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Artistas soltaram voz contra Apartheid
Texto: Vinícius de Lima
Arte: Walisson Braga
Fotos: Divulgação
Na luta pelo fim do regime do Apartheid na África do Sul, as estratégias utilizadas foram muito distintas. Alguns grupos organizados optaram pela resistência violenta, outros pela pacífica, e outros ainda, pelo uso da arte e da cultura como armas. Especialmente nas décadas de 70 e 80, filmes, músicas, livros e peças de teatro foram lançados tanto na África do Sul quanto internacionalmente pregando o fim das perseguições e políticas discriminatórias.
A homenagem musical mais conhecida, sem sombra de dúvidas é a canção Mandela Day, da banda escocesa Simple Minds, de 1988. Ela foi tocada ao vivo pela primeira vez em um show em Londres, transmitido para mais de 600 milhões de espectadores em 67 países. Outros artistas dedicaram músicas ao combate ao Apartheid, caso de Biko, de Peter Gabriel; Free Nelson Mandela, da banda britânica The Specials; e Sun City, de Bruce Springsteen.
Em 1985, o guitarrista Steven Van Zandt, da banda de Bruce Springsteen, produziu o disco Sun City. O álbum reuniu vários artistas de prestígio cantando músicas contra o Apartheid. Entre eles estavam ex-beatle Ringo Starr, Peter Gabriel, Miles Davis, Herbie Hancock, Bono Vox e Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones.
Exilada de seu país, a cantora sul-africana Miriam Makeba usou sua visibilidade internacional para propagar a luta contra o regime. Até mesmo os músicos do Olodum prestaram sua contribuição à luta, com o lançamento da canção Protesto do Olodum, no final dos anos 80. Outro brasileiro a registrar seu protesto contra o regime racista foi Gilberto Gil, que em 1985 gravou Oração pela Paz na África do Sul.
Nos cinemas, filmes e documentários denunciaram a injustiça e a violência do regime do Apartheid. O documentário Shall Never Lose Hope foi lançado em 1984, com entrevistas de familiares de Nelson Mandela (na época ainda preso) e denúncias a perseguição contra os que lutavam pelo fim da segregação. Em 1987, foi lançado Um grito de liberdade, que retratou a amizade de um jornalista liberal com o ativista Steve Biko. Em 1989, o filme Assassinato sob custódia contou a história de um professor que, com o tempo, se envolveu na luta anti Apartheid.
Nos palcos, o ator, diretor, e roteirista sul-africano John Kani também denunciou a situação de opressão vivida pelo seu povo. A peça Sizwe Banzi is Dead lhe rendeu um Tony Award (importante prêmio do Teatro) pela produção. Apesar do êxito, Kani passou por um episódio de violência. A caminho da casa do pai, foi quase morto por espancamento por policiais.