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Editais incentivam presença negra no audiovisual brasileiro
O Ministério da Cultura (MinC) lançou nesta quarta-feira (7), em Brasília, 11 editais para o setor de Audiovisual, dentro do programa Audiovisual Gera Futuro. Boa parte desses editais tem como característica a destinação de cotas a mulheres, negros, indígenas, novos realizadores e profissionais que atuem fora do eixo Rio-São Paulo. O presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Erivaldo Oliveira, e a diretoria da instituição prestigiaram o evento, que aconteceu na sede do MinC, na Esplanada dos Ministérios.
O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, apresentou os editais, que totalizam montante de R$ 80 milhões e irão contemplar até 250 projetos. O programa Audiovisual Gera Futuro deve disponibilizar R$ 1 bilhão em 2018, cujas linhas serão operadas pela Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura e pela Agência Nacional do Cinema (Ancine).
Sá Leitão destacou que um dos objetivos dos editais é ampliar a presença das mulheres, dos negros e dos indígenas no setor. A iniciativa teve como importante motivação estudo realizado pela Ancine com base nos 142 filmes brasileiros lançados em 2016. O levantamento apontou enormes desigualdades de gênero e de raça na produção nacional.
A Agência constatou que 75,4% das películas foram dirigidas por homens brancos e apenas 2,1% por homens negros. As mulheres brancas dirigiram 19,7% dos filmes, no entanto nenhuma mulher negra desempenhou esta função no universo analisado. Nos roteiros, o cenário não difere significativamente. Os roteiros foram assinados por 59,9% de homens brancos, por 16,2% de mulheres brancas e outra vez por 2,1% de homens negros. Novamente, nenhuma mulher negra roteirizou um filme no conjunto estudado.
A maioria absoluta dos editais do MinC estipula cotas mínimas para presença de negros e indígenas (25%), mulheres (50%), novos realizadores (50%), projetos da região Sul, Espírito Santo e Minas Gerais (20%) e das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (50%). Há ainda edital específico para realização de Documentários com Temas Afro-Brasileiros e Indígenas. Neste, as cotas para os negros ficam em pelo menos 50%.
Para o presidente da Fundação Palmares, Erivaldo Oliveira, os novos editais constituem importante mecanismo para inclusão dos afro-brasileiros na criação do audiovisual. “Vamos mobilizar a população negra para que participe em peso deste processo. Será uma oportunidade de contarmos as nossas histórias e de mudarmos o cenário da desigualdade racial, que acaba se refletindo em nossas telas”, afirmou Erivaldo.
O presidente também lembrou que nas comemorações dos 29 anos da Fundação Cultural Palmares, em agosto de 2017, a instituição promoveu o Encontro de Cineastas e Produtoras Negras – Mostra de Cinema Negro, Debate e Sessões, durante o projeto Interconexões, realizado em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Na ocasião, houve homenagem a Adélia Sampaio, primeira mulher negra a dirigir um filme de longa metragem no Brasil. O ministro Sérgio Sá Leitão ressaltou na cerimônia desta quarta-feira que Adélia Sampaio inspirou o lançamento dos editais.
Todos os editais serão publicados no Diário Oficial da União até 26 de fevereiro. A partir da publicação, as inscrições poderão ser feitas pelo portal do Ministério da Cultura (www.cultura.gov.br). Saiba mais sobre a campanha Cultura Gera Futuro no site http://culturagerafuturo.com/