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FCP encerra com chave de ouro mês da Consciência Negra
Alunos das Regionais de Ensino do Cruzeiro, Ceilândia e Gama participaram da “Oficina Palmares: ver poesia e ouvir poemas”
Com uma programação voltada para a promoção de debates, preservação, valorização e disseminação da cultura afro-brasileira, a Fundação Cultural Palmares (FCP) encerrou com chave de ouro as comemorações do mês da Consciência Negra, na última quinta-feira (29).
Por meio das atividades organizadas pelo Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), alunos e professores da rede pública de ensino do Distrito Federal e o público em geral puderam conferir e reconhecer a influência da cultura africana na formação da identidade cultural brasileira.
Alunos das Regionais de Ensino do Cruzeiro, Ceilândia e Gama participaram da “Oficina Palmares: ver poesia e ouvir poemas”, ministrada pelo professor e poeta Jorge Amâncio. De acordo com Amâncio, os alunos aprenderam a fazer poesia se divertindo e ainda conheceram grandes poetas negros, como Solano Trindade, Cristiane Sobral e Adão Ventura.
“Ao mostrar aos alunos como eles podem enxergar poesia em tudo o que eles veem, nós conseguimos atrai-los para o mundo da leitura e, porque não, incentivá-los a se tornarem grandes escritores e poetas brasileiros”, argumenta o professor.
Uma das atividades mais concorridas, a oficina de dança afro com a professora Rose Bárbara, da Universidade Federal da Bahia, mostrou a professores e alunos da rede pública do DF como unir a cultura afro-brasileira a disciplinas aplicadas em sala de aula, como geografia e história, por exemplo.
Segundo Rose, é como apresentar ferramentas que servirão para a aplicação da Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. “Nós trabalhamos com os professores, inclusive, alternativas de como incentivar e acolher alunos com dificuldades de adaptação e portadores de necessidades físicas, por exemplo. Tudo isso é possível por meio da arte, que não tem preconceitos e não impõe barreiras”, afirmou.
África Imoyé – O auditório da FCP também foi palco do lançamento da revista África Imoyé, publicação criada sob inspiração na casa de candomblé Ilê Odé Axé Opô Inlé e que tem como objetivo principal apresentar para a sociedade a cultura e a filosofia dos povos africanos e de seus descendentes.
A cerimônia oficial de lançamento contou com as presenças da jornalista responsável pela publicação, Jô Abreu, do Babalorixá Aurélio de Odé, do Coordenador Geral do CNIRC, Carlos Moura, do chefe de gabinete da FCP, Claudinei Pirelli, que representou o presidente da Fundação, Eloi Ferreira de Araujo.
Segundo Jô Abreu, a África Imoyé não se fechará a nenhuma forma cosmogônica.“Nossa intenção é dar direito de manifestação a todas as formas de pensamento, entretanto, nossa prioridade é ajudar as religiões de matriz africana a encontrar espaço no universo das fés consideradas civilizadas”, garante.
Carlos Moura ressaltou a importância da revista África Imoyé e parabenizou os responsáveis da publicação pela iniciativa de conceber um projeto que abre as portas da África para os brasileiros. “Ao passear pelas matérias que aqui estão os leitores terão oportunidade de conhecer mais sobre a arte, a cultura e a religião da África que está ao sul do Saara, ou seja, a África negra”, enfatizou.
Claudinei Pirelli ressaltou o apoio da Fundação Palmares à publicação e elogiou o projeto gráfico e editorial da revista. “Fico muito feliz em dizer que a FCP apoia uma revista como a África Imoyé, que possui objetivos que vão ao encontro da principal missão da Fundação, que é preservar a cultura afro-brasileira, valorizar as manifestações de matriz africana e promover a igualdade racial”, afirmou.
A solenidade foi encerrada após o Babalorixá Aurélio de Odé fazer uma louvação de agradecimento aos orixás. As pessoas interessadas em receber a revista podem enviar e-mail para ajapaproducoes@gmail.com.
Cine Palmares – “Quando estou na favela sinto-me um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejos”. Essa frase sintetiza a ideia principal do filme “Carolina” (2003), dirigido por Jeferson De e baseado no livro O quarto de despejo, sobre uma catadora de lixo e moradora da favela do Canindé que tinha consciência do poder da palavra e da possibilidade da escrita poder tirá-la da miséria.
O filme marcou a última exibição do Cine Palmares em 2012. A ação faz parte do projeto Noites Culturais em Palmares que tem por objetivo oferecer à sociedade civil a oportunidade de reconhecer as diversas identidades e manifestações culturais afrodescendentes por meio da exibição de filmes, oficinas e debates.
“Carolina” foi debatido pelas professoras Neide Rafael e Renata Parreira, da Secretaria de Educação do Distrito Federal. As professoras falaram sobre a crítica social inserida no filme e no poder das palavras escritas por Carolina de Jesus, que após ter seu diário traduzido para 14 idiomas e publicado em mais de 40 países, saiu da miséria mostrou ao mundo a realidade dos brasileiros que vivem a margem da sociedade.