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36 ANOS
Diálogos palmarinos celebram (re)nascimento da Palmares
Mesa de abertura das celebrações pelos 36 anos da Fundação Cultural Palmares
Foram muitos diálogos. Diálogos palmarinos. Sob o tema “Afirmação e presença negra na gestão cultural”, o seminário comemorativo dos 36 anos da Fundação Cultural Palmares (FCP) abriu o primeiro dia de trabalho – e festa.
Festa da virada negra.
Na nova casa, o tom foi de análise, reflexão, proposições. Sob mediação de Lindivaldo Júnior, diretor do Sistema Nacional de Cultura (SNC), gestores, servidores, colaboradores, artistas e lideranças quilombolas inauguraram os falares.
Abrem-se algumas aspas:
“A Fundação Cultural Palmares é uma das instituições mais importantes da República, apesar das tentativas de acabar com ela. Não foi possível, né?” (Lindivaldo Oliveira Leite Junior)
“A fundação é vetor de diálogo interestadual muito importante para a defesa das políticas quilombolas, priorizando demandas que muitas vezes são ignorados pelos municípios” (Yuri Silva, diretor do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial).
“A lei do Sistema Nacional de Cultura é marca da gestão do Ministério da Cultura, e dialoga de forma internacional. A cultura negra brasileira voltou a seu lugar de destaque no cenário mundial” (Roberta Martins, secretária dos Comitês de Cultura do MinC).
“Tivemos muitas tentativas de apagamento, mas o presidente João Jorge, com seu diálogo junto aos movimentos sociais e culturais, formou bases sólidas para uma fundação que caminha para o futuro” (Mariana Braga, assessora especial de Participação Social e Diversidade do MinC).
“O movimento negro é a esperança para nosso país, somos transatlânticos, e a Fundação Palmares e uma articulação ancestral” (João Jorge, presidente da Fundação Cultural Palmares).
Fecham-se as aspas.
No período da tarde, os debates giraram em torno de intervenções negras nos conselhos de políticas culturais, colegiados e coletivos de construção de políticas. Mediadas por Luci Souza, coordenadora dos Colegiados Setoriais de Cultura do MinC, mais aspas abertas:
A Fundação Cultural Palmares é fundamental para as culturas tradicionais. É um espaço, dentro do Governo Federal, que lida com a identidade cultural do Brasil (Pedro Neto, consultor da Organização do Estados Ibero-americanos no MinC)
“A Palmares agora tem uma casa e o Distrito Federal também. A importância da fundação é está na afirmação da identidade e no reconhecimento da população negra de Brasília” (Cláudia Maciel, do Comitê de Cultura do Distrito Federal).
E mais aspas. Estas, sobre experiências de resultados das ações afirmativas na Lei Paulo Gustavo, em mesa coordenada por Nelson Mendes, diretor do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira da FCP.
“É uma alegria chegar na sede da Fundação Palmares e ver que dos escombros se ergueu um palácio. A instituição nos dá experiência, metodologia, diretriz, formulação teórica e política” (Amanda Cunha, da Secult-BA).
“A sensação que sinto ao chegar aqui é de que não estou sozinha. A Fundação Cultural Palmares me conecta com meus ancestrais” (Yara Nunes, secretária de Cultura do Goiás).
“Chegar aqui, ser acolhida por esse quilombo urbano e ver de perto a Palmares comemorar 36 anos de existência, para nós, é uma retomada. A instituição está sendo retomada pela população negra do Brasil” (Giane Elisa, diretora-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage).
Dizeres múltiplos, sob múltiplas perspectivas, mas que, em uníssono, demonstraram que se pode até tentar, mas jamais calarão a voz dos afro-brasileiros.
Performance do grupo Obará encerrou as atividades do dia. Hoje, as celebrações recomeçam, com mais falares e emoções:
- depoimentos de ex-presidentes da Fundação Cultural Palmares;
- assinatura de protocolo entre a Palmares e a Fundação Banco do Brasil;
- execução de hino nacional;
- exibição de vídeo sobre a Palmares;
- descerramento da placa alusiva à nova sede