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GALERIA PALMARES: A triste rota de um flagelo humano
Publicado em
10/09/2010 09h00
Atualizado em
06/02/2024 15h43
Mércia Queiroz e Eliane Borges convidam visitantes a prestigiarem a mostra
Por Suzana Varjão
Despertar o interesse mundial sobre o legado africano que referencia o tráfico de seres humanos, com o objetivo de contribuir para a preservação dos bens culturais a ele associados e, por conseguinte, da memória da escravidão. Este é um dos objetivos da mostra itinerante Luta pela liberdade: nossa herança africana, que vem correndo o mundo e, agora, chega à galeria da Fundação Cultural Palmares (FCP), onde permanece, de 14 a 28 deste mês.
Iniciativa do Fundo para o Patrimônio Mundial Africano, a exposição é composta por três grandes painéis, que reconstituem parte significativa da rota do tráfico de escravos para a América do Sul, por meio do mapeamento de cidades, localidades e referências patrimoniais em geral que, de alguma forma, tenham relação com o comércio da população negra e, portanto, possam preservar a memória desse hediondo crime cometido contra a humanidade.
A partir da articulação desses macro-pontos, é possível evidenciar os fortes laços e influências culturais entre a África e o Brasil, onde aportaram cerca de 3.600.000 escravos, entre os séculos XVI e XVII, oriundos de diversas regiões do continente africano, sendo que grande parte do contingente negro sujeitado, seqüestrado e vendido desembarcou na cidade do Salvador, capital da Bahia (BR), um dos macro-pontos destacados na rota reconstituída pela mostra.
Além da cidade do Salvador, que integra a lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), recompõem o trajeto do tráfico humano as ilhas de Robben (África do Sul), Goréia (ou Gorée, no Senegal) e Moçambique (Moçambique); as localidades de Ouidah (Benin), Apraavasi Ghat (Ilha Mauricia) e Volta (Gana); as cidades de Mombasa (Quênia), Grande Acra (Gana) e Cidade Velha (Cabo Verde); e fortes e castelos de regiões centrais e orientais de Gana.
A mostra sobre a rota do tráfico de escravos africanos foi exposta pela primeira vez durante os jogos da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, onde as reproduções dos painéis permanecem, na cidade do Cabo, e de onde seguem para a Ilha Goréia (ou Gorée, no Senegal), a Etiópia e a Espanha. Ao Brasil, Luta pela liberdade… chegou pela primeira vez em 26 de julho último, ocupando o a área externa do Hotel Royal Tulip de Brasília, como parte das atividades da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco [1].
Além dos painéis, a exposição será composta por exemplares de grilhões – instrumentos de ferro utilizados para prender, transportar, sujeitar e castigar os escravos. As peças fazem parte do acervo da Fundação Cultural Palmares.
Serviço:
Exposição: Luta pela Liberdade: Nossa Herança Africana
Data e horário de abertura: 14/09, às 17h
Período de visitação: 14 a 28/09 (9h às 18h)
Local: Galeria Palmares (SBS, quadra 2, ed. Elcy Meireles, térreo).