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Fundação Palmares exibe filme e debate racismo com alunos de escolas públicas

Legenda: Alunos do CEF III de Taguatinga Sul escutam palestra de Sabrina Faria
Durante a programação da semana dos 19 anos da Fundação Cultural Palmares diversas escolas estiveram presentes para assistirem e debaterem o filme “Esses Moços”, do baiano José Araripe Jr.
Nesta quinta-feira, foi a vez dos alunos do Centro de Ensino Fundamental III, de Taguatinga Sul, conhecerem a instituição e tratarem um pouco da temática do filme que conta a história de duas meninas que encontram um idoso desmemoriado e o tomam como avô que nunca tiveram. Juntos, os três exploram a cidade, constituindo uma espécie de família informal.
Após o filme, houve um bate-papo com a professora e ativista negra Sabrina Faria, que expôs aos alunos um pouco sobre o conceito de ser negro e os preconceitos sofridos por conta da cor da pele ou pelo cabelo enrolado. Padrões estéticos que a mídia impõe fazendo com que afro-descendentes tenham sua auto-estima diminuída por conta disso.
Sabrina nos conta que atitudes como essa da Fundação Cultural Palmares, de trazer crianças e jovens para dentro da instituição e debater temas como preconceito e discriminação devem ser valorizadas. “É muito positivo a Palmares já trabalhar essa temática junto aos alunos, uma vez que a lei 10.639 (que prevê o ensino da história e cultura afro-brasileira) é recente, de 2003. O cinema, além de entreter, é um recurso interessante para tratar sobre o tema, pois usa uma linguagem acessível para as crianças”, explica. Mas recomenda, “a questão do racismo deve ser debatida o ano inteiro e não só em novembro, pois essa é uma temática brasileira”.
A professora de história Idalina Sobreira de Souza Neves, gostou da iniciativa da FCP e comentou que o evento “só acrescenta e enriquece a educação para que as diferenças deixem de existir. Ele amplia e oferece, desde cedo, ainda mais informação para as crianças sobre temas como a escravidão e o racismo”.
O também professor de história, Luiz Alberto Fiúza dos Santos, afirma ser o debate fundamental, “pois traz aos alunos um novo enfoque sobre as relações humanas e a problemática do racismo e da exclusão social”.
Já a professora de língua portuguesa Lucy Sanae, acrescentou que o debate do filme e o bate-papo são de suma importância. “Democracia racial não existe em nenhum lugar do mundo, por isso, o evento é bom para as crianças entenderem os preconceitos e as manifestações racistas que já estão incutidos na sociedade”.
No final do evento, já na hora em que os estudantes lanchavam e se preparavam para ir embora, uma surpresa. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, integrou-se aos jovens e ressaltou o trabalho da instituição na difusão do conhecimento sobre cultura afro-brasileira e falou sobre a importância do conhecimento para minimizar as diferenças raciais. Zulu falou ainda, um pouco da sua trajetória na área da cultura, dos cinco anos de Palmares e lembrou a todos que a Fundação sempre está de portas abertas para a sociedade, receptiva a visitas, consultas e pesquisas na área de cultura afro-brasileira.