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Em discurso, presidente da Palmares fala das conquistas da cultura negra
Créditos: Estúdio Foto´ Art
A pré-Conferência Nacional de Cultura Afro-Brasileira foi aberta ontem (24) à tarde, em Brasília, com a presença de delegados, militantes, atores, representantes de religiões de matriz africana e demais protagonistas da cultura afro-brasileira. O encontro apresentará propostas do setor para a 2ª Conferência Nacional de Cultura (CNC) que acontecerá entre os dias 11 e 14 de março, também na capital federal.
Na mesa de abertura estavam Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura e organizadora do evento; a secretária de Articulação Institucional do Ministério da Cultura e coordenadora executiva do Programa Mais Cultura, Silvana Meireles, representando o ministro Juca Ferreira, o embaixador do Senegal no Brasil, Fodé Seck; o cantor baiano Lazzo Matumbi; mãe Railda de Oxum; o jornalista e editor da Revista Raça, Maurício Pestana e o deputado federal Zezéu Ribeiro (PT-BA).
Na platéia, após a benção de mãe Railda – a mais antiga yalorixá de Brasília, com 50 anos de iniciada -o público presenciava um momento histórico, que a secretária Silvana Meireles interpretou como significativo, “pois valoriza as lutas travadas por um movimento que busca seu espaço no campo das políticas públicas”.
Segundo ela, diferentemente da 1º Conferência Nacional de Cultura, que buscou um recorte regional, na 2º Conferência o recorte é setorial e inclui os vários segmentos que têm assento no Conselho Nacional de Política Cultural, fruto de uma reivindicação da 1º Conferência. Ao todo serão 19 pré-conferências: dança, circo, teatro, música, artes visuais, livro e leitura, culturas afro-brasileiras, culturas dos povos indígenas, culturas populares, audiovisual, arte digital, arquivos, museus, patrimônio material, patrimônio imaterial, arquitetura, moda, design e artesanato.
Zulu Araújo, após agradecer e apresentar toda sua equipe, fez um relato das conquistas dos últimos anos da Fundação Palmares e disse, de forma clara, que a cultura brasileira tem nome, endereço e CPF, ou seja, é basicamente composta por negros e índios. Entre outras coisas falou da transformação da capoeira em patrimônio cultural brasileiro e da luta para transformá-la em patrimônio cultural da humanidade. Falou também da luta para defender as baianas do acarajé e transformar esse ofício em patrimônio cultural brasileiro.
“Uma homenagem não apenas ao fazer o acarajé, mas uma homenagem às mulheres: 300 mil pessoas são sustentadas pelas baianas do acarajé na cidade do Salvador. São quase 10 mil mulheres que lideram as famílias, dão de comer, de beber, de vestir, vendendo acarajé e reconhecer isso é reconhecer não só esse papel e esse trabalho, mas principalmente é não permitir aquele crime que a Igreja Universal do Reino de Deus estava cometendo em Salvador. o de querer transformar o acarajé em bolinho de cristo. É um crime, temos que dizer isto”.
Após a abertura do evento, delegados e observadores participaram da palestra do advogado e professor de direito da Faculdade Federal da Bahia, Samuel Vida, sobre Cultura, Diversidade, Cidadania e Desenvolvimento na Cultura Afro-brasileira. No final do dia os delegados aprovaram o regimento interno para hoje, dia 25, começarem a discutir o papel da cultura afro na cultura brasileira.
A atividade cultural do dia ficou por conta do movimento hip-hop do DF Zulu, da Ceilândia, Distrito Federal -, que integra música, dança, grafite e rap. Para eles, o DF Zulu é bem mais que uma turma de jovens que dançam breaking ou que fazem grafite – é a união de ideais de uma cultura que se difunde nas ruas, que tem consciência das necessidades e dificuldades do povo da periferia.
Assessoria de Comunicação da FCP