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Evento Interconexões começa em Brasília
Combater o racismo e fortalecer a cultura afro-brasileira. Com essa perspectiva, aconteceu, na tarde desta segunda-feira, 21 de agosto, em Brasília, a abertura do Interconexões. O conjunto de atividades comemora os 29 anos da Fundação Cultural Palmares, comemorados nesta terça-feira (22) e dos 55 anos da Universidade de Brasília (UnB), celebrados em 21 de abril. A programação segue até novembro na UnB.
O evento também marcou o início do I Encontro de Cineastas e Produtoras Negras que homenageia Adélia Sampaio, primeira cineasta negra brasileira. A mostra competitiva do Encontro será na terça, quarta (23) e quinta (24). O resultado dos vencedores sai na sexta (25).
A mesa da solenidade contou com as participações do presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, do secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), João Batista da Silva, da secretária interina de Articulação e Desenvolvimento Institucional do MinC, Magali Moura, da doutora em Cinema pela UnB Edileuza Penha de Souza, da diretora de Desenvolvimento e Integração Regional e Social do Decanato de Extensão da Universidade, Iracilda Carvalho, e da cineasta e presidente da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro, Viviane Ferreira. Também participou da cerimônia Carolina Costa, assessora da Diretoria da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Erivaldo Oliveira. Destacou que o Encontro de Cineastas e Produtoras Negras deverá ter sua experiência replicada pelo país. “Este encontro é muito importante porque o preconceito se manifesta mais forte com as mulheres negras. Temos como pilar combater o racismo em todas as suas faces, além de preservar e divulgar a cultura afro-brasileira”, opinou.
Segundo Erivaldo, o Brasil precisa de mais negros no mercado audiovisual, que deve refletir a trajetória dos afro-brasileiros. “Vamos fazer filmes sobre os quilombolas, sobre os terreiros, para contar a nossa história”, destacou. O presidente da Palmares assinalou a importância da parceria com a UnB no Interconexões. “Aqui temos um centro irradiador do conhecimento, vital para enfrentar o preconceito. Nesse sentido, estamos levando a educação da cultura afro-brasileira às escolas do país com o kit O que Você Sabe sobre a África?”, lembrou.
Joao Batista da Silva, secretário do Audiovisual, falou de editais do MinC para estimular a diversidade e que receberam enorme adesão, inclusive de cineastas de comunidades quilombolas. “Sabemos que o racismo no Brasil é velado, que se expressa no dia a dia. Estamos criando novos editais enfatizando tanto a questão de gênero quanto racial porque entendemos que a política do audiovisual precisa envolver o empoderamento, para que se construa uma sociedade mais igualitária. Queremos que essa política afirmativa seja constante”, declarou João Batista.
A cineasta Viviane Ferreira elogiou a iniciativa do Encontro. “Essa mostra diz muito sobre nós na busca de um marco civilizatório racial, com a possibilidade de diálogo com o governo”, disse. Edileuza Penha de Souza afirmou que o evento realiza um sonho. “Esta mostra foi possível graças ao edital do MinC Mais Cultura nas Universidades e ao apoio da minha equipe e dos estudantes”, comentou.
Iracilda Carvalho, do Decanato de Extensão da UnB, ressaltou a importância de se romper com a cultura machista e racista. “Interessante trazer essa produção que quebra paradigmas. Fazer esse evento é uma ousadia, em um momento de explosão de racismo no mundo inteiro”.
Na sequência, houve exibição do filme Alma no Olho, de Zózimo Bulbul, e uma mesa de debates com a professora Edileuza Penha de Souza, com a figurinista Biza Vianna, viúva de Zózimo Bulbul, e das cineastas Viviane Ferreira Flora Egécia e Larissa Fulana de Tal.