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FCP participa de reunião da UNESCO que desenvolve guia para o Turismo de Memória
Em reunião técnica realizada, nos dias 11 e 12 de dezembro de 2012, na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, o Comitê Científico Internacional do Projeto A Rota do Escravo deu início ao desenvolvimento do Guia Metodológico e Conteúdos Pedagógicos para o Turismo de Memória, que pretende fortalecer as capacidades dos Estados membros no desenvolvimento do turismo de memória relacionado ao tráfico negreiro e à escravidão.
Durante o encontro, o diretor-geral para Cultura da UNESCO, Francesco Bandarin, e o representante adjunto da delegação permanente do Brasil junto à UNESCO, Marcelo Dantas, ressaltaram a relação entre cultura e desenvolvimento sustentável como base para a construção de iniciativas em torno do tema.
O chefe da Seção de História e Memória para o Diálogo da UNESCO e coordenador do Projeto a Rota do Escravo, Ali Moussa-Iye, apresentou aos participantes os resultados do Seminário Internacional Herança, Identidade, Educação e Cultura: Gestão de Sítios e Lugares de Memória ligados ao Tráfego Negreiro e à Escravidão, organizado pela Fundação Cultural Palmares, em agosto, em parceria com a UNESCO, e apoio dos Ministérios da Cultura, Educação, Turismo e Relações Exteriores.
No Seminário, foram estabelecidas as diretrizes para a formatação dos mencionados Guia Metodológico e Conteúdos Pedagógicos, e recomendou-se a construção de uma Rede Internacional de Especialistas em Gestão de Sítios e Lugares e Memória, objeto principal da referida Reunião Técnica.
Segundo o coordenador, a partir das orientações do Seminário, a UNESCO tem se concentrado na realização de uma cartografia mais abrangente dos sítios de memória ligados ao tráfico negreiro e à escravidão, o que inclui a identificação de itinerários de memória transregionais existentes e potenciais.
A compilação das contribuições dos Estados membros para o Guia também esta sob coordenação da UNESCO, uma vez que o desenvolvimento de módulos de formação a agentes culturais, de turismo e educadores se dará a partir dessas contribuições.
No âmbito da cooperação internacional, o Comitê Preparatório da Rede Internacional, que é composto por gestores de sítios ligados ao tráfico negreiro e à escravidão e especialistas em turismo de memória de diversas partes do mundo, tem, voluntariamente, trabalhado para estruturação de um Programa Global para os próximos dois anos, relacionado ao desenvolvimento do turismo de memória.
Além de Seminários internacionais a cada dois anos, e encontros regionais mais frequentes, o Comitê recomendou a construção de um portal virtual com o objetivo de promover iniciativas existentes de turismo de memória e possibilitar a identificação e registro de novos sítios e lugares, além de valorizar o patrimônio material e imaterial relacionado aos sítios e lugares, e possibilitar a assistência técnica aos gestores de sítios de memória e o intercâmbio pedagógico e educativo.
À reunião, a FCP levou a proposta de construir processos de cooperação internacional entre escolas da rede global da UNESCO e cinco escolas de rede de ensino público fundamental do Brasil. Segundo Daniel Brasil, assessor internacional da Palmares, países como França, EUA, Gana, Benin, Ilha de Reunião, e Guadalupe se propuseram a construir conjuntamente com a FCP um projeto de vídeo aula que inclua tópicos de discussão, parâmetros para a atuação dos professores, adaptações à realidade de cada país, e acesso aos sítios e lugares de memória.
“A ideia é utilizar tecnologias alternativas de audiovídeo e técnicas de ensino in loco para proporcionar o intercâmbio dos olhares dos estudantes sobre os sítios e lugares de memória”, explicou. “Essa troca será possível, por meio de um portal, onde o upload das informações será efetuado e disponibilizado aos professores e alunos”, afirmou.