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Estudantes africanos dizem que incêndio na UnB foi criminoso
Publicado em
28/03/2007 09h00
Atualizado em
04/06/2024 10h11
Brasília, 28/3/07 – Parte do alojamento dos estudantes da Universidade de Brasília (UnB) pegou fogo na manhã desta quarta-feira (28). Alunos africanos dizem que o incêndio foi criminoso, as portas de seus apartamentos ficaram completamente destruídas. De acordo com os alunos, não foi a primeira tentativa de agressão contra o grupo. Os estudantes contam que acordaram de madrugada com o fogo. “Nós tentamos sair pela janela do segundo piso, mas não conseguimos. Nossos amigos e vizinhos vieram e gritaram pra gente tentar abrir a porta, só que a maçaneta estava muito quente e tinha muito fogo”, conta a estudante de Sociologia Mbalia Manfore.
“Eles implicaram com a gente. Já chegaram a ameaçar. Disseram que a gente não pode ficar no alojamento, que a gente é africano e está tirando o direito dos brasileiros”, diz o estudante de Ciências Sociais Adilson Fernandez.
“Eles implicaram com a gente. Já chegaram a ameaçar. Disseram que a gente não pode ficar no alojamento, que a gente é africano e está tirando o direito dos brasileiros”, diz o estudante de Ciências Sociais Adilson Fernandez.
Investigações
O incêndio só foi controlado depois que um segurança da Universidade de Brasília acionou os extintores. A Polícia Federal foi chamada para investigar o caso e a Polícia Civil vai fazer a perícia do local ainda hoje. O decano de assuntos comunitários da UnB, Reynaldo Tarelho, acredita que o incêndio foi mais um ato de vandalismo do que um ato de preconceito contra os africanos.
O decano comentou que é difícil imaginar esse tipo de racismo dentro de uma universidade como a UnB que tem um histórico de luta pela igualdade social. “É inconcebível, principalmente numa universidade como a UnB, que é uma precursora em estabelecimento de cotas, de expansão, de busca da juventude nas cidades satélites, como estamos fazendo agora”, disse Reynaldo Tarelho. Nenhum estudante africano ficou ferido. Se os culpados forem identificados, podem responder criminalmente e ainda ser expulsos da universidade.