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Celebração de Parceria com o Pará
Ministério da Cultura e Governo do Estado firmam acordo de cooperação no âmbito do Programa Mais Cultura
Na Região Norte, depois do Amapá e do Acre, foi a vez do Pará fazer sua adesão ao Programa Mais Cultura. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, e a governadora do estado, Ana Júlia Carepa, assinaram o Acordo de Cooperação nesta terça-feira, dia 6 de maio, no Museu do Forte do Castelo, em Belém.
O ministro Gilberto Gil destacou que o Mais Cultura assume a iniciativa promissora de articular Cultura, Meio Ambiente, Saúde e estratégias de desenvolvimento local. “Nasce de uma articulação que se consolida no planejamento e ações integradas do Estado, em seus diferentes níveis de governo, da iniciativa privada e das organizações comunitárias na área cultural. O Programa vem para priorizar exatamente os que têm menos.”
Ressaltou, também, que o Programa Mais Cultura prevê a capacitação de gestores e produtores culturais do Pará e de toda a Região Norte. “É preciso que gestores e produtores culturais desta região tenham os mesmos conhecimentos e as mesmas condições para disputar as verbas públicas que os gestores e produtores de outras regiões do Brasil”, afirmou.
Gil lembrou do Círio de Nazaré e do pedido de registro do Carimbó como patrimônio imaterial. “O que mais me impressiona no estado do Pará é que tudo aqui é exuberante, grandioso, tem dimensões verdadeiramente amazônicas. Um estado capaz de gerar uma festa de tamanha magnitude estética e cultural, como o Círio de Nazaré, que há três anos registramos como patrimônio cultural imaterial brasileiro. O Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan) recebeu o pedido para o Carimbó e constituirá um grupo de trabalho que vai se encarregar de produzir o dossiê, que será futuramente analisado pelo Conselho Consultivo do Iphan e, provavelmente, será registrado como outras manifestações culturais.”
A governadora Ana Júlia disse que o estado possui 11 Pontos de Cultura e que com o Programa Mais Cultura vai aumentar para 60 unidades. “Esse saldo significativo nós devemos à parceria do Ministério da Cultura com o Governo do Estado. No Pará, nós temos um plano estratégico para os Pontos de Cultura e essa iniciativa possibilitou que todos os produtores culturais pudessem se candidatar aos editais do MinC. Além disso, nós vamos incluir, nos Pontos, o Programa Bolsa Trabalho.”
“O Governo do Estado está indo em diversas regiões fazendo a formação dos produtores culturais, orientando para que os projetos sejam bem feitos e possam ser aprovados, tanto nas leis estaduais de incentivo quanto, também, no Ministério da Cultura”, afirmou a governadora do Pará.
Ao fazer a apresentação do Programa Mais Cultura, o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo, lembrou que a iniciativa foi idealizada a partir de uma pesquisa encomendada pelo Ministério da Cultura ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Dentre as ações do Programa, estão previstas a criação e modernização de centenas de bibliotecas, de forma que nenhum município brasileiro fique sem esse equipamento; serão implementados 20 mil Pontos de Cultura, que funcionarão como centros de produção e difusão cultural das comunidades brasileiras; dentre outras dezenas de ações”, explicou.
Zulu Araújo fez a entrega de nove Certidões de Reconhecimento a representantes de comunidades de remanescentes de quilombos do estado do Pará. “Temos 37 comunidades reconhecidas e tituladas na região. É um dever desse país para reparar os danos que causaram a essas comunidades ao longo dos últimos 500 anos. Nada melhor do que celebrar os 120 anos da Abolição da Escravatura com um ato concreto, real, de reconhecimento dessas comunidades como representantes vivas desse holocausto que abateu o país durante mais de 400 anos”, afirmou.
Por sua vez, o secretário de Cultura do Pará, Edílson Moura, disse que o estado, com o Programa Mais Cultura, vai estimular a Economia da Cultura. “Com o apoio do Ministério da Cultura muito mais faremos para valorizar a cultura como ferramenta de inclusão social.”
O coordenador da Comissão Estadual do Carimbó, Isaac Loureiro, ressaltou que o Ministério da Cultura proporciona com suas ações uma mudança no conceito de cultura no país. “O ministro Gilberto Gil tem ajudado a mudar a cultura desse país, e é responsável por um dos projetos mais relevantes que nós temos no nível mundial, em relação à valorização da diversidade cultural e das tradições do povo do Brasil e do povo da Amazônia”, afirmou. Ele pediu a instauração do processo para o registro do Carimbó como bem cultural de natureza imaterial, que constitui patrimônio brasileiro, na categoria Formas de Expressão.
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Antes da assinatura do Acordo de Cooperação, o ministro Gil e a governadora Ana Júlia visitaram o Mercado de Ferro, no Ver-o-Peso, e acompanharam um Cortejo Cultural – que reuniu diversos grupos representativos da diversidade cultural do estado – , subindo a Ladeira do Castelo.
O Ver-o-Peso é um dos pontos turísticos mais importantes da cidade de Belém. O mercado faz parte de um complexo arquitetônico e paisagístico que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, dentre elas o Mercado de Ferro, o Mercado da Carne, a Praça do Relógio, a Doca, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo e o Solar da Beira.
Todo o conjunto do Ver-o-Peso foi tombado pelo Iphan, em 1977. Sua história remonta a 1625, quando foi construído, e o nome faz jus às chamadas Casas do Ver-o-Peso, projetadas no Brasil, em 1614, para conferir o peso exato das mercadorias e cobrar os respectivos impostos. Em 1839, deixou de ser casa de conferência de peso e, anos depois, sofreu várias modificações, dentre elas a construção do Mercado de Ferro, em torno do qual se desenvolveu a maior feira livre da cidade. A empresa La Rocque Pinto & Cia venceu, em 1897, a concorrência pública para a construção do Mercado de Ferro, obra que mede 1.197 metros quadrados, na forma de um dodecágono e cujo peso é estimado em 1.133.389 toneladas, com estrutura metálica de zinco veille-montaine.
(Fotos: Eliseu Dias / AgPa)