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Fundação Cultural Palmares recebe ilustre visita de viúva e filho do cantor e compositor Luiz Melodia
A Fundação Cultural Palmares (FCP), teve a honra de receber na manhã desta terça-feira (3), Jane Reis, compositora, produtora e viúva do grande músico Luiz Melodia e Mahal Reis, rapper, modelo e filho do artista, para um bate-papo sobre produção musical e produção artística. Os convidados foram recepcionados por colaboradores e servidores da FCP.
Vale lembrar que o ilustre Luiz Melodia é o patrono-homenageado no Prêmio de canções afro-brasileiras, organizado pelo Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC). Jane e Mahal fazem parte do corpo de jurados da premiação.
Quando elaborado, o concurso teve por objetivo valorizar aspectos da cultura Afro-Brasileira, em qualquer estilo musical, protagonizando assim a cultura negra que é tão diversa no Brasil.
O edital buscou incentivar a participação plena e efetiva da população negra, homenageando o legado de Melodia. O músico foi também um importante ator, cantor e compositor brasileiro de MPB, rock, blues, soul e samba.
Melodia compõe a galeria de personalidades homenageadas pela Fundação Cultural Palmares, devido à sua grande relevância no cenário artístico do país.
Roda de conversa
Durante o bate- papo, Jane e Mahal relembraram os sucessos de Melodia, bem como do legado deixado pelo compositor, que morreu aos 66 anos, vítima de um câncer na medula no dia 04 de agosto de 2017.
Mahal falou sobre suas inspirações para compor músicas, revelando assim, como é o processo. “Eu como artista e como pessoa, para alguém se inspirar em mim, ela tem que ser muito sensível e emotiva. Eu sempre estou chorando, isso me ajuda a ter lucidez com as coisas. Eu uso a sensibilidade, ou seja, é importante mover o coração e manter os sons fluindo sempre. É necessário acreditar em si e principalmente no que está sentindo,” discorreu o artista.
Edi Freitas, uma das servidoras mais experientes da Fundação Palmares lembrou que mesmo estando num tempo distinto devido às idades, o trabalho de artistas como Mahal são apreciados através dos filhos, o que acaba perpassando de geração em geração. “Quando vejo jovens consumindo músicas que eu não sou acostumada a ouvir, eu fico feliz. A música nos ajuda a construir nossa personalidade, nossa formação, a música ajuda a construir o nosso pensar. E ter essa troca com os mais jovens é essencial. Vejo isso ao observar meus filhos,” disse a servidora.
Mahal aproveitou para falar sobre o ingresso excessivo de elementos na produção musical, o que acaba se tornando para ele, um exagero. O músico acredita que o uso constante das tecnologias no meio artístico, retira a essência de todo o processo de criação. “Isso como vetor fundamental de uma arte, eu não acho legal. Não curto muito auto-tune e nem a inteligência artificial. Precisamos enxergar o que vem de dentro.” Relatou.
Segundo o artista, uma das formas de o estado ajudar aos jovens e crianças a imergirem no universo da música, da arte e da literatura é por meio da educação e da cultura.
“Um lugar que não tem cultura será sempre um palco de violência. Os futuros MC’s precisam ter coisas substanciais. Tem que agregar algo, tem que ser lúdico e trazer um bom jogo de palavras. Introduzir bons elementos, palavras novas, dá uma estética boa no rap, quebra o tabu de as pessoas acharem que só quem canta rap são artistas ignorantes. Muitas pessoas que não conhecem a história do rap, pensam isso,” finalizou o cantor.