Notícias
Fundação Palmares estimula a restauração de terreiros
Recife, 13/2/07 – Mais de um século após o reconhecimento de igrejas e sítios cristãos como patrimônio histórico brasileiro, os templos religiosos de matriz africana finalmente recebem um tratamento mais cuidadoso dos órgãos relacionados à preservação da história e da cultura no país. Somente na sexta-feira passada (9), durante visita a Recife e Olinda, o presidente da Fundação Palmares/MinC, Zulu Araújo, discutiu com autoridades religiosas o tombamento e restauração de dois terreiros da região. São eles o Terreiro de Santa Bárbara – Nação Xambá (www.xamba.com.br), em Olinda, e o Terreiro Obá-Ogumpé – Sítio do Pai Adão, no bairro de Água Fria, em Recife.
Em reunião com o babalorixá Manoel do Nascimento Costa, presidente do Centro Cultural Afro Pai Adão, Zulu Araújo recebeu das mãos deste o projeto de restauração do Sítio do Pai Adão. Um dos terreiros mais antigos do Recife, o Sítio é, ao lado do terreiro de Mãe Menininha do Gantoá, na Bahia, o único no país tombado como patrimônio estadual, por meio do Decreto 10.712 de 1985.O presidente da Fundação Cultural Palmares, arquiteto de formação, analisou as plantas para a obra e solicitou o envio do projeto para análise dos técnicos da fundação em Brasília. O Sítio do Pai Adão também prepara a documentação necessária para requisitar o reconhecimento como quilombo urbano.
Nação Xambá: quilombo urbano
Já atestado como terceiro quilombo urbano do país, o Terreiro de Santa Bárbara – Nação Xambá está em fase de finalização do projeto de restauração de suas instalações. Zulu Araújo informou-se sobre o encaminhamento dos estudos na sexta-feira à noite, durante a solenidade de encerramento das oficinas de saberes tradicionais realizadas na comunidade, com apoio da Fundação Cultural Palmares. Além da preservação do terreiro, o projeto prevê a construção do Memorial Severina Paraíso da Silva, um museu sobre a história da Nação Xambá no Brasil, com objetos de culto e utensílios cotidianos da população afro-brasileira na região desde o início do século XX. O nome do museu é uma homenagem a Mãe Biu, yalorixá do terreiro durante 54 anos.
Os dois projetos de restauração estão sendo coordenados pelo Prof. Antenor Vieira, diretor do Escritório Modelo de Arquitetura do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Dedicado aos estudos do Sítio do Pai Adão desde 2001 e do Terreiro de Xambá desde 2003, Vieira estimulou sua equipe de formandos em arquitetura a elaborar histórico e propostas para os dois templos religiosos.