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Exposição, lançamentos e shows marcam aniversário da Palmares
Na manhã desta segunda (22), foi dado início à semana de comemoração do 28º aniversário da Fundação Cultural Palmares (FCP).
O dia começou com a abertura da exposição fotográfica Raízes, que tem como tema o cabelo e seu papel na construção da identidade da mulher negra. As fotos, feitas com 12 mulheres, são resultado de um trabalho de conclusão de curso universitário (Universidade de Brasília) da fotógrafa Sophia Costa. Visitas à exposição, instalada na sede da FCP, podem ser feitas até sexta-feira (26), das 9h às 17h.
Em encontro com comunidades remanescentes de quilombo, o presidente Erivaldo Oliveira da Silva falou da importância de comemorar essa data e apresentou a nova equipe que estará à frente na sua gestão. Segundo Oliveira, a “equipe será um exemplo de administração e irá onde existir uma comunidade quilombola”.
Durante o evento, as comunidades de Ana Laura (Piracanjuba/GO) e Boa Nova (Professor Jamil/GO), localizadas no estado de Goiás, receberam em mãos a certificação de comunidade remanescente de quilombos.
Além delas, o encontro contou com a presença da comunidade Nossa Senhora Aparecida, do município de Crominia, também do estado de Goiás. A representante da comunidade de Ana Laura, Lucy Helena Roza Tavares, saudou FCP e desejou que a autarquia receba o reconhecimento da população pelas políticas que desenvolve. Lucy conta que quando receberam a certificação foi como se estivessem recebendo uma carta de libertação, pois a partir dela puderam ter acesso às políticas públicas. Para ela, a FCP teve um papel fundamental para o desenvolvimento da população negra, principalmente a quilombola. “Temos a Palmares como responsável da nossa libertação, desse nosso avanço como ser humano. Nós mulheres, que temos uma representatividade grande nas comunidades quilombolas, sentimos muita segurança depois que tivemos esse respaldo da Palmares”, acrescentou.
Durante as apresentações, o grupo As Lalinhas apresentaram o Maculelê, manifestação cultural que conta, através da dança e dos cânticos, a lenda de um jovem guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra rival usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se herói. Aline Alves, coreografa, falou que o grupo se dedica às danças folclóricas e de roda, focado na cultura afro-brasileira.
Apresentando sempre em eventos culturais locais, a última aparição do grupo foi na abertura da passagem da Tocha Olímpica pela região. Segundo Aline, o público ainda sofre certa resistência pela falta de conhecimento, após as apresentações sempre tem especulações sobre o que é a dança Maculelê.
A programação durante a manhã ainda contou com o espetáculo do grupo de percussão Visual Ylê (do Ponto de Cultura Flora do Vale). A banda foi criada com o intuito de levar a cultura quilombola para o Brasil. Segundo Henuza Mendonça, representante do grupo, no início era mais complicado falar sobre cultura negra, a recepção não era boa. Recentemente conseguiram falar mais sobre essa questão racial, tanto no trabalho com a banda, como nas oficinas que também oferecem em outros quilombos. “Quando chegamos em outro lugar, é como se estivéssemos em casa, só que começamos a trocar as experiências, ensinamos percussão e aprendemos danças, músicas; essa troca é muito importante, pois levamos e trazemos conhecimentos entre os quilombos”, acrescentou. Para ela, após a criação da Fundação Cultural Palmares, as oportunidades aumentaram, principalmente na área de cultura.
Durante a tarde, os alunos do Centro de Ensino Médio 03 de Taguatinga e o Centro Educacional 03 de Brazlândia assistiram a exibição do filme Besouro. O filme conta a história de Manoel, lendário capoeirista conhecido como Besouro Mangangá por ser alto e identificar-se com o inseto. O capoeira recebe a função de defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes na época.
A música negra ocupou a Praça dos Artistas
Na Praça dos Artistas, no Setor Comercial Sul, região central de Brasília-DF, vários grupos culturais se apresentaram ao longo da tarde.
Quem abriu a programação foi o Grupo Capoeira Nativa, formada por crianças e jovens das comunidades de Ana Laura (Piracanjuba/GO), Boa Nova (Prof. Jamil/GO) e Nossa Senhora Aparecida (Crominia/GO). Para Mestre Rato, que comanda o grupo, a capoeira “encanta porque, além de ser um esporte bonito, trabalha corpo e mente.” Segundo o mestre, seu trabalho foi abraçado pelas comunidades e, embora existam dificuldades para a manutenção de um grupo de capoeira formado por quilombolas, o convite feito pela Fundação Palmares para comemorar juntos seu aniversário valoriza e reconhece seus esforços.
Em seguida se apresentou o grupo percussivo Visual Ylê, que botou vários transeuntes do Setor Comercial Sul para dançar ciranda. À frente do grupo estão Dona Dalva, pioneira do movimento negro em Goiás, e sua filha Henuza Mendonça, entoando também músicas marcantes dos blocos afro da Bahia.
O grupo Mantendo a Identidade, formado por MC Evelyn, Glauber MC e DJ Nader, trouxe diretamente da Ceilândia um rap vibrante e dançante que não esconde as influências do reggae e do dub jamaicanos. Mesclado a isso, letras ácidas que falam do cotidiano da periferia e críticas contundentes à desigualdade social e ao consumismo.
Encerrando a programação na Praça dos Artistas, apresentou-se o brasiliense George Lacerda, que mostrou ao público em seu show a pluralidade e a riqueza da cultura afro-brasileira passeando com sua banda por várias vertentes daquele que talvez seja o ritmo mais ligado à brasilidade, o samba (samba-canção, sambolero, ijexá, samba de raiz, samba de roda…).
Na manhã desta segunda (22), foi dado início à semana de comemoração do 28º aniversário da Fundação Cultural Palmares (FCP).
O dia começou com a abertura da exposição fotográfica Raízes, que tem como tema o cabelo e seu papel na construção da identidade da mulher negra. As fotos, feitas com 12 mulheres, são resultado de um trabalho de conclusão de curso universitário (Universidade de Brasília) da fotógrafa Sophia Costa. Visitas à exposição, instalada na sede da FCP, podem ser feitas até sexta-feira (26), das 9h às 17h.
Em encontro com comunidades remanescentes de quilombo, o presidente Erivaldo Oliveira da Silva falou da importância de comemorar essa data e apresentou a nova equipe que estará à frente na sua gestão. Segundo Oliveira, a “equipe será um exemplo de administração e irá onde existir uma comunidade quilombola”.
Durante o evento, as comunidades de Ana Laura (Piracanjuba/GO) e Boa Nova (Professor Jamil/GO), localizadas no estado de Goiás, receberam em mãos a certificação de comunidade remanescente de quilombos.
Além delas, o encontro contou com a presença da comunidade Nossa Senhora Aparecida, do município de Crominia, também do estado de Goiás. A representante da comunidade de Ana Laura, Lucy Helena Roza Tavares, saudou FCP e desejou que a autarquia receba o reconhecimento da população pelas políticas que desenvolve. Lucy conta que quando receberam a certificação foi como se estivessem recebendo uma carta de libertação, pois a partir dela puderam ter acesso às políticas públicas. Para ela, a FCP teve um papel fundamental para o desenvolvimento da população negra, principalmente a quilombola. “Temos a Palmares como responsável da nossa libertação, desse nosso avanço como ser humano. Nós mulheres, que temos uma representatividade grande nas comunidades quilombolas, sentimos muita segurança depois que tivemos esse respaldo da Palmares”, acrescentou.
Durante as apresentações, o grupo As Lalinhas apresentaram o Maculelê, manifestação cultural que conta, através da dança e dos cânticos, a lenda de um jovem guerreiro, que sozinho conseguiu defender sua tribo de outra rival usando apenas dois pedaços de pau, tornando-se herói. Aline Alves, coreografa, falou que o grupo se dedica às danças folclóricas e de roda, focado na cultura afro-brasileira.
Apresentando sempre em eventos culturais locais, a última aparição do grupo foi na abertura da passagem da Tocha Olímpica pela região. Segundo Aline, o público ainda sofre certa resistência pela falta de conhecimento, após as apresentações sempre tem especulações sobre o que é a dança Maculelê.
A programação durante a manhã ainda contou com o espetáculo do grupo de percussão Visual Ylê (do Ponto de Cultura Flora do Vale). A banda foi criada com o intuito de levar a cultura quilombola para o Brasil. Segundo Henuza Mendonça, representante do grupo, no início era mais complicado falar sobre cultura negra, a recepção não era boa. Recentemente conseguiram falar mais sobre essa questão racial, tanto no trabalho com a banda, como nas oficinas que também oferecem em outros quilombos. “Quando chegamos em outro lugar, é como se estivéssemos em casa, só que começamos a trocar as experiências, ensinamos percussão e aprendemos danças, músicas; essa troca é muito importante, pois levamos e trazemos conhecimentos entre os quilombos”, acrescentou. Para ela, após a criação da Fundação Cultural Palmares, as oportunidades aumentaram, principalmente na área de cultura.
Durante a tarde, os alunos do Centro de Ensino Médio 03 de Taguatinga e o Centro Educacional 03 de Brazlândia assistiram a exibição do filme Besouro. O filme conta a história de Manoel, lendário capoeirista conhecido como Besouro Mangangá por ser alto e identificar-se com o inseto. O capoeira recebe a função de defender seu povo, combatendo a opressão e o preconceito existentes na época.
A música negra ocupou a Praça dos Artistas
Na Praça dos Artistas, no Setor Comercial Sul, região central de Brasília-DF, vários grupos culturais se apresentaram ao longo da tarde.
Quem abriu a programação foi o Grupo Capoeira Nativa, formada por crianças e jovens das comunidades de Ana Laura (Piracanjuba/GO), Boa Nova (Prof. Jamil/GO) e Nossa Senhora Aparecida (Crominia/GO). Para Mestre Rato, que comanda o grupo, a capoeira “encanta porque, além de ser um esporte bonito, trabalha corpo e mente.” Segundo o mestre, seu trabalho foi abraçado pelas comunidades e, embora existam dificuldades para a manutenção de um grupo de capoeira formado por quilombolas, o convite feito pela Fundação Palmares para comemorar juntos seu aniversário valoriza e reconhece seus esforços.
Em seguida se apresentou o grupo percussivo Visual Ylê, que botou vários transeuntes do Setor Comercial Sul para dançar ciranda. À frente do grupo estão Dona Dalva, pioneira do movimento negro em Goiás, e sua filha Henuza Mendonça, entoando também músicas marcantes dos blocos afro da Bahia.
O grupo Mantendo a Identidade, formado por MC Evelyn, Glauber MC e DJ Nader, trouxe diretamente da Ceilândia um rap vibrante e dançante que não esconde as influências do reggae e do dub jamaicanos. Mesclado a isso, letras ácidas que falam do cotidiano da periferia e críticas contundentes à desigualdade social e ao consumismo.
Encerrando a programação na Praça dos Artistas, apresentou-se o brasiliense George Lacerda, que mostrou ao público em seu show a pluralidade e a riqueza da cultura afro-brasileira passeando com sua banda por várias vertentes daquele que talvez seja o ritmo mais ligado à brasilidade, o samba (samba-canção, sambolero, ijexá, samba de raiz, samba de roda…).
Seguem as comemorações
O evento continuará durante toda a semana. Além da exposição fotográfica e do Cine Palmares, será realizado um Ritual de matriz africana de benção ao aniversário da FCP, juntamente com o cortejo feito pelo grupo percussivo Baduayó Filhas de Oyá, e o lançamento do projeto de Mapeamento de Casas de Matriz Africana do DF – Etapa Cartografia.
Seguem as comemorações
O evento continuará durante toda a semana. Além da exposição fotográfica e do Cine Palmares, será realizado um Ritual de matriz africana de benção ao aniversário da FCP, juntamente com o cortejo feito pelo grupo percussivo Baduayó Filhas de Oyá, e o lançamento do projeto de Mapeamento de Casas de Matriz Africana do DF – Etapa Cartografia.