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Cabo Frio celebra bicentenário de Teixeira e Sousa
Selo comemorativo ao Bicentenário de Teixeira e Sousa.
Por Jacqueline Freitas
Com o apoio e a parceria da Fundação Cultural Palmares, a Prefeitura Municipal de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, instituiu 2012 como o Ano Comemorativo ao Bicentenário de Nascimento de Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa. A homenagem aconteceu por meio do Decreto Municipal 4615/2012, no qual também foi determinado o lançamento do selo comemorativo alusivo ao escritor.
A solenidade aconteceu na última sexta-feira (2), no auditório da Prefeitura de Cabo Frio, com a presença de autoridades locais, quilombolas da Região dos Lagos, os atores Antonio Pitanga e Jorge Coutinho e representantes da sociedade civil, entre outros. O governador do Rio, Sergio Cabral, foi representado pelo presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Negro (Cedine), Paulo Roberto dos Santos. A cerimônia iniciou com a exibição de um vídeo sobre a vida de Teixeira e Sousa e o legado por ele deixado à literatura no Brasil.
Em nome do presidente da FCP, Eloi Ferreira de Araujo, o representante regional do Rio de Janeiro, Rodrigo Nascimento reafirmou o acordo feito com a Secretaria de Cultura de Cabo Frio para a realização da Semana Teixeira e Sousa – que este ano chega à vigésima segunda edição – e colocou à Fundação Palmares à disposição para novas parcerias. Para a 22ª Semana Teixeira e Sousa, que acontecerá de 21 a 28 de março, estão programadas atividades culturais em diferentes pontos de Cabo Frio, com a participação da Palmares na realização de palestras e do Seminário de Afrodescendência e Literatura no Brasil. O acordo selado entre a FCP/MinC e a Prefeitura prevê ainda a reedição dos livros do escritor.
Valorização – O ator e diretor Antonio Pitanga acredita na valorização dos representantes culturais que foram esquecidos dos currículos e livros escolares. “Estamos reescrevendo a fiel história deste País, caminhando na contra-mão da informação do colonizador. O Brasil está de pé graças à cultura negra, que sempre foi o porto seguro do nosso povo”, afirmou.
Já a presidente do Conselho das Entidades Negras do Interior do Estado do Rio de Janeiro (Cenierj), Ivonete Mendonça, enfatizou a importância das políticas públicas para a evolução do trabalho do movimento negro no Brasil, lembrando que a maior militância do País está em Cabo Frio.
A secretária municipal de Educação, Laura Barreto, ressaltou que a pesquisa e a documentação sobre a cultura afro-brasileira, feitas nas escolas de Cabo Frio, serão ainda mais intensificadas em 2012, com destaque nas Salas de Leitura.
Teixeira e Sousa – Nascido em Cabo Frio em 1812, Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde morreu aos 49 anos de idade. Filho de um português com uma mestiça, exerceu as profissões de carpinteiro e depois, escrivão. Teixeira e Sousa é o autor do primeiro romance brasileiro, “O filho do pescador”, de 1843. Também escreveu poesias, mas se tornou popular com os folhetins, por meio dos quais estabeleceu forte identificação com o público. Foi com ele que o romantismo passou para a narração, forma pela qual Teixeira e Sousa retratava a vida e o pensamento da sociedade brasileira da época.
Outras obras do escritor: “Jerônimo Corte Real, Crônica do Século XVI”, “O Aniversário de Dom Miguel em 1825” e “Religião, Amor e Pátria” (1839); “Cornelia” (1840); “Cânticos Líricos” (1841-1842); “Três Dias de um Noivado” (1844); “Tardes de um Pintor ou As Intrigas de um Jesuíta” (1844); “Gonzaga ou A Conjuração de Tiradentes” (1848-1851); “A Providência” (1854); “As Fatalidades de Dois Jovens – Recordações dos Tempos Coloniais” (1856); “Maria ou a Menina Roubada” (1859).