Notícias
Fundação Cultural Palmares lança Projeto “Conhecendo nossa História: da África ao Brasil”
O projeto “Conhecendo nossa História: da África ao Brasil” foi lançado pela Fundação Cultural Palmares na cidade de União dos Palmares (AL), nos dias 27 (quinta-feira) e 28/04 (sexta-feira). O evento marcou oficialmente o início de um projeto piloto que prevê a capacitação de professores de escolas públicas, a partir do conteúdo do livro “O que você sabe sobre a África? Uma viagem pela história do continente e dos afro-brasileiros” em 18 municípios das cinco regiões brasileiras.
A iniciativa tem como objetivo não só difundir a história e a cultura Afro-brasileira no sistema educacional do país, mas promover uma reflexão sobre a condição do negro na sociedade. Isso passa pelo combate ao racismo, ao preconceito, à intolerância religiosa e à violência contra os Afro-brasileiros.
O local escolhido para o evento não poderia ser mais significativo. A Serra da Barriga, em União dos Palmares, que concorre ao título de Patrimônio Cultural do Mercosul, abrigou no passado o célebre Quilombo dos Palmares. Sob a liderança de Zumbi dos Palmares, a comunidade foi a mais forte resistência de africanos e afro-brasileiros contra a escravidão durante o período colonial.
O lançamento do Projeto contou com a participação do Presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira; da Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC), Ivana Siqueira; da representante da Secretaria de Cultura de Alagoas, Cláudia Puentes; do Prefeito de União dos Palmares, Areski de Freitas; da Secretária de Educação de Maceió, Ana Daisy Dória; de Mãe Miriam, a Ialorixá mais antiga de Alagoas e representando o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Conepir); e de Mãe Neide Oyá D’Oxum, considerada Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas.
Durante a manhã, a mesa tratou da importância do projeto e de se divulgar a trajetória dos afro-brasileiros no sistema educacional do país. O Presidente da Fundação Cultural Palmares, Erivaldo Oliveira, destacou o papel desse tipo de ação. “Queremos não somente entregar este material às escolas e sim promover uma ampla reflexão sobre as principais questões relacionadas à população Afro-brasileira. Vamos difundir a riqueza das nossas expressões culturais, como a capoeira, a dança, a música, a literatura, a moda, as artes plásticas, a história e a religiosidade, mas ainda vamos estimular os professores a debaterem com seus alunos pontos que nos agridem, como o racismo, o bullying, a intolerância e a violência”, afirmou Erivaldo Oliveira.
À tarde, aconteceu a mesa-redonda Conhecendo Nossa História – Da África ao Brasil. O debate contou com a participação de Vanderlei Lourenço, Coordenador Geral do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC) da Fundação Palmares, e com as presenças de Raquel Nascimento Dias, representante da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC); Maurício Pestana, escritor, cartunista e jornalista especializado em cultura Afro-brasileira; Zezito de Araújo, Professor Mestre da Universidade Federal de Alagoas (UFA) e Supervisor de Diversidade da Secretaria de Educação de Alagoas. Zezito de Araújo, que será o multiplicador do projeto junto aos professores em Alagoas, falou da metodologia do projeto e assinalou que a educação da cultura afro-brasileira estimula a autoestima e a valorização dessa população.
Após as falas da mesa, houve uma roda de conversa com professores das escolas selecionadas para participar do projeto nos municípios de Maceió e de União dos Palmares. Eles relataram suas experiências pessoais e profissionais em sala de aula, falando inclusive do bullying contra alunos negros, praticado por outros alunos e muitas vezes até mesmo por professores.
No dia 28 (sexta-feira), a mesa “Estratégias para implementação da Educação para as Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira” com o professor Zezito de Araújo, a professora Cláudia Puentes e a representante do MEC, Raquel Dias, foi voltada aos professores e teve como foco a escuta dos professores sobre quais experiências que vem sendo trabalhadas em salas de aula, além de saber deles, seus próprios conhecimentos acerca da temática.
Com base nessas informações, os multiplicadores no estado de Alagoas terão um diagnóstico de como aplicar a metodologia aos professores envolvidos no projeto.