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Caminhos de luzes, cores, imagens e sons
João Gonzaga, coordenador artístico do PIM, interpretando o Hino Nacional
or Suzana Varjão e Sal Freire
SONS, ritmos e cores do Brasil deram a tônica do espetáculo de abertura da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado no dia 25 de julho último, em Brasília. Um panorama da diversidade cultural brasileira foi levado pela Fundação Cultural Palmares, organizadora do espetáculo, aos palcos do Teatro Nacional. O evento reuniu mais de mil pessoas e cerca de 140 delegações internacionais.
Mesclando, equilibradamente, música, teatro, dança, cordel e falas contundentes sobre o patrimônio natural e cultural da humanidade, o espetáculo emocionou o público, que cantou, dançou e bateu palmas, participando ativamente do samba-de-roda de Dona Nicinha (que o recepcionou); dos bem-humorados sketches do mestre-de-cerimônias (um show à parte) e da performance de Milton Nascimento (que encerrou a mostra).
– Isso aqui, ô ô… é um pouquinho de Brasil, ai ai…
Puxados pela trilha sonora criada especialmente para a ocasião pelo maestro Jarbas Bittencourt, e entoados em uníssono pela platéia, os versos de Isto aqui, o que é?, de Ari Barroso, resumem bem o espírito de Caminhos Abertos do Brasil, título da mostra de parte significativa do patrimônio imaterial do País, com roteiro e direção artística de Elísio Lopes Júnior.
GRUPO PIM – Além do samba-de-roda, passaram pelo palco maracatu, xaxado, culto aos orixás, carnaval carioca, literatura de cordel, lendas amazônicas, caboclo brasileiro e cangaço, encantando o público pela estética, pelo ritmo e, especialmente, pela força simbólica de suas representações. Como esperado, o Grupo PIM (Projeto de Iniciação Musical) arrancou aplausos calorosos da platéia.
Um dos pontos altos do roteiro, o hino nacional foi executado de modo inédito pelo grupo: inicialmente cantado à capela, foi sendo, crescente e gradativamente, encorpado pelos sons de berimbaus, chocalhos, paus-de-chuva, triângulos, pandeiros, alfaias e outros instrumentos peculiares. “Lindo, emocionante, riquíssimo”, foram alguns dos adjetivos ouvidos durante e depois da apresentação do espetáculo, em vários idiomas e sotaques.
“Estou vendo a África no Brasil! (expectadora anônima, em língua inglesa)
A elasticidade e o vigor do Balé Folclórico da Bahia, a técnica do Circo Picolino e a versatilidade do ator Osvaldo Mil, como um inusitado mestre-de-cerimônias, foram outros destaques da noite. Com eles, as manifestações artísticas que fundaram culturalmente nosso País ganharam vida, beleza e calor, valorizados por uma iluminação exuberante e precisa.
MILTON – Após as falas das autoridades, criativamente inseridas no cenário, os tambores de Minas soaram forte, sob o comando de Milton Nascimento. Ilustradas pelo grupo teatral mineiro Ponto de Partida, as canções de Milton ganharam ainda mais dramaticidade. Ao final, entre comovida e excitada, a platéia ficou de pé, dançando e acompanhando os versos de “Maria, Maria”. Ponto alto da noite.
Participaram da cerimônia de abertura da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, dentre outras autoridades, a secretária-geral da Unesco, Irina Bokova; os ministros da Cultura e do Meio Ambiente, respectivamente, Juca Ferreira e Isabella Teixeira; o representante do Brasil na Unesco, embaixador Souza Lima; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo; o presidente do IPHAN, Luís Fernando de Almeida; e o presidente da Funarte, Sérgio Mamberti – além, claro, de representantes de todos os continentes, enchendo o Teatro Nacional com as cores, vestes e jeito de ser de africanos, europeus, asiáticos, árabes, latinos, caribenhos, americanos…
Uma festa memorável!