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Encontro Nacional de Mulheres Negras: Uma trajetória de 30 anos
O Encontro Nacional de Mulheres Negras 30 Anos: contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil aconteceu nos dias 6 e 9 de dezembro de 2018, em Goiânia, estado de Goiás. Cerca de mil ativistas do movimento de mulheres negras, participantes dos processos organizativos nos estados e no Distrito Federal, se fizeram presentes neste encontro histórico que rememorou também os 30 anos do I Encontro Nacional de Mulheres Negras. Desde 1988 o movimento visa enfrentar o racismo, o sexismo e todas as formas de opressão às mulheres negras a partir de organização própria, autônoma e protagonista destas, retomando a trajetória de africanas e afro-brasileiras de exercer liderança sobre sua própria vida, comunidade e espaço político.
A singularidade do Movimento de Mulheres Negras, frente ao Movimento Negro e ao Movimento Feminista advém das especificidades das pautas da mulher negra, em detrimento de políticas universalistas e da suposta igualdade dos movimentos negro e feminista,ao incluir as categorias ‘‘gênero’’ e ‘‘raça’’ na agenda. Ao se afirmarem enquanto sujeitos políticos, foi preciso às mulheres negras, como ressaltado por Sueli Carneiro, Enegrecer o feminismo e politizar as desigualdades de gênero.
Diante disto, em 1988, ano que marcou a luta por direitos no Brasil, a partir da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro, da criação da Fundação Cultural Palmares, em 22 de agosto e do centenário da abolição formal da escravatura, foi realizado, na cidade de Valença/RJ, o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, marco na organização da luta política e social destas, reunindo mulheres vindas das cidades, das periferias, quilombolas, trabalhadoras domésticas, artistas, religiosas de matriz africana e estudantes.
30 anos depois, estas mulheres novamente se reúnem para rememorar e avaliar os avanços na luta pela justiça social e pelo bem viver. O evento contou com a presença de mulheres negras importantes na história do movimento.
Rodas de saberes marcaram a semana do Encontro. As pautas tratavam de diversos assuntos, tais quais afroempreendedorismo, tipos de racismo, saúde das mulheres negras, feminismo negro e violência contra a mulher negra.
A norte americana, ex pantera negra e filósofa Angela Davis argumentou sobre violência de gênero, combate ao sexismo, papel da mulher negra e importância de construção de novas lideranças. Conceição Evaristo, doutora em Literatura, e um dos maiores nomes da literatura negra no Brasil, autografou suas obras durante o encontro. Marielle Franco, vereadora assassinada, foi lembrada por sua trajetória na luta pelo empoderamento feminino e contra violência de gênero.
A coordenadora executiva da CONAQ, Sandra Braga, também participou do evento em Goiânia e afirmou: “Foi debatido pautas importantes para as mulheres negras, principalmente os espaços de poder. Esse diálogo foi necessário para levar voz às mulheres negras, uma verdadeira troca de saberes”.
O Encontro Nacional de Mulheres Negras reuniu, além de personalidades importantes, mulheres de todo país e movimentos sociais femininos para debater e propor caminhos para construção de uma sociedade justa e igualitária.