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Feira Música Brasil: Presidente da FCP palestra sobre a afirmação do povo negro através da música
Recife, 7/2/07 – A afirmação do povo negro através da música em capitais nordestinas como Recife e Salvador tornou-se ao longo das últimas décadas uma das principais razões do orgulho cultural destas cidades. A experiência em Salvador será tratada mais a fundo pelo arquiteto e pesquisador Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares/Ministério da Cultura, em palestra gratuita ao meio-dia de sábado na Feira Música Brasil. Uma das principais personalidades do movimento negro baiano, responsável durante três anos pela Diretoria de Promoção, Estudos, Pesquisa e Divulgação da Cultura Afro-Brasileira da FCP, Araújo foi nomeado na última terça-feira presidente da instituição. A palestra na Feira Música Brasil será a primeira dele no novo cargo, respondendo por um dos principais órgãos de defesa da cultura afro-brasileira no país.
Com base em sua experiência na luta pela conscientização em Salvador, Zulu Araújo lembrará como grupos de afoxé como o Ilê Aiyê e o Olodum ajudaram, desde os anos 70, a reforçar o orgulho da população negra e a modificar a programação das rádios FM da capital baiana, hoje famosa por prestigiar ritmos afro-brasileiros como o afoxé, o samba-reggae e sua derivação, o axé. Para os que não recordam como foi forte e urgente a manifestação dos negros em Salvador, basta lembrar a primeira música cantada pelo Ilê Aiyê no carnaval de Salvador em 1975 e recentemente regravada pelo grupo O Rappa:
“Que bloco é esse, eu quero saber
É o mundo negro que viemos mostrar pra você
Somos crioulo doido, somos bem legal,
Temos cabelo duro, somos black pow
Branco, se tu soubesse o valor que o preto tem
Tu tomava um banho de piche e virava preto também
Não te ensino minha malandragem, nem tampouco minha filosofia
Quem dá luz a cego é bengala branca e Santa Luzia, ai ai meu Deus…”
Zulu Araújo contará ainda como a imprensa, inicialmente ofensiva à manifestação do Ilê Aiyê, aos poucos tornou-se aliada na divulgação das ações de afirmação em Salvador, especialmente na música. E lembrará como instituições educativas criados pelos grupos musicais negros obtiveram bons resultados na população de baixa renda e o reconhecimento mundial entre os órgãos de promoção dos direitos humanos.
Após a palestra, a Fundação Cultural Palmares promoverá o lançamento do livro Miassos da Minha Terra, do pesquisador musical angolano Artur Arriscado, que virá a Recife para autógrafos na Feira Música Brasil.