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Garrincha: a vida escreve certo por pernas tortas
Junto com Pelé, Garrincha é o maior astro do futebol brasileiro de todos os tempos. Sagrado um gênio nos campos, sua trajetória pessoal se fez de altos e baixos até sua morte melancólica, em 1983.
Manoel Francisco dos Santos nasceu no dia 28 de outubro, em Pau Grande, distrito de Magé, no Rio de Janeiro. Crescido numa família humilde, com 15 irmãos, ganhou o apelido de Garrincha de uma irmã, em referência ao pássaro homônimo encontrado na reunião.
Mané Garrincha começou a jogar com 14 anos, como amador, no Esporte Clube Pau Grande. O talento precoce o levou a um teste e à contratação no Botafogo. No primeiro treino, Mané já driblou Nilton Santos, então um jogador renomado.
Garrincha jogou 95% de suas partidas pelo Fogão, entre 1953 e 1965. Também vestiu a camisa da Seleção Brasileira 60 vezes, atuando nas Copas de 1958, na Suécia; de 1962, no Chile; e de 1966, na Inglaterra, sendo campeão mundial em seus dois primeiros torneios. Com ele em campo, a Seleção Canarinho perdeu apenas um jogo.
O Anjo de Pernas Tortas
Mané se notabilizou pelos dribles fascinantes, apesar do fato de possuir as pernas tortas. É considerado o maior ponta-direita da história do futebol brasileiro. Chamado de O Anjo de Pernas Tortas, teve atuação decisiva na conquista das Copas de 58 e 62. A ele se credita a hoje famosa expressão “combinar com os russos”. No mundial de 58, antes do jogo contra a extinta União Soviética, em que o Brasil venceu o time adversário por 2 X 0, teria ocorrido um diálogo sui generis entre Garrincha e o técnico Vicente Feola. Conta-se que Vicente disse ao atleta para pegar a bola, driblar o primeiro beque, driblar o segundo, ir até a linha de fundo e cruzar forte para trás para Vavá marcar. Garrincha, então, respondeu: “Tudo bem, mas o senhor já combinou com os russos?”.
Garrincha ainda atuou em times como o Corinthians. No final, seu corpo já sofria com os excessos praticados fora dos campos. Seu último gol aconteceu no dia 23 de março de 1972, em uma partida do Olaria, pelo qual jogava, contra o Comercial, no estádio Palma Travassos, em Ribeirão Preto (SP). Pouco depois, sua carreira profissional chegou ao fim.
Mané Garrincha morreu no dia 20 de janeiro de 1983, na cidade do Rio, vítima de cirrose hepática, após uma longa batalha contra o alcoolismo. No seu túmulo, está escrito: “Aqui jaz aquele que foi a Alegria do Povo – Mané Garrincha”. Em 2010, torcedores do Botafogo fizeram uma vaquinha no valor de R$ 56 mil para a construção de uma estátua em homenagem ao jogador, criada pelo artista plástico Edgar Duvivier. A obra fica em frente ao Estádio Olímpico Nilton Santos, do Botafogo. Em Brasilia, seu nome está no Estádio Nacional Mané Garrincha.