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Fundação Palmares/SP lança o livro Africanidades e Relações Raciais
A Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC), por meio de sua representação em São Paulo, lançou na quinta-feira (16) o livro Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil. A obra traz um diagnóstico do circuito editorial no país com recorte racial.
O evento contou com a presença dos autores que falaram de sua participação na obra a um público de 500 pessoas entre lideranças negras, artistas, escritores e acadêmicos de todo o estado. De acordo com Michel Yakini, representante regional da FCP, o encontro foi excepcional. “Se constituiu de um território negro em pleno centro de São Paulo”, afirmou.
Organizado por Cidinha da Silva, o livro tem como proposta orientar diretrizes, objetivos e metas à qualificação do circuito do livro no país. De acordo com ela, o material deve subsidiar as políticas públicas relacionadas ao assunto nas instâncias municipais e estaduais. “O livro é para ser usado como ferramenta na construção e efetivação de políticas públicas e não como souvenir”, enfatizou.
Durante o lançamento, foram distribuídos 220 exemplares da obra. Com 402 páginas, o documento traduz o pensamento de 48 autores predominantemente jovens e negros. O mapeamento sobre o circuito literário que o completa foi desenvolvido a partir de consulta pública, realizada em 2014 pela Fundação Palmares em parceria com a Diretoria do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura.
Africanidades – O primeiro capítulo do livro é composto por 12 conceitos que justificam a importância da diversidade em cultura negra, dando sentido à toda a argumentação em defesa das políticas públicas, com recorte racial, na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil.
Conceito primeiro de “africanidades”, Eduardo Oliveira define como “uma categoria de tempo e espaço conjugada. Reúne o que a injustiça separou […] Promove o face-a-face depois do esquecimento provocado pela travessia do Atlântico”. Desse modo, Oliveira traduz o termo como “cultura material e simbólica da Diáspora Africana, recriada e ressemantizada em território africano”, mas também, fora dele.
Outros conceitos, como o de “Favela”, “Letramento”, “Literatura periférica” e “Oralitura”, dão a realidade do que é necessário para que, mesmo a literatura, transmita outras perspectivas. De acordo com Regina Delcastagnè, professora de Literatura da Universidade de Brasília, o mercado carece de escritores negros. “Na sociedade brasileira, a cor da pele – assim como o gênero ou a classe social – estrutura vivências distintas”. Segundo ela, precisam-se de negros, moradores de periferias, trabalhadores escrevendo para que sua sensibilidade e imaginação dêem forma a novas criações.
Confira os autores da obra: Acácio Almeida, Adélcio Cruz, Aline Vila Real, Analu Souza, Bel S. Mayer, Cidinha da Silva, Cristina Assunção, Dinha (Maria Nilda Mota), Edimilson de A. Pereira, Eduardo Mota, Eduardo Assis, Eduardo Oliveira, Emerson Alcalde, Érica Peçanha, Esmeralda Ribeiro, Euclides Ferreira, Fabiana Lima, Fernanda Felisberto, Grace Passô, Janja Araújo, Josemeire A. Pereira, Josias Marinho, Lívia Natália, Lucélia Sérgio, Márcia Cruz, Marco Antônio silva, Marcos F. L. da Silva, Martha Rosa Queiroz, Mauro L. Silva, Michel ?Yakini, Neide Almeida, Pablo Guimarães, Pedro Neto, Regina Delcastagnè, Renato Botão, Ricardo Riso, Rodrigo Bueno, Rodrigo Motta, Ronald Augusto, Rosa V. Pereira, Rubenilson de Araújo, Silvane Norte, Uilian Chapéu e Vagner Souza.