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Conexões entre o Brasil e África: Aliança entre Embaixada de Gana e FCP
Foto: Nathane Santana
Nesta quarta-feira (14), o presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Rodrigues, reuniu-se com representantes ganeses no Centro Histórico de Salvador, onde consagrou mais um capítulo na longa história de conexões entre o Brasil e a África. O evento cultural simbolizou a continuidade das relações ancestrais entre os dois continentes.
Esteve presente, Abena Busia, Embaixadora de Gana no Brasil; Alhaji Abdulai Ali, Chefe da Comunidade Zongo (Fulani-Gana); Nana Edward Ofori, Chefe de Desenvolvimento do Reino Ashanti; e Mohammed Nurudeen Abubakar Ali, jovem Hauça onde puderam discutir a instalação da Casa de Gana em Salvador.
Na solenidade, o presidente João Jorge Rodrigues, recebeu de Nana Ofori um par de sandálias e um Kente (tecidos dos reis africanos) bordado com seu nome, como um ato não apenas de hospitalidade, mas um ritual que simboliza admissão à família global africana, reiterando que, antes de qualquer formalidade, existe uma união Ubuntu entre irmãos.
Acompanhados pelas crianças da Banda Mirim do Olodum, os visitantes ganeses puderam apreciar a repercussão sonora cujas batidas refletem a história compartilhada, a ancestralidade e o vínculo cultural entre a Bahia e o continente africano. A importância da Casa de Gana como um marco na celebração e preservação da herança africana na Bahia.
Além disso, a análise se estende às contribuições da diáspora africana para a cultura brasileira, especialmente na pequena África, onde a influência da cultura é fundamental em aspectos que vão da culinária à religião, passando pela música e dança.
PRESIDENTE DA FCP É HOMENAGEADO NO CARNAVAL DE SALVADOR POR EMBAIXADA DE GANA
Honrosamente, o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Santos Rodrigues, foi homenageado no último sábado, 10 de fevereiro de 2024, no Camarote Casa de Gana, instalado no Pelourinho, em Salvador.
O projeto Casa de Gana foi inaugurado em Salvador em novembro de 2023, durante uma ocupação que aconteceu no Salvador Capital Afro. O projeto retornou com cerca de 30 artistas, empresários, lideranças e autoridades ganesas, promovendo um espaço de vivências que passeiam pela arte, história, gastronomia, moda, artesanato, música e danças tradicionais e contemporâneas, oportunizando uma rica imersão na cultura desse país localizado na África Ocidental.
A Embaixadora de Gana, Abena P. Busia, destacou que o carnaval em Salvador possui elementos similares com alguns dos festivais e cerimônias realizadas em Gana, além disso, ela ainda enfatizou a contribuição de João Jorge Rodrigues na promoção e preservação da cultura afro-baiana. “A música percussiva, as fantasias nas vestimentas, os desfiles em grupos afrocentrados. Tudo isso nos é familiar. A Bahia tem muito da África, especialmente características de Gana, tornando emocionante fazer esse intercâmbio. João Jorge é um trabalhador cultural focado, um baiano que tem muito orgulho de suas raízes e um guerreiro que não tem medo de lutar pelos direitos e cidadania dos afro-diaspóricos”.
João Jorge fala da importância do bloco Ilê Ayê para a cultura afro-brasileira
Em entrevista, o presidente Fundação Cultural Palmares (FCP), João Jorge Santos Rodrigues, destacou a importância do bloco Ilê Ayê, primeiro bloco afro do Brasil que se consolidou como uma das expressões culturais do Carnaval de Salvador.
Em novembro, o ilê Ayê irá completar 50 anos. O bloco inspirou o tema do carnaval de Salvador esse ano, o qual reverencia o legado dos blocos afro para o desenvolvimento sócio cultural e do turismo na Bahia e valoriza o trabalho sócio educacional com adolescentes e jovens que realizam há décadas.
Fundado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu, o ilê Ayê constitui um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil. A expressão significa, em língua iorubá, Mundo negro ou Casa de negro ou ainda Casa da Terra.
SOBRE GANA E RELAÇÃO COM O BRASIL
Localizado na costa oeste da África, Gana é um país de diversidade étnica e cultural. Seu território é ocupado por diferentes povos como os Akan, Mole-Dagbon, Ewe, Ga-Dangme, entre outros. Essa diversidade é refletida nas tradições, línguas e práticas culturais do país que ganham importante expressão através da música, dança e artesanato. O país é um dos maiores produtores de ouro do mundo e também está envolvido na extração de bauxita, diamantes e manganês.
Brasil e Gana estabeleceram relações diplomáticas em 1960. A embaixada em Acra - capital de Gana, foi a primeira do Brasil na África Subsaariana. A embaixada de Gana em Brasília é a única do país na América do Sul.
Grande parte dos africanos escravizados que foram embarcados para o Brasil pertenciam à costa da África Ocidental, e aqueles que foram repatriados e voltaram à Gana até hoje são chamados de “Tabom”, que vem da expressão em português "Tá bom". Eles trouxeram consigo muitas habilidades, incluindo a construção da primeira casa de dois andares em Accra - capital de Gana, conhecida como Casa Brasil.
Nos anos 1960 e 1970, as relações foram marcadas pela agenda comum voltada para a condenação ao apartheid e para a autodeterminação dos povos, entre outros temas. Na década de 1980, Gana co patrocinou o projeto de resolução apresentado pelo Brasil na ONU para a criação da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). Gana tem sido importante parceiro do Brasil na África Ocidental, o que se reflete na intensificação do diálogo político e do comércio bilateral e no fortalecimento da cooperação técnica.