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FCP na Cooperação Sul-Sul, fortalecendo laços entre Brasil e Benin
Uma semana é tempo suficiente para se levantar propostas capazes de mudar os rumos de um país. Referência mundial em políticas sociais, o Brasil está representado no Benin, até 31 de maio, por uma delegação governamental da qual participa o presidente Vanderlei Lourenço, da Fundação Cultural Palmares (FCP), acompanhado da Adryelle Braga Arouche Medeiros – Coordenadora de Divulgação do Patrimônio Afro-brasileira.
Trata-se da Missão de Prospecção a Cotonou, a maior cidade do país africano. A cooperação Sul-Sul organizada pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, tem como finalidade contribuir para o desenvolvimento de ações no Benin sobre as demandas de saúde, cultura e agricultura, e, para o fortalecimento da gestão de parques e espaços históricos. O papel da FCP na Missão é apresentar sua experiência em salvaguardar, fomentar e promover os direitos culturais dos negros brasileiros.
A FCP foi a primeira instituição pública voltada para a preservação e a promoção dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Ao longo de seus 30 anos de atuação, se configura como estandarte de proteção ao incontestável instrumento de valorização da memória negra, com destaque para a gestão do Parque Memorial Serra da Barriga em Alagoas, do Cais do Valongo no Rio de Janeiro e a emissão da Certidão de Autodeclaração de Comunidades Remanescentes de Quilombos.
Laços histórico-culturais – Em visita ao embaixador do Brasil no Benin, Luiz Ivaldo, Lourenço tratou de possíveis parcerias pelo fato de os dois países estarem ligados por fortes laços históricos e culturais. Para Lourenço, trata-se do restabelecimento, por parte da Fundação, de relações mais próximas com os países africanos. “Começar pelo Benin é simbólico em função da grande referência que esse país é para a população afro-brasileira”, afirmou.
No período colonial, o Benin abrigou o porto de onde partiu o maior número de pessoas escravizadas do Oeste da África, o Porto de Ouidah. No Brasil, a raiz beninense é muito presente especialmente no Nordeste e Sudeste, pois, em Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro se encontravam os principais portos na época, os quais se conectavam com os portos africanos.
Após a Abolição da Escravatura, muitos beninenses retornaram ao seu país e passaram a ser conhecidos como Agudás, os que permaneceram se vincularam ou deram origem, junto a outros grupos étnicos às comunidades negras rurais e urbanas brasileiras. No local onde existiu o Porto de Ouidah foi construído em 1992 o monumento Porta do Não Retorno, tombado pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
Intercâmbio – Nos três primeiros dias a Missão trabalhou com o compartilhamento de informações técnicas. A ABC apresentou os princípios da cooperação Sul-Sul com o objetivo de garantir o alinhamento de projetos viáveis ao fortalecimento dos dois países nos aspectos referidos. Foram realizadas visitas técnicas à instituições beninenses como o Ministério da Cultura, Esporte e Turismo, o Departamento Nacional do Patrimônio Cultural, a Agência Nacional do Patrimônio Turístico e o Conjunto Artístico Nacional, além de ONGs locais e fundações privadas e culturais.
As equipes envolvidas na cooperação passaram por oficinas a partir das quais identificaram os principais problemas e demandas. O próximo passo terá foco em soluções. Além da oportunidade de realizar acordos de cooperação internacional proporcionada pelo encontro, a Missão representa um passo importante em direção à recuperação e reforço dos laços entre as duas nações e os demais países africanos, uma das diretrizes da nova gestão.