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Édson Bispo dos Santos e o período de ouro do basquete brasileiro
Édson Bispo dos Santos, nascido no Rio de Janeiro, em 27 de maio de 1935, iniciou sua carreira de jogador de basquete no ano de 1952, no Vasco da Gama, tendo posteriormente atuado também pelo Corinthians, Palmeiras e Hebraica. Com seus 1,98m de altura e grande precisão nos arremessos, chegou à seleção brasileira com pouco menos de 20 anos de idade.
Édson integrou a seleção do Brasil no período áureo de nosso basquetebol. Entre o final da década de 1940 e meados da década de 1960, o Brasil, na modalidade masculina, era uma das potências do basquete mundial. Em 1948, havíamos já conquistado a medalha de bronze nas Olimpíadas de Londres , contudo, é a partir da Era Kanela , apelido do paraibano Togo Renan Soares, que treinou a seleção masculina de 1951 a 1971, que o Brasil despontou e se consolidou como uma das grandes equipes do cenário internacional.
Integrado a esse dream team tupiniquim em 1954, Édson Bispo, logo em seguida, conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México (1955), marcando 21 pontos em 4 jogos. O time brasileiro tinha entre seus titulares Algodão, Wlamir Marques, Almir, Amaury Passos e Mayr Facci.
A partir de 1956, o jogador assumiu a posição titular no quinteto brasileiro e representou o país nas Olimpíadas de Melbourne (Austrália), quando o time alcançou um modesto 6º lugar. Dois anos depois, todavia, o ex-pivô ajudou o Brasil a quebrar, no Chile, um jejum de mais de 12 anos sem um título internacional ao ganhar o Campeonato Sul-Americano , título conquistado pela terceira vez na história do basquete nacional.
Em 1959, esse mesmo grupo, formado por Algodão, Wlamir Marques, Amaury Pasos, Édson Bispo (atleta, na época, do Corinthians) e Waldemar Blatskauskas, novamente em Santiago (Chile), conquistou o inédito título mundial. A seleção de basquete fez uma grande campanha, vencendo o Canadá, México, China, Bulgária, Estados Unidos e Chile. Com duas derrotas para a União Soviética (URSS), o Brasil, no somatório geral teria ficado com o vice-campeonato, mas como a seleção da URSS se negou a entrar em quadra para entrar a equipe de Formosa, acabou eliminada pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) e o Brasil herdou o troféu. Ao longo do campeonato, Édson marcou 90 pontos. No embalo da conquista, o Brasil foi jogar os Jogos Pan-Americanos de 1959 , em Chicago (EUA), no qual ficou, pela terceira vez em sua história, com uma medalha de bronze.
No ano de 1960, Édson Bispo, que a partir de então passaria mais de uma década jogando pelo Palmeiras, conquistou a primeira das duas medalhas que ele próprio considerava como as mais importantes de sua carreira. Nas Olimpíadas de Roma (Itália), a seleção brasileira de basquete masculino ficou com a medalha de bronze, feito que se repetiria em 1964, nas Olimpíadas de Tóquio (Japão).
Em entrevista concedida à Confederação Brasileira de Basketball (CBB), Édson Bispo dos Santos afirmou:
“ Todo pódio é uma emoção inesquecível. Ser campeão mundial foi uma conquista realmente maravilhosa. Mas nada se compara a uma medalha olímpica. Por mais importante que seja um Mundial, para mim a Olimpíada tem um significado ainda maior e as duas medalhas de bronze que conquistei são o meu grande tesouro.”
Ainda em 1960, na Argentina, voltou a ganhar o título de campeão sul-americano, marcando sua maior pontuação entre as conquistas como integrante da seleção brasileira. Foram 94 pontos em seis jogos.
Um pouco antes do bronze nas Olimpíadas de Tóquio , Édson Bispo disputou pelo Brasil a final do Jogos Pan-Americanos de São Paulo (1963) contra a equipe dos Estados Unidos, ficando com a medalha de prata. Naquele mesmo ano, poucos dias após o fim do Pan de São Paulo , a seleção brasileira conquistaria o bicampeonato mundial, após vencer Itália, Porto Rico, França, Estados Unidos, União Soviética e Iugoslávia. Porém, Édson não fora escalado para o time brasileiro.
Em 1967, o lendário técnico Kanela não foi com o Brasil aos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg (Canadá). Para substituí-lo, o time foi comandado pelo jogador-treinador Édson Bispo. Porém, esta não foi uma boa estreia para o pivô brasileiro, pois o mesmo time de tantas façanhas, fracassou retumbantemente. Jogando com o quinteto titular formado por Mosquito, Wlamir Marques, Victor Mirshauswka, Amaury Pasos e Luiz Cláudio Menon, o Brasil ficou com um 7º lugar, depois de ser derrotado por México e Cuba.
Três anos depois, Édson Bispo saiu do Palmeiras e passou defender a Hebraica, clube pelo qual encerrou a grandiosa carreira no ano de 1973. No entanto, mesmo ainda atuando como jogador pela equipe paulista, Édson, incentivado pelo próprio Kanela, substituiu-o no ano de 1971 no comando da seleção brasileira. A tarefa representava um grande desafio, já que o Brasil havia se inserido no primeiro escalão do basquete mundial e queria manter-se lá. Chegou àquele nível dado à fantástica geração de atletas formada entre os anos 1940 e 1960 e pela visão de jogo do “Velho Togo”. Eram 7 torneios seguidos terminando entre os 4 melhores do mundo (4 Mundiais e 3 Olimpíadas).
Entre 1971 e 1976, o ex-pivô assumiu o posto de técnico da seleção de basquetebol. Nesse período, apesar do time brasileiro ter ficado pela primeira vez fora de uma edição dos Jogos Olímpicos, sob o comando de Édson Bispo alcançou títulos expressivos: uma inédita medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Cali (Colômbia), em 1971; o título do Campeonato Sul-Americano em Bogotá (Colômbia), em 1973; a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México , em 1975; e o segundo lugar no Campeonato Sul-Americano em Medelín (Colômbia), em 1976.
Como jogador, Édson marcou 589 pontos em 60 jogos pela seleção brasileira em competições oficias. Já como treinador, pela seleção masculina, Édson dirigiu 53 jogos (40 vitórias e 13 derrotas) em 7 competições oficiais.
No final da vida, Édson Bispo dos Santos, se dedicou ao trabalho voluntário em um projeto de basquete com crianças, vinculado à Associação dos Veteranos do Basquete do Estado de São Paulo (AVEBESP).
O ex-pivô da seleção brasileira de basquete, faleceu no dia 12 de fevereiro de 2011, em São Paulo, vítima de infarto agudo do miocárdio.
Fontes:
http://goo.gl/7VDxTE
http://goo.gl/TxQrm0
http://goo.gl/ahho85
https://goo.gl/8LuO8B