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Energia elétrica chega ao quilombo de Marambaia
O presidente da Palmares, Eloi Ferreira, entre moradores da comunidade de Marambaia
Com informações da Agência Brasil
Com cerca de 100 anos de atraso, a energia elétrica chegou para parte dos quilombolas da Ilha da Marambaia, na Baía de Sepetiba, Rio de Janeiro, na última quinta-feira (08). O Programa Luz para Todos, do Ministério de Minas e Energia, agora, passa a beneficiar 95 das 270 famílias do quilombo.
Segundo Eloi Ferreira, presidente da Fundação Cultural Palmares, a instituição se empenhou para que o projeto, fruto de parcerias entre diversos órgãos governamentais, chegasse a essa comunidade. “Marambaia merece ter acesso a esse item tão importante na vida moderna que é a energia elétrica”, disse. “Fico honrado em participar de um momento tão especial”, completou.
Entre outras autoridades participaram da inauguração do sistema de eletrificação, o deputado Edson Santos, os ministros Edison Lobão e Luiz Sérgio e o comandante da Marinha, Almirante Júlio Soares de Moura Neto.
Acessível somente pelo mar, a comunidade de descendentes de escravos, vive sem geladeira em casa, ferro elétrico e computador, a energia resultante de um gerador a óleo era suficiente para assistir à televisão e ligar um rádio. Com a instalação do novo sistema, além do bem estar será possível também investir em alternativas de desenvolvimento sustentável para a comunidade.
Porém, a energia só foi instalada nas casas mais antigas. As famílias mais jovens, não são reconhecidas como novos núcleos pela Marinha, administradora da ilha. O sistema levou cerca de três anos para ser implantando e teve um custo de R$ 10,5 milhões devido a necessidade de nove quilômetros de cabos submarinos. A obra só foi possível com investimentos dos governos federal e estadual, em parceria com a Ampla, concessionária de energia.
Outros desafios – Além do atraso no acesso a energia elétrica, a comunidade de Marambaia enfrenta outros desafios para manter sua cultura e tradições. Apesar da certificação da Fundação Palmares e do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Quilombo trava uma disputa pela regularização de 1,6 mil hectares dos 8,1 mil hectares da ilha com a Marinha.
Os militares querem instalar uma base de submarinos no local e recorreram à Justiça para expulsar os quilombolas, além de impedir a reforma das casas. O principal argumento dos militares é o fato da Ilha ser uma área de segurança nacional, que não deve estar acessível a civis. Ao mesmo tempo questionam a caracterização da população negra enquanto grupo remanescente de quilombo, curiosamente mencionada pela própria Marinha do Brasil em documentos oficiais datados de 1997.