Notícias
CELEBRAMOS!
Fundação Palmares encerra comemorações com samba no pé
Beneficiados das políticas públicas da Palmares, com dirigentes e servidores da instituição: imagem emblemática
Com os acordes contagiantes do sambista Marcelo Café, a Fundação Cultural Palmares fechou as comemorações pelos 36 anos de existência. Mas antes do show, teve conversa com os beneficiados das políticas culturais da instituição.
Guilherme Bruno, coordenador do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra, inaugurou os falares do dia: “Vocês que estão aqui têm algo em comum: foram atingidos, de alguma maneira, por uma política pública da Fundação Palmares”.
O tom informal, combinado com o reconhecimento do esforço dos participantes e a valorização das contribuições individuais, criou uma atmosfera acolhedora e participativa, que se espraiou por toda a tarde.
Acolhedora, participativa e forte.
"Foi muita luta dos movimentos negros para constituir a Fundação Palmares e, a partir disso, dizer ao Estado brasileiro: precisamos de políticas públicas que falem de fomento, promoção, proteção, preservação e disseminação."
A fala de Flávia de Costa, diretora do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro, foi uma poderosa demonstração do compromisso e da dedicação da Palmares em promover, proteger e preservar o patrimônio afro-brasileiro.
E a oradora fez questão de creditar o esforço da equipe, destacando que o trabalho de certificação das comunidades quilombolas não é tarefa solitária, mas obra coletiva, que depende do engajamento e da paixão de muitos.
Chegou a vez de os beneficiados pelas políticas públicas da Palmares darem testemunho do impacto do trabalho da instituição em suas vidas.
"A Fundação Palmares está aqui para mostrar que nós não somos o quarto de despejo da sociedade. E que nos silenciam tanto porque têm medo da nossa força, do nosso poder” (Yalle Tárique de Menezes).
Autor do livro “Diário de uma quarentena”, Yalle Tárique de Menezes é, ele próprio, um exemplo da potência negra: com apenas 12 anos de idade, venceu o 25º concurso de redação da Biblioteca Pública do Paraná.
"O Prêmio Conceição Evaristo de Literatura Afrofuturista é um exemplo poderoso de como, com inteligência, você consegue atacar várias frentes importantes" (Emanoel Messias, vencedor do Prêmio Conceição Evaristo de Literatura Afrofuturista).
Ana Lúcia Ferreira de Souza premiada na III Edição do Prêmio Palmares de Arte, na categoria Leitura, Escrita e Oralidades, destacou sua experiência como mulher negra , a primeira a ter um trabalho formal em sua cidade, “extremamente machista”.
Charles da Costa Bandeira, premiado na III Edição do Prêmio Jovem Quilombola Inovador, falou sobre a importância do projeto Quilombotec, uma iniciativa colaborativa, que surgiu de necessidades apontadas pelos mais velhos da comunidade.
"A escuta é verbo, ela é ativa. Eu só estou onde estou porque escutei os meus mais velhos. Não é vergonha aprender, não é vergonha escutar" (Thamires Fortunato Martins, participante do projeto de propriedade intelectual para o empoderamento de mulheres quilombolas).
"Esses três dias que eu estive aqui impactaram muito a minha vida. Nunca imaginei que eu fosse conhecer pessoas tão ilustres e importantes, e levar esse aprendizado para a minha comunidade" (Aline Nazaré Silva, III Edição do Prêmio Palmares de Arte, categoria Leitura, Escrita e Oralidades).
"Esse tipo de ação é fundamental para a profissionalização dos artistas negros e negras, porque enfrentamos muitas barreiras ao tentar viabilizar nossos trabalhos” (Vidal Assis, Prêmio Luis Melodia de Canções Afro-brasileiras).
Vencedor da III Edição do Prêmio Palmares de Arte, na categoria Música, Luiz Carlos dos Santos Junior emocionou os presentes com a canção “Novos Palmares”, que fala sobre um futuro humanizado para a população negra.
Lázaro Erê destacou o impacto transformador do hip-hop, que, com seus quatro elementos (break, grafite, DJ e MC), se tornou fenômeno mundial adaptado às realidades locais (Prêmio Luiz Melodia de Canções Afro-brasileiras).
"Rompi com meus medos, peguei a minha cria e fui para a universidade. Sou mulher preta, quilombola, senhora, mãe, estudante" (Alaine Gama, III Edição do Prêmio Palmares de Arte, categoria Leitura, Escrita e Oralidades).
Inah Ireman Oliveira elogiou o edital de mobilidade, pelo apoio inovador a pessoas negras, expressando o desejo de que a Palmares continue investindo nos artistas e fazedores de cultura negra no Brasil (Bolsa de Mobilidade Cultural Afro-brasileira).
Eu chego com uma potência muito grande. O Prêmio Luiz Melodia de Canções Afro-brasileiras me permitiu gravar o clip “Mergulho” e me colocar no radar musical da Bahia e do Brasil. Agora eu posso investir na minha música (Uyara Nayri).
“Fazer biscoitos com mandioca, um alimento que nos tira dos apertos do dia a dia, foi uma grande vitória. Obrigada, Palmares, por andar por esse Brasil e nos enxergar! (Dorivânia Maria de Souza, do 2º Ciclo de Saberes e Sabores da Gastronomia Quilombola).
“A cultura de hip hop é o projeto que permitiu que uma garota de 23 anos de São Paulo se conectasse com o Brasil. O recado que o edital mobilidade me deixou foi: Não desista!” (Yasmin Vieira Bolsa de Mobilidade Afro-brasileira).
Quero agradecer a oportunidade de me reconhecer neste lugar de tantas iguais. Não foi só sobre o prêmio, mas sim um recado que a fundação mandou, de que não podemos desistir. A fundação nos permitiu sonhar (Vini Joe Prêmio Luiz de Canções Afro-brasileiras).
“O prêmio manifestação cultural fortalece minha comunidade e dá orgulho ao povo negro do Brasil” (Natureza Acácio França, edital Manifestações Político-culturais 20 de Novembro – Zumbi dos Palmares).
“Nossa história não pode ser apagada por interesses empresariais, temos nossa cultura e sabemos que podemos contar com a Fundação Cultura Palmares” (Nilson José dos santos, liderança da Quilombo Sumidouro, Queimada Nova/PI).
“Esse certificado é um recado para minha comunidade de que não podemos deixar morrer nossa tradição” (Eliar Alves de Oliveira representando a comunidade quilombola do Povoado do Cabeçudo/Góias).
Precisa dizer mais alguma coisa?
Próximo ano tem mais!