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Comissão de Cultura Faz Vistoria Técnica à Fundação Cultural Palmares
Pela primeira vez em seus 33 anos de existência, a Fundação Cultural Palmares recebeu uma vistoria técnica. O motivo da vistoria foi o de subsidiar a Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados para uma avaliação sobre o acervo bibliográfico e iconográfico da instituição.
O deflagrador de tal ineditismo, após décadas sem que ninguém se preocupasse com a integridade do acervo, foi o Relatório Público 1 ( leia aqui ) , no qual constata-se que parte do conjunto bibliográfico da Fundação é composta por obras marxistas, sendo, portanto, desviantes da Missão Institucional. Entretanto, esse conjunto de obras de cunho flagrantemente militante não será doado, mas comporá o que foi batizado de o “Acervo da Vergonha”, ocupando uma sala especial, separada do acervo de temática negra.
Outra constatação importante do Relatório Público 1 foi a de que o acervo bibliográfico está extremamente defasado, sem a presença de nenhuma grande obra de temática negra publicada nos últimos trinta anos. É um acervo estacionado no passado.
A principal reação a este primeiro e importante desnudamento do acervo não foi de reconhecimento ou de ato solidário para atualizá-lo, mas de uma diligência na sede da Palmares, visando zelar pela inadequação e obsolescência do acervo. Chefiada pelas deputadas Alice Portugal, do Partido Comunista do Brasil; e pelas petistas Benedita da Silva e Erika Kokay, a comitiva vistoriou as salas e concluiu que era necessária uma vistoria técnica, a qual ocorreu nos dias 05 e 06 de agosto.
A Comissão Técnica que vistoriou a Palmares foi composta por Juçara Faria, Chefe do Setor de Coordenação de Preservação de Bens Culturais (COBEC); Orlando Borges, Técnico de Conservação; e Viviam Santiago, Conservadora e Restauradora. Os profissionais foram recebidos por Marco Frenette, Coordenador do Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (CNIRC), e depois acompanhados pela equipe da Palmares, composta por Guilherme Bruno dos Santos, Coordenador de Disseminação da Informação; Isabella Barbosa, Coordenadora de Estudos e Pesquisas; e Gustavo Carvalho, Chefe de Divisão de Estudos e Pesquisas.
Os dados colhidos pela equipe técnica, tais como temperatura ambiente, estado de conservação das obras e imagens das salas serão repassadas para a Comissão de Cultura. Vale ressaltar que os parlamentares desta Comissão nunca demonstraram preocupação com a conservação do acervo e nem destinaram recursos para sua renovação via emendas parlamentares.
Na gestão do presidente Sérgio Camargo, a Fundação Palmares saiu de um prédio onde pagava um aluguel quatro vezes superior ao valor de mercado, e mudou-se para um imóvel pertencente à União, gerando uma economia de milhões à União. Esta nova sede, após passar por ampla reforma, abrigará o CEMA – Centro de Estudos Machado de Assis, o qual oferecerá ao público um acervo atualizado e diretamente centrado na temática negra. O CEMA também terá espaços de convivência, de exposições e de cursos. Será a chegada da Palmares ao século 21.
A Palmares também está em processo de contratação de bibliotecário, além de ter iniciado tratativas com vinculadas do Ministério do Turismo para compartilhamento de corpo técnico que auxiliará na futura ampliação e atualização do acervo.