seu talento ao cantar algumas de suas músicas com o cavaquinho
Na gravadora, encontrou Carmem Miranda que decidiu gravar uma música de Ataulfo. A escolhida foi “Tempo Perdido” que por ser uma música nostálgica não fez sucesso, mas lançou o nome de Ataulfo.
O sucesso veio, em 1935, com “Saudade do Meu Barracão”, gravada por Floriano Belham. Em seguida vieram: “Menina Que Pinta o Sete”, gravada pelo Bando da Lua.
Em 1936 surgiram “Saudade Dela”, na voz de Sílvio Caldas, a valsa “A Você”, com Carlos Galhardo, o samba “Quanta Tristeza”, também com Galhardo, cantor que se tornou o maior lançador de músicas de Ataulfo nos anos que se seguiram. Ataulfo escreveu várias músicas com diversos parceiros, mas em 1938 criou o samba “Errei, Erramos”, gravada por Orlando Silva, outro grande lançador de suas músicas.
Em 1941, Ataulfo, com poucos recursos vocais, mas afinado e com muita bossa, resolve gravar “Leva Meu Samba”, uma experiência muito bem sucedida, que resultou em um contrato com a Odeon. Em 1942, preocupado em lançar uma música para o carnaval, recorreu a Mário Lago, um músico que o ajudou a compor “Ai, Que Saudade da Amélia”.
Ataulfo criou o grupo “Academia do Samba”, para acompanhá-lo na gravação. Logo depois, com a inclusão de vozes femininas, foi transformado em “Ataulfo Alves e suas Pastoras”. Na década de 1950, participo do show “O Samba Nasce do Coração”, na boate Casablanca, na praia Vermelha. Em 1955, quando Ataulfo lançou mais um dos seus sucessos: Pois é.
Em 1961, Ataulfo participou da caravana que Humberto Teixeira organizou para divulgar a música brasileira na Europa. Levava em sua bagagem: Mulata Assanhada e Na Cadência do Samba. Em 1967 Ataulfo lançou o samba Laranja Madura, que mereceu inúmeras gravações e conquistou de imediato o público.
Em 1969, fez nova viagem ao exterior, desta vez representou o Brasil no 1.º festival Internacional de Arte Negra, realizado em Dakar, no Senegal. Ataulfo Alves faleceu no Rio de Janeiro, no dia 20 de abril de 1969, após uma cirurgia para tratar de uma úlcera no duodeno.