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Cais do Valongo ganha título de Patrimônio Mundial da Unesco
O Cais do Valongo é o 21º sítio brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial (Foto: Prefeitura do Rio de Janeiro)
Foi com imensa alegria que recebemos a notícia sobre a decisão do Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) de inscrever o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, na Lista do Patrimônio Mundial.
Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Sítio Arqueológico Cais do Valongo, na Gamboa, Zona Portuária do Rio, ganhou neste domingo (09) o título de Patrimônio Mundial da Unesco. A região representa o sofrimento dos escravos que foram tirados à força de suas terras de origem para uma vida de trabalhos forçados e degradação. Mais de quatro milhões de africanos foram escravizados no Brasil, e, agora, eles terão sua dor e história representadas.
Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, acompanhou as discussões promovidas pelo Comitê e ressaltou a importância do título.
– Em momentos de elevada intolerância, o reconhecimento de sítios sensíveis coloca em evidência a necessidade de compartilharmos nossa experiência em prol de uma visão mais humanista da sociedade global, a partir da observação do que o Cais do Valongo significou e da sua reapropriação social nos dias atuais, em especial, pelos descendentes afro-brasileiros, que numa atitude de superação reafirmam sua negritude e sua história para o Brasil, as Américas e todo o Mundo – disse Kátia, em discurso durante a cerimônia de premiação em Cracóvia, na Polônia.
A Unesco, ao reconhecer o valor universal excepcional do Cais do Valongo, considerou que os vestígios arqueológicos ali encontrados constituem a evidência material mais relevante associada à chegada de africanos escravizados ao continente americano. O Cais do Valongo é um local de memória, que remete a um dos mais graves crimes perpetrados contra a humanidade, a escravidão. Por ser o porto de desembarque dos africanos em solo americano, o Cais do Valongo representa simbolicamente a escravidão e evoca memórias dolorosas com as quais muitos brasileiros afrodescendentes podem se relacionar. Ao preservar essas memórias, o entorno do Cais do Valongo tornou-se um lugar que congrega diversas manifestações culturais da comunidade local, que ali celebra e promove o patrimônio e o legado africanos.
Em sua decisão de inscrever o Cais do Valongo na Lista do Patrimônio Mundial, a Unesco recomenda que o Brasil adote ações especificas para a gestão dos vestígios arqueológicos, para a execução de projetos paisagísticos e para que os visitantes possam ter uma visão holística sobre o Cais do Valongo e o que ele representa. Tais medidas, que contribuirão para a preservação deste importante patrimônio cultural brasileiro, deverão ser implementadas pelos governos federal, estadual e municipal, em coordenação com a sociedade civil e as comunidades envolvidas.
O Cais do Valongo é o 21º sítio brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial. A candidatura, cujo sucesso foi reconhecido pela Unesco e pela comunidade internacional, é fruto da coordenação dos esforços envidados pela sociedade civil, pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo Ministério da Cultura, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pela Prefeitura do Rio de Janeiro.