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ENTREVISTA EXCLUSIVA: Diretor de Trampolim do Forte fala sobre o filme
O longa-metragem Trampolim do Forte, de João Rodrigo Mattos, estará na jornada cinematográfica promovida pela Fundação Cultural Palmares para comemorar o Dia Nacional da Cultura, no próximo dia 5 de novembro. A exibição do filme integra a programação do seminário Qual é a face negra da mídia?, que contará também com a exibição dos filmes Jardim das Folhas Sagradas e Bróder!. Cada uma dessas produções aborda temas estreitamente ligados ao cotidiano dos afro-brasileiros.
Os dramas sociais retratados na tela serão objeto de debate, com a presença de artistas, profissionais ligados à cultura e público em geral. O evento será realizado em Brasília/DF, no Museu Nacional Honestino Guimarães, a partir das 9h. Em entrevista exclusiva ao site da Palmares, João Rodrigo Mattos falou sobre a questão racial presente no filme; abordou as ações de responsabilidade social que permearam a produção, entre elas o projeto Trampolim das artes; e comentou o tema central do evento, Qual é a face negra da mídia?.
Trampolim do Forte é um dos três longas selecionados para a jornada cinematográfica promovida pela Fundação Cultural Palmares, para celebrar o Dia Nacional da Cultura. Sob qual perspectiva o longa aborda a questão racial?
O longa aborda uma questão universal, que é a importância da infância. Levando-se em consideração que a narrativa do Trampolim do Forte se passa completamente em Salvador, a maior capital negra do País, tangenciar a questão racial foi incontornável, sobretudo sob a perspectiva das minorias, no caso específico, as crianças. Problemas como a exploração do trabalho infantil, turismo sexual, delinquência, exploração sexual infantil e preconceito fazem parte da reflexão do Trampolim do Forte sobre a situação infância hoje no Brasil e no mundo.
A produção de Trampolim do Forte demonstra forte compromisso com ações de responsabilidade social. Como diretor, você levou esse comprometimento para a tela?
As condições e riscos a que as crianças do mundo estão submetidas hoje em dia – não só nos países em desenvolvimento, mas nos de primeiro mundo também – ocorrem em grande parte pela demora e hesitação da comunidade internacional em construir uma agenda comum e comprometida em torno do tema. Isso é urgente, pois a palavra criança tem um sinônimo que é a palavra futuro. Acredito que o Trampolim dá o seu contributo e se compromete nessa batalha, na medida em que retrata esse status quo da infância brasileira na primeira década do século XXI. Daqui a dez anos poderemos rever o filme e perguntar: “Ok, alguma coisa mudou?”. Tomara que sim.
A equipe de Trampolim investiu na ideia de um cinema formador e transformador, ao promover ações concretas envolvendo a comunidade. Quais foram essas iniciativas?
Na verdade, construímos um projeto com um arco de parcerias que foi importantíssimo para o êxito do filme: Projeto Axé, C.R.I.A, Fundacion Avina e UNICEF, que compreenderam a proposta e nos ajudaram a erguer o Trampolim das artes. Depois de 400 testes, 45 alunos de diferentes procedências frequentaram esta escola que, durante dois meses, ofereceu uma formação ampla, com aulas de interpretação, teatro, corpo, capoeira, voz, acompanhamento psicológico e palestras sobre planejamento familiar e DSTs / AIDS. O resultado disso está na tela, a interpretação visceralmente verdadeira deles. Muitas dessas crianças já fizeram outros longas e curtas, estão em temporadas nos teatros, mas, acima de tudo, tiveram uma experiência formadora que todas reportam como inesquecível.
Na sua avaliação, reproduzindo a questão central do seminário, qual é a face negra da mídia?
Essa é uma pergunta de dois gumes. A face negra – e má – da mídia é a que vemos no dia-a-dia: os meios de comunicação altamente comprometidos com interesses particulares e toda a manipulação das massas que advém disso. Isso significa um atraso, na medida em que os meios que poderiam potencializar a evolução de uma sociedade através da informação e educação não o faz, pelo simples fato de que a conscientização das massas não interessa e pode se tornar deveras perigosa para estas minorias que controlam a grande mídia. Já a face negra – e boa – da mídia são, por exemplo, as canções do Gilberto Gil, a Margareth cantando a plenos pulmões, o grupo Nós do morro, a orquestra adolescente Neojibá, da Bahia, as obras do Marepe, os filmes do Joel Zito Araújo e as atuações do Lázaro Ramos, Luís Miranda e Flavio Bauraqui, só pra citar alguns que representam muitos!
Sinopse
Trampolim do Forte retrata o cotidiano de crianças de faixas etárias e classes sociais distintas, em especial das de origem humilde, que frenquentam o Trampolim do Forte, ponto de encontro da badalada praia do Porto da Barra, em Salvador/BA. O filme transcende a estória de crianças que vivem em situações-limite e fala sobre a importância da infância com doses equilibradas de aventura, drama, suspense, humor, romance e poesia, em uma estória mágica e incrivelmente real.
A trama gira em torno de estórias como as de Déo e Felizardo, dupla de amigos que faz do Trampolim um templo diário de brincadeiras, troca de experiências e expressão de criatividade; e, dos saltos, uma válvula de escape para a difícil vida de trabalho nas ruas. O filme é fruto da observação in loco do roteirista e diretor João Mattos, que na infância e adolescência foi frequentador assíduo do local. O roteiro, escrito como uma espécie de etnografia fictícia, é baseado em experiências reais de observação, cuja estória traduz e discute os dramas cotidianos deste grupo de amigos.
Ficha Técnica
Roteiro e Direção: João Rodrigo Mattos
Elenco: Lúcio Lima (Déo), Adailson dos Santos (Felizardo), Everton Machado (Fuleirinho), Laís Rocha (Flor da Pele), Rafael Souza (Caga Seco), Wesley Guimarães (Mingo), Manoela Santiago (Bel Prazeres), Darinka Moreno (Lis Boa), Paloma Bonfim (Dora Avante), Felipe Miranda (Furico), Heron dos Anjos (Michel Michê), Jéssica Duarte (Teteia), Wallace de Jesus (Calçola), Luís Miranda (Reverendo Magalhães), Marcélia Cartaxo (Dona do Céu), Zéu Britto (Fã Clube), Diego Oliveira (João Rapagão), Cláudia di Moura (Dona Generosa), Fernando Neves (padrasto), Wilson Mello (papai garotão), Angelo Flávio (Hannah Barbera), Alex Muniz (Tia Arilma) e Bertho Filho (Altamirando)
Site: www.trampolimdoforte.com.br
Blog: http://trampolimdoforte.blogspot.com
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=Z8pr8mZZdRU
O seminário
Serviço
Seminário Qual é a face negra da mídia?
Data: 5 de novembro de 2010
Horário: A partir das 9h
Local: Museu Nacional Honestino Guimarães
Endereço: Conjunto Cultural da República – Esplanada dos Ministérios – Brasília/DF
Inscrições
A Fundação Cultural Palmares oferece 100 vagas gratuitas para participação do público no seminário. Para fazer a inscrição, deve-se seguir a programação abaixo:
Programação 01
Turno da manhã. Seminário Qual é a Face Negra da Mídia? (9h as 12h)
Programação 02
Turno da tarde. Exibição de filmes (14h as 18h)
Filme 01: Bróder (14h30)
Filme 02: Trampolim do Forte (16h30)
Programação 03
Turno noturno. Exibição de filme (19h as 21h)
Filme 03: Jardim das Folhas Sagradas (19h30)
Depois de escolher a programação desejada, o interessado deve enviar uma mensagem para o endereço eletrônico diadacultura@palmares.gov.br, com os seguintes dados:
NOME:
DATA DE NASCIMENTO:
CI:
ATIVIDADE PROFISSIONAL:
PROGRAMAÇÃO QUE DESEJA: (01, 02 OU 03)
Observações importantes: Professores, organizações não-governamentais e grupos culturais podem solicitar inscrição de grupos. As inscrições serão aceitas até o preenchimento das 100 vagas disponíveis e apenas estarão confirmadas com o recebimento, por e-mail, de resposta da coordenação do evento. Na data do seminário haverá, na entrada do Museu Nacional Honestino Guimarães, uma lista com o nome de todos os inscritos.