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Filhos de Gandhy celebram seus 70 anos de existência
Nesta segunda feira (18), o tradicional afoxé Filhos de Gandhy completou 70 anos de criação. O bloco é símbolo das festividades de Salvador, pois tem trazido, todos estes anos para a rua, as tradições das religiões de matriz africana, ritmadas com cantos iorubas.
O bloco surgiu em 1949, em um contexto de crise gerado pela Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os estivadores do porto de Salvador (homens que arrumavam as cargas nos navios), preocupados com o possível cancelamento de alguns blocos, decidiram colocar o afoxé nas ruas da cidade. Durval Marques, conhecido como “Vavá Madeira”, foi o responsável por dar o ponta pé inicial, convencendo os demais colegas a participarem da fundação dos “Filhos de Gandhy”. O nome escolhido foi em homenagem ao líder hindu, Mahatma Gandhi, que foi assassinado em janeiro do ano anterior.
Naquela época, o sindicato dos estivadores estava sendo observado pelo governo e, para evitar repressão da polícia, como disfarce, alteraram o nome do Líder Gandhi, substituindo o ‘i’ por ‘hy’ ficando “Gandhy’’. No dia 18 de fevereiro daquele ano, o bloco desfilava com apenas 36 pessoas.
Desde a sua fundação até os dias atuais, o Afoxé vem às ruas animando o carnaval de Salvador. Entre os anos de 1974 e 1975, por motivos financeiros, o Gandhy não desfilou. No entanto, nos anos seguintes, voltou com força total, aderindo ao Ijexá (ritmo africano) e com músicas baseadas nos ensinamentos de paz de Gandhi. Começaram a distribuir alimentos que representam a purificação do corpo para o público que assistia ao desfile enquanto perfumavam de alfazema, as avenidas. As vestimentas são produzidas por artesões da região, inspiradas nas vestimentas indianas e africanas com tons azuis e branco em homenagem a Ogum e Oxalá, composta de turbantes, colares e outros apetrechos que embelezam e enriquecem o desfile carnavalesco. Um dia antes do bloco sair à rua é realizado um despacho no Largo do Pelourinho, em intenção de Paz para o Afoxé.
Segundo a entrevista do Professor Marco Aurélio Luz retirada do site Filhos de Gandhy, “os afoxés contribuíram de modo contundente para o enriquecimento cultural dos festejos do carnaval no Brasil. O afoxé se caracteriza como um dos muitos desdobramentos culturais das comunidades-terreiro das religiões tradicionais africanas no Brasil. Ele se constitui por uma linguagem contextual em forma de síntese recreativa que combina expressões de dança, música, dramatização, vestuário, instrumentos, emblemáticas etc., características da estética negra”
A sede Associação Cultural, Recreativa e Carnavalesca Filhos de Gandhy está localizada no Pelourinho e sua administração funciona o ano inteiro, desde 1983. O grupo desde sua fundação vem buscando na sua pluralidade desenvolver diversas atividades, tendo como sua principal missão pregar a paz e abrigar em sua festividade pessoas de todas as crenças, condições sociais e etnias. Um dos projetos de grande importância que foi fundado em 1996, o Gandhy Social, é um projeto educacional ligado a crianças de comunidades carentes. A sede se tornou um ponto de parada de turistas de todo o mundo que visitam o Centro Histórico de Salvador.
Neste ano de 2019, para celebrar os 70 anos do afoxé, que é patrimônio imaterial da Bahia, aconteceu no domingo (17), o último ensaio preparatório para o desfile oficial que acontece no dia 03 de março. Estiveram presentes os cantores Gilberto Gil, Daniela Mercury, Gerônimo e o bloco Ilê Aiyê. Também ocorre a exposição fotográfica Filhos de Gandhy, de Christian Cravo, com início hoje (19), às 19h, no Palacete das Artes – Salvador. A exposição é composta por fotografias dos 3 últimos 3 carnavais dos Filhos de Gandhy; o evento também contará com o lançamento do livro, composto por 100 imagens dos mais de 500 foliões.
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