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GT de cultura estende reunião até amanhã
O assessor Especial de Assuntos Internacionais do MinC, Bruno Henrique de Melo, estendeu a reunião do Grupo de Trabalho sobre Cultura até amanhã
A 3ª Reunião do GT de Cultura do G20 foi estendida até amanhã (07). As prioridades-chave foram concluídas, mas ficaram pontos em aberto, que serão discutidos e incluídos no documento a ser entregue às autoridades da 19ª Cúpula de chefes de Estado e governo, em novembro próximo.
O Brasil assumiu pela primeira vez a presidência do G20, em 2023, colocando na pauta de prioridades da governança global o combate à fome, à pobreza, às desigualdades, propondo a organização de uma força-tarefa para alcançar o objetivo – o que foi acolhido no documento.
PALMARES. Coordenados pelo assessor Especial de Assuntos Internacionais do MinC, Bruno Henrique de Melo, e acompanhados pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, e pelo diretor Nelson Mendes, os debates permearam muitas questões estruturantes.
Entre os temas centrais colocados em pauta estão a entrada da União Africana (UA) no Grupo dos 20, a admissão da África como berço da humanidade e o reconhecimento do poder transformador da cultura – aí incluída a economia criativa.
No esboço do documento, foram registradas outras preocupações e sugestões sobre diversidade cultural e inclusão social; ambiente digital e direito autoral; economia criativa e desenvolvimento sustentável; e preservação, salvaguarda e promoção da memória e da herança cultural.
DIPLOMACIA. Usando de diplomacia, para driblar dissensos, os coordenadores dos trabalhos evitaram tocar em questões geopolíticas delicadas, como os conflitos que atingem os bens culturais e os direitos humanos na faixa de Gaza e na Ucrânia.
Ainda assim, alguns delegados insistiram em inserir um tópico condenando a deliberada destruição da cultura e da herança cultural durante conflitos armados, o que causou certo desconforma à delegação da Rússia.
Os tópicos em aberto serão discutidos amanhã, e o esboço, enviado aos ministros de cultura dos países do G20 em novembro, quando o documento será finalizado e submetido aos chefes de Estado e de Governo.
Em linhas gerais, foram colocadas em pauta/sugeridas (com adaptações de linguagem):
- expressar preocupação com o rápido desaparecimento de linguagens pelo mundo, em particular, linguagens indígenas e locais, levando à interrupção ou perda de tradições orais e expressões de herança viva, em prejuízo da diversidade cultural;
- empregar recursos e ações comuns para salvaguardar, fortalecer e promover a diversidade e a herança cultural em todas as suas formas – tangível, intangível e digital, incluindo povos indígenas e comunidades locais;
- observar o “Tratado de propriedade intelectual, recursos biológicos e conhecimentos de grupos tradicionais” da WIPO (Organização Mundial da Propriedade Intelectual), que inclui a proteção dos saberes dos povos indígenas e das comunidades locais/tradicionais;
- reconhecer o poder da cultura para fomentar o pensamento crítico e criativo e sua contribuição para uma sociedade mais justa, por meio da promoção dos direitos culturais, da educação informal e do treinamento artístico-cultural;
- reconhecer que a transformação digital é força motriz para o desenvolvimento dos setores culturais criativos e das indústrias, permitindo acesso para novas audiências e a promoção da diversidade e da inclusão;
- reconhecer os desafios postos pela Inteligência Artificial (IA) e pelas tecnologias digitais para a cultura e a propriedade intelectual/copyright, o que requer estratégias de governança em níveis global e nacional, exigindo a adoção de normas multilaterais;
- reconhecer a necessidade de acordar princípios capazes de garantir uma IA segura, ética e confiável, além de políticas para o ambiente digital que garanta uma justa compensação para criadores e autores;
- observar que a regulação da IA, dos serviços de licenciamento de conteúdo cultural e das plataformas de streaming deve observar as condições particulares de mercado; as especificidades sociais e as tradições culturais dos países;
- reconhecer a importância do crescimento econômico dos setores criativos culturais e das indústrias para o desenvolvimento socioeconômico e a transformação em direção a uma produção e um consumo mais sustentáveis;
- sublinhar a importância das condições de trabalho de artistas e profissionais de cultura, incluindo a proteção aos direitos de propriedade intelectual, e liberdade de criação artísticas e a justa remuneração e seu trabalho;
- reconhecer que a herança cultural não é só fonte de identidade, ou referência local e/ou nacional, mas também experiência coletiva de enriquecimento humano, servindo de catalizador do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável;
- considerando assimetrias, proteger e promover a herança cultural, por meio da cooperação internacional, para reduzir disparidades e assegurar sua preservação em todas as dimensões;
- reiterando preocupação com os contínuos saques e tráfico ilícito de bens culturais, reafirmar comprometimento com a luta contra o crime organizado global cometido contra as instituições e a herança cultural;
- promover o diálogo entre países e comunidades para uma maior compreensão da importância do património cultural e da memória, expandindo o conhecimento e promovendo os direitos culturais, a solidariedade e a justiça social;
- fortalecer ações para a preservação salvaguarda e promoção da diversidade culural e da memória inseridas na herança cultural em todas as suas formas – tangíveis e intangíveis –, incluindo povos indígenas e comunidades locais;
- sublinhar o poder transformador da herança cultural, considerando especialmente seu impacto no desenvolvimento sustentável, na subsistência e no desenvolvimento econômico inclusivo das comunidades locais;
- sublinhar a importância do desenvolvimento de padrões internacionais comuns em matéria digital, bem como o uso de tecnologias de código aberto baseadas em padrões internacionais e boas práticas;
- observando o papel essencial da cooperação internacional (incluindo a Sul-Sul e a Norte-Sul), reforçar as condições propícias à resposta às alterações climáticas, nomeadamente através de mecanismos de financiamento mais ágeis.
Os países do G20
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