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COJIRA-DF promete defender os valores da cidadania e da igualdade racial
Publicado em
17/09/2007 16h00
Atualizado em
20/05/2024 11h10
Brasília, 17/9/07 – Lançada há pouco mais de 15 dias, a Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial no Distrito Federal – formada com o apoio do Sindicato dos Jornalistas de Brasília a partir da mobilização dos profissionais da comunicação – terá pela frente um enorme trabalho ao assumir compromisso de classe na defesa dos princípios da cidadania, da ética, da valorização da diversidade e de idênticas oportunidades em favor da luta pela igualdade racial. Em entrevista ao Portal Palmares, um dos idealizadores da COJIRA-DF, o professor e jornalista Sionei Leão, explica um pouco da atuação e dos objetivos dessa Comissão.
Portal Palmares: O que é a COJIRA e quais seus principais objetivos?
Sionei Leão: É uma comissão formulada no meio sindical voltada para a defesa dos valores da igualdade racial, de formulações, nesse sentido, tanto do segmento do mercado de trabalho quanto da cobertura noticiosa brasileira.
Portal Palmares: O que é a COJIRA e quais seus principais objetivos?
Sionei Leão: É uma comissão formulada no meio sindical voltada para a defesa dos valores da igualdade racial, de formulações, nesse sentido, tanto do segmento do mercado de trabalho quanto da cobertura noticiosa brasileira.
Portal Palmares: Qual a importância desta Comissão ser formada aqui em Brasília?
Sionei Leão: Temos que levar em conta que Brasília é a sede da República, ou seja, do governo federal. Por essa razão, estamos num setor estratégico, onde ocorrem as tomadas de decisões que afetam milhões de brasileiros, país afora, mas que têm repercussão, igualmente, na imprensa. Além disso, Brasília e o Distrito Federal contam com veículos de comunicação importantes, cursos de jornalismo, correspondentes internacionais, sem esquecermos da população negra que habita essa região, população muito expressiva.
Portal Palmares: Quando surgiu a idéia de formar essa Comissão?
Sionei Leão: Temos que levar em conta que Brasília é a sede da República, ou seja, do governo federal. Por essa razão, estamos num setor estratégico, onde ocorrem as tomadas de decisões que afetam milhões de brasileiros, país afora, mas que têm repercussão, igualmente, na imprensa. Além disso, Brasília e o Distrito Federal contam com veículos de comunicação importantes, cursos de jornalismo, correspondentes internacionais, sem esquecermos da população negra que habita essa região, população muito expressiva.
Portal Palmares: Quando surgiu a idéia de formar essa Comissão?
Sionei Leão: Desde o ano passado venho fazendo contatos locais e com outras regiões, sobretudo, São Paulo. No mês de maio, deste ano, passamos a nos reunir. Inicialmente foram cinco pessoas. Hoje temos quinze membros que rotineiramente comparecem às reuniões. Esse grupo é formado por profissionais de diversos segmentos, como redação, assessoria, televisão, enfim.
Portal Palmares: Os próximos encontros já estão marcados?
Sionei Leão: Nós vamos continuar a nos reunir periodicamente, talvez a cada quinze dias. Mas o que importa, após o lançamento, é fazermos um planejamento estratégico para definir quais são os projetos e em qual prazo vamos implementá-los.
Portal Palmares: Os próximos encontros já estão marcados?
Sionei Leão: Nós vamos continuar a nos reunir periodicamente, talvez a cada quinze dias. Mas o que importa, após o lançamento, é fazermos um planejamento estratégico para definir quais são os projetos e em qual prazo vamos implementá-los.
Portal Palmares: Onde e como a COJIRA pretende atuar?
Sionei Leão: Desde logo, há a noção de utilizarmos os produtos da imprensa, da técnica jornalística, voltada para a temática das relações raciais. Por assim dizer, na minha visão, a coluna da comissão requer, invariavelmente, os conceitos de pauta, reportagem, edição, distribuição e divulgação. Nós da Cojira podemos lançar mão de produtos como jornais, revistas, livros-reportagens, sites, blogs. Há uma proposta que tenho defendido contundentemente, que é a de elaborarmos um mídia-training para ativistas sociais, sindicalistas, profissionais de comunicação, empresários, mas com ênfase nas relações raciais.
Portal Palmares: A COJIRA atua também em outros estados?
Sionei Leão: Fomos precedidos pelo surgimento de núcleos e comissões criadas por jornalistas de São Paulo, em 2000, do Rio Grande do Sul, em 2001, e do Rio de Janeiro, em 2003. Existe um grupo de pessoas interessadas em organizar uma estância semelhante no Estado do Alagoas e em Salvador até onde tenho conhecimento.
Portal Palmares: O que você acha da ausência de notícias e informações sobre a cultura afro-brasileira e sobre o próprio negro dentro das grandes mídias?
Sionei Leão: Do meu ponto de vista, existe farta informação sobre a cultura afro-brasileira na mídia. O que pode ser questionado é a abordagem que se dá a essas expressões, ou seja, os estereótipos, a simplificação, enfim. A sociedade brasileira dialoga de maneira intensa com esse universo, mas com a emergência do Movimento Social Negro desponta uma nova compreensão, uma crítica pertinente e reivindicatória muito salutar, que se ampara no bojo da identidade e da diversidade. Daí a importância de termos um organismo como a Fundação Cultural Palmares cuja missão está afeta às manifestações culturais.No que se refere à imprensa, segmento que nos interessa (a Cojira) de forma mais detida, a análise é contraditória e complexa. Nos dias atuais, vigora uma insatisfação à cobertura que vem sendo dada a temática das cotas e dos quilombolas no Brasil. Ocorre que a imprensa quando cumpre o seu papel incomoda. O jornalismo existe para a crítica ao poder. O que nos cabe avaliar na Cojira é se esse contraponto não tem extrapolado a linha do razoável, se não exagera e, até mesmo, descamba para a ma fé.
Portal Palmares: O jornalismo brasileiro também é preconceituoso?
Sionei Leão: Quando usamos o termo jornalismo e imprensa é decisivo pensar que esse é um universo da liberdade e da independência. Portanto, não existe uma só voz na imprensa, se isso acontecer é o fim. Nas leituras que faço dá para perceber posturas de invisibilidade, de antagonismo, de simpatia e mesmo desprezo e descrença à questão racial. Quando as vozes são muitas e diversas, podemos contar pela imprensa com um retrato dos ramos de poder e das variantes da sociedade. Por assim dizer, a imprensa é um “varejo, não um atacado”.
Portal Palmares: A Fundação Cultural Palmares produziu há 5 meses uma pesquisa – Onde está o negro na tv pública? Nele há algumas revelações já sabidas, como a baixa inserção de profissionais negros na tv pública, a baixa veiculação de programas voltados para a população negra ou com temática afro. Gostaria de saber o que o senhor acha sobre os dados lá apresentados.
Sionei Leão: Essa pesquisa merece elogios, pois foi feita de modo sério e metodológico. Aliás, abordar relações raciais amparadas em estatísticas é uma conquista de uma mentalidade do Movimento Negro de décadas passadas, justamente, para conseguirmos mais qualidade na análise. A pesquisa a que você se refere tem esse mérito, mais do que isso, o estudo mostrou que os jornalistas negros estão pouco presentes nas redações televisivas, o que não espanta, mas é decisivo verificarmos isso a luz de dados.
Portal Palmares: Por fim, gostaria de saber quem compõe a presidência e diretoria da COJIRA.
Sionei Leão: Nós não temos ainda uma direção. Esse é um passo futuro. Em reuniões anteriores chegamos a esboçar a estrutura de subcomissões, cada uma cuidando de áreas específicas, creio que isso ocorrerá no curto prazo, mas o que importa é garantirmos a cultura da participação e da horizontalidade das decisões.
Mais informações sobre a Cojira-DF, acesse: www.cojiradf.wordpress.com