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Casa cheia e animação marcaram show de Margareth Menezes e seus convidados
“O meu corpo é a linguagem. A leitura é toda sua”. Esta foi a tônica do show de ontem, dia 21, da segunda etapa do Movimento AfroPop Brasileiro. Com o Cais Dourado lotado e a platéia entusiasmada, Margareth Menezes subiu ao palco com Roberto Mendes, Gilberto Gil, Filhos de Gandhi e Gerônimo. A manifestação cultural `As Lavadeiras` abriu o show.
Não faltou energia no palco, nem na platéia, que participou de cada momento do show.
No camarote Espaço Palmares circularam artistas e personalidades.
O Movimento AfroPop Brasileiro é patrocinado pela Fundação Cultural Palmares sob a coordenação do Departamento de Fomento e Promoção da Cultura Afrobrasileira, comandado por Elísio Lopes.
O que é o AfroPop?
Leia o depoimento de artistas e personalidades sobre o assunto.
Bia Lessa – É a valorização do poder da música afro e da generosidade que está nessa música de abraçar o pop e várias tendências, misturando o tradicional e o moderno.
Roberto Mendes – O afropop é a síntese do processo evolutivo dentro da capital baiana. Acho que o movimento está no caminho certo, pois é muito mais do que artístico é envolvimento cultural, é Brasil real na medida certa. Ao contrário do axé music, que é de degeneração da cultura brasileira.
Gilberto Gil – A Bahia é isso. É um investimento permanente das tradições amplas do povo. É um reinvento contínuo, o tempo todo.
Jorge Washington – A Margareth Menezes com sua sapiência e pura sensibilidade está resgatando os blocos afro, que são as raízes do carnaval. Ela aproveitou a inserção que tem na mídia para fazer este resgate. Acho importante que a Fundação Cultural Palmares também tenha se sensibilizado e abraçado o movimento. A Margareth, os blocos afros e o apoio institucional formam um casamento perfeito. Hoje, o carnaval da Bahia é ruim para o povo negro, porque seus grandes patrocinadores estão acabando com os blocos afros, suas opções musicais são outras. Daqui a pouco tudo estará tão plástico que a coisa vai se esgotar em si.
Luciana Mota – O afropop fortalece a cultura negra e está se readaptando na onda das novas tecnologias. É casamento do tradicional com o moderno. O carnaval é da comunidade, mas a comunidade só vem participando do carnaval por meio de trabalho. Eles saem nas quintas e sextas-feiras como blocos de samba e nos outros dias ficam espremidos entre os camarotes e as cordas. Sem dinheiro não tem carnaval. A comunidade perdeu o carnaval. Hoje, o carnaval da cidade não nos pertence. O carnaval não é mais de rua, para brincar, agora ele é excludente. A nossa festa hoje é o São João, onde as pessoas viajam para o interior para brincar, porque há espaço pra gente brincar.
Assessoria de Comunicação da FCP