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Dez anos da Seppir são marcados por emoção e manifestação
Por Mônica Santos
A manhã desta quinta-feira (21), foi marcada pela cerimônia de comemoração dos dez anos da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão ligado à Presidência da República, que tem entre outras finalidades, a missão pela formulação, coordenação e articulação de políticas e diretrizes para a promoção da igualdade racial no Brasil.
O evento, que ocorreu na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, em Brasília, contou com as presenças de representantes do Governo Federal e da ONU, parlamentares, embaixadores dos países africanos, artistas, representantes das comunidades quilombola, cigana, de religião de matriz africana e do presidente da Fundação Palmares, Hilton Cobra.
Na abertura, o presidente da Empresa Brasileira dos Correios e Telegráfos (ECT), Wagner Pinheiro Oliveira, ao lado da ministra da Seppir, Luiza Bairros, fez o lançamento do Selo da Série América: Luta contra a Discriminação Racial (emissão especial comemorativa ao aniversário da Secretaria e ao Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial).
“ Com esta iniciativa ratificamos o empenho dos Correios em trabalhar por causas mobilizadoras que enriquecem nossa identidade nacional e contribuem para a superação das desigualdades e a construção de uma sociedade mais justa”, disse o presidente da ECT.
Wagner Oliveira ainda acrescentou que nesses dez anos da Seppir é importante destacar a luta dos movimentos sociais no sentido de combater o racismo e a vontade política do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma. “ É o projeto de um Brasil solidário e igualitário”, concluiu.
Após a fala de Oliveira e apresentação do vídeo institucional Uma Década de Igualdade Racial, que retrata momentos históricos da luta do movimento negro e as conquistas obtidas nos últimos anos, os participantes foram surpreendidos pela manifestação de um grupo de jovens ligado à Assembleia Nacional dos Estudantes Livres contra o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
“A nossa luta é todo dia contra o racismo e a homofobia”, foi o grito entoado. Nas faixas, a reivindicação: Fora Feliciano. A manifestação foi aplaudida por um público de quase mil pessoas. Além de acusações de casos de racismo e homofobia, Feliciano também responde a processos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos momentos de muita emoção, foi a homenagem aos atores Lázaro Ramos e Zezeh Barbosa pela atuação em Lado a Lado. João Ximenes Braga, um dos autores da novela, recebeu das mãos do presidente da Fundação Palmares a condecoração.
Emocionado, Lázaro Ramos não conteve as lágrimas e disse que este foi o primeiro reconhecimento à novela, o qual considera extremamente importante por vir da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. “Parabenizo a Seppir pelo trabalho que faz para promover a igualdade racial e agradeço a todos que assistiram e não deixaram que a novela morresse”, ressaltou.
Para o ator, as diversas manifestações da população ao dizer que gostou da novela foram importantes para mostrar a emissora como o negro quer ser visto _ “Com dignidade e mostrando os nossos heróis”, afirmou. “Queremos ver mais heróis como os retratados em Lado a Lado e menos Marco Feliciano”, acrescentou.
A atriz Zezeh Barbosa disse que não imaginava ver essa mudança da teledramaturgia. “Para fazer uma novela dessa é preciso ter consciência. É importante mostrar o respeito a todas as religiões”, enfatizou. A emoção foi ainda maior quando a cantora Margareth Menezes, com sua voz forte e marcante, entrou no palco cantando e recitando Alegria da Cidade.
Durante a comemoração dos dez anos da Seppir, pessoas que contribuíram para a efetivação de importantes marcos para a promoção da igualdade racial também foram lembradas e homenageadas, a exemplo do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, representado por Flávio Jorge, do Instituto Lula e os ex-ministros da secretaria, Eloi Ferreira de Araujo, Edson Santos e Matilde Ribeiro.
De acordo com a primeira ministra a comandar a pasta e hoje secretária adjunta da Secretaria de Promoção da Igualdade Social de São Paulo, Matilde Ribeiro, “o Brasil negou, durante muito tempo, a existência do racismo e o que aconteceu após a escravidão. Construir essa política exige dedicação, não só por quem está à frente da pasta, mas por todos os brasileiros”.
Em seu discurso, a ministra da Seppir, Luiza Bairros, destacou que o movimento negro brasileiro teve um papel relevante no processo de luta contra o “aparthaid” e o dia 21 de março sempre foi o símbolo de luta contra o racismo. “À Seppir cabe fortalecer a disposição do governo em combater o racismo, uma vez que foram décadas de tentativas para negá-lo no Brasil. Nesse processo, muitas pessoas se perderam na invisibilidade.”
Para Bairros, existe hoje no país uma tentativa de diminuir as desigualdades sociais, mas ainda há muito o que se fazer. “A existência da Seppir e os avanços que dela emergiram colocam para o Estado um compromisso ainda maior para atender as demandas da população negra”, enfatiza.