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CINEMA: Arte, emoção e política
Mahamat-Saleh Haroun, diretor do filme, conversa com Zulu Araújo sobre a obra durante coquetel
Por Sal Freire
Um Homem que grita, filme premiado pelo júri popular no Festival de Cannes 2010, suscitou, além da profunda emoção causada pelo drama proposto pelo diretor Mahamat-Saleh Haroun, diversos questionamentos nos espectadores que foram à pré-estréia, promovida pela embaixada francesa, na última terça-feira (9). Após a exibição, o diretor africano nascido no Chade participou de um debate com o público, mediado pelo embaixador da França no Brasil Yves Saint-Geours. Presente à exibição, Zulu Araújo, presidente da Fundação Cultural Palmares, aproveitou o colóquio para perguntar sobre o intercâmbio do Brasil com o continente africano na área do audiovisual. Haroun sugeriu, então, que a Palmares inicie um processo para “criar passarelas” por onde possam transitar as produções das duas regiões do Planeta. Questões estéticas sobre a construção do longa e políticas como a origem da guerra civil que, há 40 anos, assola o pequeno país do norte da África foram detalhadamente respondidas pelo diretor.
Sobre o filme, uma dolorosa trama tecida com longos, silenciosos e belíssimos planos-sequência, que tem a guerra a atravessar cruelmente a vida das pessoas, Mahamat-Saleh disse que ele foi integralmente rodado no Chade. Em muitos momentos com “medo nas entranhas” pelo risco das batalhas próximas das locações. Sobre a guerra, o diretor citou, dentre as diversas e complexas variantes que formam e conformam um conflito armado desta natureza, a participação da França, país que colonizou o Chade por 60 anos (1900-1960), no apoio a grupos ora para proteger ora desestabilizar governos.
Prestigiaram a exibição as embaixadas de Camarões, Marrocos e Suíça; representante do Chade no Brasil; a Secretaria de Políticas da Promoção Racial; a fotógrafa camaronesa Angèle Etoundi Essamba; o staff da embaixada da França e convidados. Após o debate, foi oferecido um coquetel a todos que prestigiaram o evento.