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Começa a celebração de mais um aniversário da Palmares
Foto: Januário Garcia
Ao completar 21 anos e festejar sua trajetória, a confirmação
de que a FCP já nasceu grande para uma grande causa
Essa foi a sensação de todos os presentes neste primeiro dia em que se festeja 21 anos da instituição que foi criada para lutar pela igualdade racial no Brasil e pela valorização e preservação da cultura afro-brasileira.
Ao abrir os trabalhos, o presidente da FCP, Zulu Araújo, ressaltou a luta dos movimentos negros que foram decisivos na criação da Fundação Cultural Palmares. “Podemos dizer que a criação da Fundação Palmares contribuiu para que o exercício da cidadania e a promoção da igualdade no Brasil subissem mais um degrau”, disse ele.
Ainda segundo Zulu Araújo, “nessa trajetória de 21 anos, a liderança que a Fundação exerceu no campo institucional é incontestável. Esteve presente nos múltiplos espaços onde a questão racial se desenrolava. Na luta pela aprovação do Estatuto da Igualdade racial, no Congresso Nacional, e na defesa dos quilombolas. Na valorização, preservação e difusão das manifestações culturais afro-brasileiras e na campanha pela cotas na Universidade. No registro da capoeira como Patrimônio Cultural Brasileiro e na articulação latino-americana para a criação de políticas públicas de cultura que incluam os afrodescendentes”.
Participaram do evento de abertura convidados, religiosos do candomblé e da umbanda, políticos, autoridades e embaixadores de diversos países do Continente Africano e da América Latina. Depois da benção da Mãe Railda, a deputada distrital Érica Kokai exaltou a luta dos movimentos que tem hoje na Fundação Palmares sua maior expressão. “São 21 anos de uma instituição que nos permite ter um imaginário de Nação – cindida ainda por tantas casas grandes”.
Para a deputada, o Brasil ainda não superou as casas grandes e senzalas, por isso tem que aprender a exercer o luto. Assim como o luto da ditadura, o da escravidão. Explica ela: “Fazer luto significa reconhecer os instrumentos sutis da casa grande, que quer desconstruir as ações afirmativas. Por isso, é preciso ter clareza absoluta de que a desigualdade penaliza os negros, principalmente as mulheres”.
Érica Kokai declarou ainda ser bom ter a Fundação Palmares, que nos ensina e revela que as expressões culturais deste país tem cor e também para que “possamos reconstruir a lógica de que a humanidade é uma só, que cabe todas as etnias e cores”.
O representante do Programa Regional de Apoio às Populações Rurais de Ascendência Africana da América Latina (ACUA), David Soto, declarou sua satisfação em ser parceiro da Fundação Palmares na divulgação da cultura afro-descendente e afirmou a disposição da entidade em colaborar para colocar o Observatório Afro-Latino definitivamente na pauta das Américas.
O embaixador do Benin, Isidore Benjamim Amedee Monsi, fez referência à idade adulta da Fundação Palmares de seu comportamento para fazer valer suas iniciativas para a formação da cultura e da diversidade do Brasil.
Conta ele o quanto o povo do Benin gosta do Brasil e a sua admiração pelo povo brasileiro. “Este país multirracial, de cultura plural, aqui temos brancos, pretos, amarelos, diferentes peles, mas temos uma só alma brasileira”, declarou ele para exaltar que o Brasil é exemplo para o mundo,uma lição da diversidade, “e vocês devem ter orgulho disso”. Para ele, a Fundação Palmares está ajudando a construir um mundo novo, com respeito à diversidade e construindo a cidadania
O ex-presidente da Fundação Palmares, Carlos Moura, incansável na luta pela igualdade racial no Brasil, louvou os 21 anos da instituição e contou um pouco da luta que foi a construção dessa trajetória. “A Fundação Palmares já nasceu grande, no sentido da construção de um Brasil livre de preconceito”, afirmou.
Carlos Moura também elogiou a atuação do presidente Lula na condução das políticas de afirmação da diversidade. “A partir de 2003, o Estado incorporou na sua agenda a temática da igualdade racial, tornando realidade nossas aspirações no processo de combate à exclusão à discriminação”, e deu exemplos – o Prouni, as cotas nas universidades, as políticas de proteção aos povos remanescentes de quilombos, entre outras.
O ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos, colocou em evidência as relações entre a FCP e a Seppir, que, para ele, só reforçam a luta por um país livre de preconceitos. Para ele, a criação da FCP deu visibilidade à presença do negro na sociedade brasileira.
Manifestaram-se ainda o embaixador da Colômbia, Tony Jozami Amar, o decano do Grupo de Embaixadores Africanos, Thomas Bvuma, e o diretor do Departamento de África do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Simas.