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Guilherme Paraense: o 1º medalhista de ouro olímpico brasileiro
Guilherme Paraense nasceu em Belém do Pará, no dia 25 de junho de 1884. Aos 5 anos de idade foi para o Rio de Janeiro, onde começou a frequentar a Escola Militar de Realengo. Entrou pra carreira militar ingressando na Escola Militar da Praia Vermelha e em 1912 foi promovido a Aspirante Oficial.
A prática de tiro era exigida no exercício de suas atividades como militar e sua tranquilidade o fazia atirar com mão firme e acertar com precisão os alvos, independente do formato que tivesse. Sua habilidade logo lhe rendeu conquistas. No final da década de 1910, Guilherme Paraense foi campeão brasileiro e também sul-americano na modalidade, tiro com revolver. Em 1914, Paraense, junto a um grupo de atiradores, fundou o Revólver Clube , no Rio de Janeiro, destinado a dar maior atenção à pratica do tiro esportivo, que vinha ganhando um número crescente de adeptos. O clube favoreceu a realização de torneios e aprimorou o desempenho de atletas dedicados à modalidade. Por seus resultados, Paraense foi convidado a compor a primeira equipe brasileira de tiro e também fez parte da primeira delegação brasileira a disputar uma edição dos Jogos Olímpicos, em Antuérpia (Bélgica).
Paraense embarcou para Antuérpia no mês de julho de 1920, com seus companheiros de equipe, numa viagem que durou 28 dias, a bordo de um navio mercante cedido pelo governo federal ( Navio Curvelo ). Uma viagem precária e com algumas dificuldades. Os atletas viajaram de 3° classe, em camarotes pequenos e sem ar, porém, apesar das precárias condições, os representantes do tiro ainda treinaram durante a viagem. Numa escala em Portugal, a equipe de atiradores decidiu seguir de trem até a Bélgica, pois o navio não chegaria a tempo do início da competição. Viajaram em um trem aberto, sob chuva e sol.
Ao chegarem em Bruxelas , parte das armas e munição da equipe foram roubadas. Afrânio Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Fernando Soledade e Guilherme Paraense chegaram ao campo de Beverloo , onde estavam concentradas as equipes de tiro esportivo. Os brasileiros tinham apenas 200 munições calibre 38, quando cada atleta precisaria de 75. Com tantas dificuldades durante a viagem, desde más condições de sono, fome, até o furto de seus armamentos, a equipe brasileira de tiro chegou aos jogos de moral baixa e não imaginava a reviravolta que aconteceria.
A delegação norte-americana jogava xadrez e depois que Afrânio deu dicas para Alfred Lane e Raymond Bracken , os novos amigos cederam parte de seu arsenal: 2 mil cartuchos e duas pistolas Colt , feitas especialmente para os competidores americanos usarem nas olimpíadas. Uma atitude de fair-play que dificilmente seria vista nos dias de hoje.
No dia 2 de agosto, Sebastião Wolf, Dario Barbosa, Fernando Soledade, Guilherme Paraense e Afrânio Costa garantiram o bronze na prova por equipes. Foi a primeira medalha do Brasil em Jogos Olímpicos. No mesmo dia, Afrânio também conseguiu a medalha de prata na prova individual dos 50m de pistola livre.
No dia seguinte, Paraense levou o país ao lugar mais alto do pódio. Na prova de pistola de tiro rápido, que consistia em 30 tiros a uma distância de 30 metros do alvo, Guilherme Paraense acertou em cheio o último deles, que decidiu a medalha. Fez 274 pontos de 300 possíveis, contra 272 do segundo colocado, o americano Raymond Bracken, o mesmo militar que havia cedido o armamento para que os atletas brasileiros pudessem participar das provas. Os americanos chegaram a reclamar com a organização, mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) manteve o resultado.
A conquista inédita da medalha de ouro entrou pra história do esporte brasileiro e Paraense escreveu seu nome de forma definitiva como o primeiro campeão olímpico da história do país. Somente 32 anos depois o Brasil ganharia uma nova medalha de ouro, com Adhemar Ferreira da Silva, em Helsinque (Finlândia). Paraense teve a honra de ser o primeiro porta-bandeira olímpico do Brasil. Como o desfile de abertura ocorreu somente em 16 de agosto, treze dias depois da conquista do ouro, seu nome foi uma unanimidade para carregar o símbolo máximo do país.
Além do ouro olímpico, Paraense colecionava outros títulos: venceu os campeonatos brasileiros de 1913, 1914, 1915, 1918,1922 e 1927. Apesar dos feitos, resolveu abandonar o esporte no início da década de 30 e não quis competir nas olímpiadas seguintes. Participou da Revolução de 1930 e, em 1941, chegou ao posto de Tenente-Coronel, transferindo-se em seguida para a reserva.
Em 05 de maio de 1989, o pioneiro do olimpismo do país foi homenageado pelo Exército brasileiro, que batizou com o nome Polígono de Tiro Tenente Guilherme Paraense , o conjunto de estandes de tiro da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), sediada em Resende (RJ), onde é realizado anualmente um torneio que também leva seu nome, válido pelo calendário brasileiro de competições de tiro esportivo. Nos Jogos Olímpicos de Barcelona , em 1992, foram feitos selos em sua homenagem. Em 2013 e 2014, o revólver usado por Paraense na conquista do ouro olímpico foi mostrado na exposição interativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte , que passou por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Guilherme Paraense morreu aos 83 anos, vítima de infarto, no dia 18 de abril de 1968 e ainda é o único competidor brasileiro a ter ganho uma medalha de ouro no tiro esportivo em olimpíadas.
Fonte:
https://goo.gl/mR3udi
http://goo.gl/LCljNa
http://goo.gl/fXMX7c
http://goo.gl/EOPgbR
https://goo.gl/rYPyNU