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Comemorando a diversidade
festeja a valorização da cultura afro-brasileira
Começa nesta segunda-feira, dia 17/08, a comemoração do 21º aniversário da Fundação Cultural Palmares. Neste primeiro dia, o congraçamento se dará na sessão solene, que reunirá no auditório da sede da Fundação, funcionários, convidados e autoridades.
A seguir, a abertura da exposição Negrice Cristal, do fotógrafo Januário Garcia. Segundo suas palavras, “sob o olhar ideológico, somos desiguais, mas o olhar cultural nos torna igual. Essa contradição nos persegue desde o período da escravidão. Os africanos, que aqui chegaram na condição de escravizados, eram considerados “coisas” e desprovidos de humanidade. A “humanidade” do escravo só era reconhecida, quando ele cometia crimes, porque era julgado pelos tribunais, como qualquer cidadão. No meu trabalho, apresento e realço “esse negro jeito de ser”, presente nos africanos e em seus descendentes. Procuro, através do meu olhar fotográfico, mostrar que nós, negros, temos maneiras de representar, simbolicamente e de forma original, os usos e costumes, valores materiais e imateriais, sem passar pelas desqualificações impostas pelo conceito do “exótico e do “primitivo”, mesmo vivendo dentro dos padrões ideológicos e culturais ocidentais, que discriminam o que chamariam de “o nosso jeito de ser”.
A próxima atração fica por conta dos integrantes do Jongo da Serrinha e do grupo Benkos Kusuto de la comunidad del Palenque de Basílio, da Colômbia, a partir das 18h, em frente à sede da Fundação Palmares.
O Jongo da Serrinha é um dos mais expressivos grupos de cultura popular do país. O Jongo é uma mistura de dança e música de origem africana e que influenciou diversas tradições brasileiras, em especial, o samba carioca.
O Jongo da Serrinha já tem 40 anos de história. O grupo de Madureira, Rio de Janeiro, foi fundado por Mestre Darcy e sua mãe, Vovó Maria Joana Rezadeira que, preocupados com a extinção do jongo na cidade, transformaram a antiga dança praticada nos quintais da Serrinha num belo espetáculo.
O grupo Benkos Kusuto é formado por quatro dos músicos mais destacados e reconhecidos percussionistas da comunidade de Palenque de São Basílio, na Colômbia, que vem especialmente para as comemorações do aniversário da Fundação Cultural Palmares, com o apoio e patrocínio da ACUA – Programa Regional de Apoio às populações Rurais de Ascendência Africana da América Latina.
O grupo é formado por Eduin Valdez – portador da tradição musical da dinastia Valdez – reconhecida como a família musical de Palenque – além de ser um expoente das músicas e das danças folclóricas e integrante do grupo Sexteto Tabalá; Moraima Hernández – referência em danças folclóricas, coreógrafa e pesquisadora dos ritmos afro-colombianos, além de rezadeira, dirigente da religiosidade palenqueira e instrutora de música e dança da Escola Batata; Adreus Valdez Torres – coordenador do Festival de Tambores, membro do Sexteto Tabalá, instrutor de música e dança da Escola Batata, também é referência em danças folclóricas, coreógrafo e pesquisador dos ritmos do Palenque; João Salgado Julio – um dos mais reconhecidos e destacados jovens percussionistas da comunidade de San Basílio, interpreta com destreza todo o conjunto de tambores existentes em Palenque.
Neste mesmo dia têm início as oficinas de chula e de percussão. A oficina de chula será ministrada por Roberto Mendes, no auditório da FCP, nos dias 17 e 18, pela manhã e à tarde. A chula é um ritmo característico do Recôncavo Baiano, uma espécie de samba de roda, que se tornou mais conhecido no Brasil através de algumas gravações de Caetano Veloso e Bethânia. Roberto Mendes é considerado por muitos críticos como um dos maiores compositores e violonistas brasileiros surgidos nos últimos vinte anos.
A oficina de percussão será ministrada por Mário Pan, do dia 17 ao dia 20, no Galpão da Funarte (Eixo Monumental próximo à Torre de TV), das 9h às 12h e das 14h às 17h. Mário Pam, fundador do curso de percussão da Escola Band-Erê, banda mirim do Ylê Aiyê, ajuda a comandar os 150 percussionistas que fazem parte do Ilê que desfila durante o Carnaval de Salvador. Ministra aulas de percussão para diversos grupos na Europa e Estados Unidos, em universidades e escolas de música. Como percussionista e arranjador musical, já participou das gravações de diversos artistas: do Ilê Aiyê, do Teatro Vila Velha, da Igreja Rosário dos Pretos, da Banda Mel, de Virgínia Rodrigues, de Morais Moreira, de Simone Sampaio, de 100 Anos de Tropicália, da cantora Finlandesa Bjork e do Senegalês Cheikn Lô.
Confira o restante da programação:
18/08
18 às 20h – Mostra Cultural – Maracatu do baque solto – Pernambuco e “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá” – sede da FCP
19/08
18 às 20h -Mostra Cultural – Tambor de Crioula, Grupo Bahía Trio (Colômbia) e convidados – sede da FCP
20/08
9 às 18h – Encontro de Mestres de Capoeira (com a participação de mais de 100 mestres vindos de várias cidades do Brasil) – Auditório FCP
18 às 19h – Mostra Cultural – Roda de Capoeira – Mestre Cláudio(Maceió/AL) – sede da FCP
21/08
10h – Cortejo da Lavagem – Terreiro Ilê Ase Ode Onisegum – Pai Ribamar (com a participação da cantora Margareth Menezes) – sede da FCP
11h – Resultado da Oficina de Percussão – sede da FCP
12h – Degustação de Comida Afro-Brasileira – sede da FCP
13h – Mostra Cultural – Samba de Roda Suerdick – Bahia, Congada Contos do Congo – Minas Gerais – sede da FCP
22/08
9 às 12h – Oficina de Ritmos Afro del Caribe y el Pacífico – Galpão da Funarte
21h – TEATRO NACIONAL
Desfile de Moda – Estilista Rodnei, de Minas Gerais
Abertura: “Entre dos mares: ensamble musical de Colombia, Ecuador y Panamá”
Entrega do Troféu Palmares
Show Luis Melodia e Lazzo Matumbi